2024
2022
2016
v. 9, n. 3 (2016)
O nono volume – número 3 da RBECT, último volume de 2016, traz 17 artigos que trata das questões de ensino de ciência e tecnologia focando assuntos relevantes nos variados níveis e áreas de ensino.
No primeiro artigo deste volume, Física Moderna e Contemporânea no primeiro ano do Ensino Médio: Laser de Rubi um exemplo de Unidade de Ensino Potencialmente Significativa, os autores Daniela Schittler e Marco Antonio Moreira trazem uma experiência de ensino de tópicos de Física Moderna e Contemporânea (FMC) no 1º ano do Ensino Médio com o tema Laser de Rubi, fundamentada principalmente na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, utilizando alguns vieses da Teoria de Novak, a Teoria da Educação de Gowin, Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e os Modelos Mentais de Johnson-Laird e que utilizaram como como metodologia didática a Unidade de Ensino Potencialmente Significativa – UEPS, tendo o tema específico Laser de Rubi. O estudo foi realizado em duas turmas do Curso Técnico em Informática Integrado em 2012, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Campus Júlio de Castilhos-RS.
No artigo Um simulador virtual para o ensino do Movimento Harmônico Simples desenvolvido utilizando o GeoGebra os autores Antonio Augusto Soares e Rodrigo do Carmo apresentam uma proposta com potencial para a melhoria na qualidade do processo ensino-aprendizagem do tema a que se relaciona, podendo levar a um aprendizado com mais significação aos estudantes.
No terceiro artigo, Planejamento fatorial sob uma perspectiva investigativa com base na teoria de falseamento de Karl R. Popper, os autores Evelyn Jeniffer de Lima Toledo e Luiz Henrique Ferreira utilizam ferramentas estatísticas como o planejamento fatorial concomitante com a teoria de falseamento de Popper para verificar a adequalbilidade ou indadequabilidade dos instrumentos de coleta de dados de um experimento da literatura nacional resultando em evidências da sua inadequabilidade.
O autor Francisco Regis Vieira Alves, no quarto artigo, Categorias intuitivas para o ensino do Cálculo: descrição e implicações para o seu ensino, parte da pergunta - o que é mesmo um raciocínio intuitivo? Para responder esta e outras perguntas adota-se a perspectiva de Fischbein (1987), para descrição das categorias para a intuição. No trabalho, o autor dá ênfase em sua significação no contexto de resolução de problemas do Cálculo Diferencial e Integral.
No quinto artigo, Discussão de tópicos de Matemática Básica nos espaços sociais da Web 2.0: desafios e possibilidades a partir da análise de uma intervenção pedagógica, Simone Leal Schwertl e André Ary Leonel trazem uma análise de uma intervenção pedagógica centrada no apoio de espaços sociais da Web 2.0 para discussões de tópicos de Matemática Básica, cujos principais resultados mostram que, em relação às mediações pedagógicas e à colaboração entre os estudantes e o professor, existem desafios que decorrem de transformações na relação professor-aluno historicamente marcada pela questão hierárquica.
Os autores José Eustáquio Pinto e João Bosco Laudares, no sexto artigo, Objeto de Aprendizagem de Números Complexos com aplicações na área técnica em eletroeletrônica, apresentam os resultados da aplicação do Objeto de Aprendizagem (OA), denominado “Descomplicando os complexos”, criado para apoiar o professor de matemática e os estudantes do ensino médio e técnico, os quais evidenciam que houve uma maior dinamicidade e interação dos estudantes proporcionadas pelo OA que otimizou o processo de aprendizagem.
Em Explorando conceitos de Reações Químicas por meio do Método Jigsaw de Aprendizagem Cooperativa, sétimo artigo, as autoras Fabiele Cristiane Dias Broietti e Miriam Cristina Covre de Souza descrevem uma proposta de atividade baseada na aprendizagem cooperativa usando o método Jigsaw, a qual foi desenvolvida com bolsistas do projeto PIBID/Química de uma universidade pública do Paraná, em que abordou conceitos de Reações Químicas e discutiu as possibilidades de implementação desse método em turmas do Ensino Médio.
O oitavo artigo, Planejamento para a Avaliação e Avaliação para o Replanejamento: Estudo de Caso com uma Sequência Didática sobre Saúde e Alimentação dos autores Douglas William Cirino, Erik Flávio Vinturi, Vitor Andrade Nascimento, João Paulo de Oliveira Xavier, Monique Maia de Oliveira, Esaú Sirius, Patrícia Vieira Antoniassi e Natalia Pirani Ghilardi Lopes, discutem sobre a utilização de diferentes formas de avaliação planejadas para uma sequência didática com o tema “Saúde e Alimentação”.
O estudo apresentado em Fundamentos da ciência das redes presentes nas redes sociais virtuais como instrumento de ensino de biologia, nono artigo, analisou padrões da Ciência de Redes como o potencial de nós atratores na disseminação de informação e nós de laços fracos em um grupo de discussão virtual formado por alunos de uma escola pública, cujo tema versava sobre a manipulação do DNA. Os autores Deysielle Inês Draeger, Wilson Massashiro Yonezawa e Rene Pegoraro, por meio da construção de um indicador de participação individual (Indpi), buscaram identificar possíveis hubs no grupo de alunos com potencial de influenciar e direcionar informações. Esse aspecto, advindo das nos grupos de discussão virtual, oferece uma nova dinâmica de ensino e construção coletiva do conhecimento entre alunos e professor.
Natasha Avila Bertocchi, Tiago Marafiga Degrandi, Thays Duarte de Oliveira, Jaqueline Miranda Pinto, Ricardo José Gunski e Analía del Valle Garnero, no décimo artigo, intitulado “Jogo da Velha Mendeliano”: uma atividade lúdica para o ensino de Genética, propõem um modelo didático para o ensino de genética. O modelo apresentado contribui para ilustrar a diferenciação das proporções fenotípicas e genotípicas da primeira e segunda lei de mendel.
Unidade de ensino potencialmente significativa para a abordagem do sistema respiratório humano: estudo de caso, décimo primeiro artigo, configura-se como um estudo em que os autores Cleci Teresinha Werner da Rosa, Juliano Cavalcanti e Carlos Ariel Samudio Perez concebem, desenvolvem e avaliam uma proposta didático-metodológica apoiada na teoria cognitivista de Ausubel. Para isso, foi elaborada uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativo (UEPS) para o tema “sistema respiratório” nos anos finais do ensino fundamental.
No décimo segundo artigo, A visão sobre a ciência e cientistas: explorando concepções em um clube de ciências, Patrícia do Socorro de Campos da Silva, Sonia Barbosa dos Santos e Giselle Rôças exploram a compreensão dos alunos sobre a ciência, cientista e o trabalho científico. Por meio de ações desenvolvidas com esses alunos, observam a redução do estereótipo acerca do trabalho científico e do cientista e uma visão mais ampla sobre a ciência. Assim, as autoras concluem que “a aproximação com a ciência é um dos instrumentos para o enfrentamento de paradigmas, auxiliando na compreensão do papel social, político e ético da Ciência na sociedade”.
Representações familiares nos anos iniciais do ensino fundamental: desenhos, genealogias e heredogramas, décimo terceiro artigo, é um artigo em que as autoras Rosemar de Fátima Vestena e Elgion Lúcio da Silva Loreto analisam as representações da própria família do estudante trabalhadas nas escolas, nos anos iniciais do ensino fundamental, e sua relação com a apropriação dos conceitos científicos que o tema envolve.
Tendo por foco três anos do evento Seminário Nacional de Inclusão Digital (SENID) sobre as publicações referentes à utilização das tecnologias e a qualificação nos processos ensino e aprendizagem, como suporte à formação docente, políticas públicas e currículo flexibilizado, o décimo quarto artigo, Tecnologia e Educação: Estado da Arte no paisagismo do SENID, de autoria de Everton Bedin, Aline Locatelli e Roberto Junior Bedin, apresenta quatro categorias de observação do tema: Educação a distância, Educação especial, Formação de professores, Recursos tecnológicos.
José Aravena Reyes , em Filosofia e Ensino de Engenharia: a Relação Techné, Lógos e Métis, décimo quinto artigo, apresenta um estudo epistemológico relevante para o ensino de Engenharia. Sua discussão trata da formação atual dos engenheiros mais voltada para a formação científica que para o desenvolvimento do pensamento inventivo.
O penúltimo artigo, Análise praxeológica de livro didático de computação referente ao estudo de números binários, de Herman do Lago Mendes, apresenta-se um estudo pautado no conceito de praxeologia para analisar as organizações praxeológica computação e praxeológica didática de um livro de ciência da computação de ensino fundamental. O foco do estudo foram números binários.
E, por fim, Marta Silva Lima Mondini, Nestor Cortez Saavedra Filho e Luiz Ernesto Merkle, no décimo sétimo artigo, Educação e Tecnologia: reflexões para uma compreensão crítica numa perspectiva dos estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade, discutem a implantação de políticas públicas educacionais para o uso das tecnologias nas escolas municipais de Curitiba. Com isso, almejam refletir sobre as relações entre educação, tecnologia e sociedade (CTS). Os resultados a que chegaram apontam para “um entendimento determinista sobre tecnologia e educação nas políticas implantadas na Rede Municipal de Ensino (RME) de Curitiba, que se reflete em decisões políticas verticalizadas e numa formação de professores e professoras centrada no conhecimento instrumental”.
Que a leitura seja semente para novas ações tanto na pesquisa quanto na prática docente.
Siumara Aparecida de Lima
Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira
v. 9, n. 2 (2016)
É com entusiasmo que apresento o nono volume - número 2, da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia. Este volume traz dezoito artigos que apresentam resultados de pesquisas empíricas e teóricas acerca de temáticas relacionadas ao ensino de ciência e tecnologia. A relevância da ciência e tecnologia na sociedade contemporânea assume novos significados e desafios que necessitam da produção e da difusão de conhecimentos que possibilitem à educação viabilizar saídas para enfrentar essas novas provocações. Assim, saliento a importância deste periódico na divulgação e acesso às produções que discutem temas relevantes sobre o ensino de ciência e tecnologia.
O primeiro trabalho Pensamento Computacional – Um conjunto de atitudes e habilidades que todos, não só cientistas da computação, ficaram ansiosos para aprender e usar é a tradução do trabalho intitulado “Computational Thinking”, da autora americana Jeannete Wing, professora de Ciência da Computação e chefe do Departamento de Ciência da Computação na Universidade de Carnegie Mellon, Pittsburgh, PA. O trabalho original foi publicado no número 3 da edição 49 do periódico “Communications of the ACM”, em março de 2006. O trabalho foi traduzido para o português por Cleverson Sebastião dos Anjos, professor da área de informática do Instituto Federal do Paraná.
No segundo artigo os autores Ronaldo Celso Viscovini, Ana Claudia Sabino, Marinez Meneghello Passos e Sergio de Mello Arruda nos apresentam o trabalho intitulado Programa focus: praticidade na análise dos dados. O Focus tem por objetivo auxiliar e agilizar a organização de dados coletados na forma de texto, permitindo importar texto e exportar dados de/para diversos softwares.
O terceiro artigo A Modelagem Computacional no Ensino de Física: Um Estudo Exploratório sobre o Oscilador Harmônico Simples, de Carlos Henrique Santos Verbeno, Rodrigo Marques Almeida da Silva, Rômulo Maziero, Thiéberson da Silva Gomes e Laércio Ferracioli investigou a integração de um módulo educacional com base em atividades de modelagem computacional no estudo de um tópico específico de Ciências: o Oscilador Harmônico Simples (OHS).
Everaldo Gomes Leandro, Antônio José de Lima Batista, Stefânia Efigênia Izá e Amanda Castro Oliveira são os autores do quarto artigo intitulado O processo de Criação de um software para o ensino e a aprendizagem de cálculos aritméticos no ensino fundamental. Os autores analisam o processo de criação de um Objeto de Aprendizagem (OA) para o ensino de cálculos aritméticos (mentais, com calculadora, com algoritmos: exatos e aproximados) no Ensino Fundamental.
O quinto artigo Profissão docente: aspirações de estudantes do ensino médio sobre ser professor de matemática de Leoni Malinoski Fillos, Priscila Dombrovski Zen e Joyce Jaquelinne Caetano discute a atratividade da carreira docente pela ótica de alunos do 3º ano do ensino médio, especialmente sobre ser professor de Matemática.
A Interdisciplinaridade e contextualização nos projetos políticos pedagógicos em cursos de formação inicial de professores de química, de Francisco Marcôncio Targino de Moura e Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro é o tema do sexto artigo que investigou como as perspectivas da contextualização e interdisciplinaridade foram incorporadas ao Projeto Político Pedagógico dos Cursos de Licenciatura em Química de algumas universidades.
O sétimo artigo Abordagem de ligação metálica numa perspectiva de Ensino por situação-problema de Imerson da Mota Ferreira, Lucas dos Santos Fernandes e Angela Fernandes Campos avaliou a eficácia de uma estratégia didática pautada no ensino por situações-problema (SP) na abordagem de ligação metálica.
Evelyn Jeniffer de Lima Toledo e Luiz Henrique Ferreira buscam nos demonstrar como é possível, através de princípios gerais, elaborar e testar modelos experimentais evitando erros básicos, que é apresentado no oitavo artigo intitulado A atividade investigativa na elaboração e análise de experimentos didáticos.
O nono artigo O conceito de interações ecológicas em livros didáticos de biologia de Caio Castro Freire, Rafael Gil de Castro e Marcelo Tadeu Motokane analisa como é abordado o conceito de interações ecológicas em livros didáticos de biologia do ensino médio, tendo em vista a importância deste material instrucional no contexto escolar, assim como a relevância deste conceito no currículo de biologia, especialmente para a compreensão de fenômenos ecológicos.
No décimo artigo Interlocução entre neurociência e aprendizagem significativa: uma proposta teórica para o ensino de genética, os autores Fabio Seidel dos Santos, Antonio Carlos de Francisco, Ângela Inês Klein e Daniela Frigo Ferraz apresentam uma revisão bibliográfica que verificou a possibilidade de associar os conhecimentos neurocientíficos com a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel como proposta teórica para facilitar o ensino e aprendizagem de Genética.
Caroline Medeiros Martins de Almeida, Roberta Dall Agnese da Costa e Paulo Tadeu Campos Lopes no décimo primeiro artigo Sequências didáticas eletrônicas para auxiliar na aprendizagem significativa em conteúdos de Patologia Humana expõem os resultados de uma pesquisa que objetivou criar, aplicar e avaliar as possíveis contribuições de sequências didáticas eletrônicas, utilizando mapas conceituais, para auxiliar a facilitar a aprendizagem significativa nas temáticas Câncer e Fibromialgia.
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência como proposta para a reflexão das Ciências Biológicas na Educação Básica, Graduação e Pós-Graduação de Cassia Monica Sakuragui, Alexandre Pedro Selvatti Ferreira Nunes e Dilton Ribeiro do Couto Junior é o décimo segundo artigo deste número. O trabalho discute os conteúdos abordados no primeiro ano do Ensino Médio e temas transversais, no contexto da estrutura curricular do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) se constitui numa proposta relevante para suscitar conjecturas sobre esta estrutura. Além disso, traz reflexões sobre as contribuições da Pós-Graduação neste processo, por meio da atuação dos alunos que desenvolvem estágio de docência nos componentes curriculares do curso.
Boniek Venceslau da Cruz Silva nos apresentam no décimo terceiro artigo Aspectos da natureza da ciência na sala de aula: o caso da natureza da luz nos séculos XVII e XVIII, um recorte da História da Óptica com o intuito de discutir as suas contribuições para o entendimento do processo de construção e derrocada de teorias científicas.
O décimo quarto artigo O Ensino de Ciências na Perspectiva da Metodologia de Aprendizagem por Projetos em Curso de Licenciatura de Luiz Everson da Silva e Lenir Maristela da Silva nos expõem argumentos a favor da metodologia de ensino por projetos para a formação emancipatória dos sujeitos de aprendizagem.
Camila Riegel Debom e Marco Antonio Moreira investigaram como o conhecimento sobre Astronomia se estabelece dentro da sociedade, supondo que diferentes grupos sociais apresentariam diferentes representações de conhecimentos relacionados com o tema, cujos resultados nos são apresentados no décimo quinto artigo intitulado Mapas mentais em temáticas da astronomia: percepções e implicações para o ensino.
Mara Fernanda Parisoto, Marco Antonio Moreira e Alex Sandre Kilian no décimo sexto artigo Efeito da aprendizagem baseada no Método de Projetos e na Unidade de Ensino Potencialmente Significativa na retenção do conhecimento: uma análise quantitativa nos trazem os resultados da aplicação de um material potencialmente significativo, integrando Método de Projetos e Unidades de Ensino Potencialmente Significativas para buscar minimizar dificuldades dos alunos das disciplinas de Física Básica dos cursos de Engenharia de relacionar conteúdos de Física com sua futura área de atuação.
O décimo sétimo artigo Colaboração na formação inicial para a construção de conhecimento didático: um estudo no Ensino Superior de Maria João Macário e Cristina Manuela Sá nos apresentam um estudo desenvolvido que objetivou identificar as representações de estudantes de um mestrado profissionalizante sobre trabalho colaborativo, compreender o impacto dessas representações na assunção de práticas colaborativas em fórum de discussão online, compreender como é que as práticas de trabalho colaborativo em fóruns de discussão online contribui para a construção de conhecimento didático em ensino da ortografia e compreender a contribuição deste conhecimento na concepção de estratégias didáticas focadas em ortografia.
O décimo oitavo artigo Percepção dos alunos do Programa de Formação de Professores para a Educação Profissional e Tecnológica sobre as estratégias e teorias de ensino-aprendizagem encerra essa edição. No trabalho os autores Tiffany Prokopp Hautrive e Vanessa Bordin Viera nos revelam a perspectiva dos alunos do Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional da Universidade Federal de Santa Maria-RS, sobre as teorias e estratégias de ensino-aprendizagem mais significativas no décimo oitavo artigo.
Maria Ivete Basniak
v. 9, n. 1 (2016)
EDITORIAL
Em seu volume 9, n. 1 a Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia apresenta dezenove artigos aprovados pelo comitê editorial. Eles versam sobre temáticas diversas na área de ensino, particularmente de interesse teórico-metodológico tratados em pesquisas sobre temas atuais e organizados por áreas do conhecimento, a saber: Física, Matemática, Engenharias, Ciências, Biologia e Educação Ambiental. O convite é para que a leitura leve a novos saberes na área educacional.
No primeiro artigo dessa edição Contribuições de um planejamento conjunto entre as modalidades presencial e a distância na constituição de uma disciplina de prática de ensino de física os autores João Ricardo Neves da Silva, Agenor Pina da Silva, Camila Cardoso Moreira e Joaquim Francisco Pereira, relatam as interfaces do planejamento coletivo de uma disciplina em dois cursos de licenciatura em Física nas modalidades presencial e a distância. A partir da análise dos planejamentos conjuntos de dois professores e dos trabalhos e atividades construídas pelos alunos dessas disciplinas, foi apresentado uma sistematização de características importantes referentes tanto aos aspectos da formação do professor de Física quanto às possibilidades do planejamento conjunto entre professores de uma mesma disciplina.
No artigo Um estudo exploratório para avaliar a dificuldade de problemas em ensino de Física utilizando a teoria da carga cognitiva com o auxílio de uma hipermídia, segundo artigo desta edição, os autores Ângelo Mozart Medeiros de Oliveira e Marco Antonio Moreira apresentam um estudo exploratório sobre a resolução de problemas com o auxílio de uma hipermídia. A pesquisa foi realizada junto a 35 alunos do 1º ano do ensino médio integrado do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – Câmpus Ibirubá.
Investigação da aprendizagem de conceitos de óptica utilizando ilusões para turmas de pré-vestibular. O terceiro artigo que tem como base teórica a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel. As autoras Mara Fernanda Parisoto e Thais Rafaela Hilger socializam uma investigação cujo objetivo foi elaborar e avaliar uma série de atividades experimentais, lúdicas e simulações computacionais para ensinar óptica, a partir das ilusões, em um curso pré-vestibular popular de Porto Alegre-RS. Para buscar indícios de aprendizagem significativa nos conceitos de Física, foi utilizado pré-teste e pós-teste e, a partir dos dados coletados, foi realizada análise estatística. Por ser o estudo das ilusões de óptica um conteúdo multidisciplinar, acredita-se que esta proposta possa ser utilizada em outras disciplinas.
O quarto artigo Medidas das eficiências térmicas em aquecedores solares: uma alternativa complementar para o ensino de conceitos de física para estudantes das engenharias, de autoria de Júlio César Penereiro, descreve a construção de dois coletores solares planos visando a um estudo comparativo da eficiência térmica entre eles em função das velocidades do vento. A partir deste estudo o autor propôs aliar o ensino de física ao conhecimento envolvido na construção e funcionamento de um sistema de aquecimento solar de água. Pretende ainda, em última instância, não só motivar e encorajar professores e grupos de estudantes dos diferentes cursos de Engenharias, mas que também pode ser adotada em escolas do Ensino Médio a usarem uma das formas de energia renovável – a energia solar.
O quinto artigo Área de figuras planas com objetos de aprendizagem no Geogebra de autoria de Agostinho Iaqhan Ryokiti Homa e Claudia Lisete Oliveira Groenwald tem como objeto de análise uma sequência didática organizada em formato digital, de acordo com o padrão SCORM, implementada na plataforma de ensino ILIAS, com a temática área de figuras planas, utilizando objetos de aprendizagem, construídos no software Geogebra. No texto os autores esclarecem que uma sequência didática, constituída com objetos de aprendizagem interativos, pode levar os estudantes do Ensino Fundamental a construírem os conceitos de polígonos e as fórmulas de áreas das figuras planas por meio da observação e manipulação desses objetos.
No sexto artigo Educadores matemáticos brasileiros e as configurações informais de aprendizagem os autores Marinez Meneghello Passos, Tatiany Mottin Dartora, Sergio de Mello Arruda e Thomas Barbosa Fejolo relatam os resultados de uma pesquisa sobre configurações informais de aprendizagem tendo como base um conjunto de 51 trabalhos publicados nos anais do Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM), nos anos de 2001, 2004, 2007 e 2010. Os autores esclarecem que a educação informal pode ocorrer em lugares como museus de ciências e tecnologia, zoológicos, jardins botânicos, no trabalho, em casa, entre outros. Dentre outros resultados foi encontrado que: o maior número de artigos se refere a utilização dos conhecimentos matemáticos no dia a dia; a matemática presente em diversas situações; os conhecimentos matemáticos produzidos por diversos povos; e se os alunos conseguem relacionar a matemática à sua vida cotidiana.
Daise Lago Pereira Souto assina o sétimo artigo Transformações e Moldagem Recíproca na Produção Matemática On-line com Software. A autora trata do papel de um software nas possíveis transformações e no processo de moldagem recíproca que podem ocorrer durante a produção de conhecimento. Para tanto, aborda a ocorrência de ambos durante a produção matemática de professores que utilizam o software dinâmico GeoGebra para estudar as cônicas em um ambiente on-line. Nas análises dos dados os autores defendem que as transformações na produção matemática dos sujeitos estão inextricavelmente relacionadas ao processo de moldagem recíproca e aos distintos papéis que o software desempenhou.
Matemática na Educação de Jovens e Adultos: análise da produção científica do período 2004-2015. Giane Correia Silva e Mary Ângela Teixeira Brandalise apresentam no oitavo artigo os resultados de uma pesquisa qualitativa, a qual teve um caráter de revisão sistemática de produções científicas sobre Matemática na Educação de Jovens e Adultos – EJA. No levantamento realizado em meio eletrônico, foram localizados 68 trabalhos, os quais foram organizados conforme a natureza, o ano de publicação, a instituição de origem, o título e a autoria. No texto é possível encontrar a organização de todos os resumos em único corpus textual e a análise de conteúdo no software IRAMUTEQ, possibilitou as análises lexicográficas e de similitude, evidenciando a concentração das pesquisas sobre o ensino-aprendizagem de matemática na EJA.
No artigo nono Ensino de estatística e tecnologias da informação e comunicação: entre a docência e o desenvolvimento de recursos tecnológicos Cristiane de Fatima Budek Dias e Guataçara dos Santos Junior analisam um encontro com professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental em que os mesmos foram convidados a participar do processo de desenvolvimento de um Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA para o ensino de Estatística. O texto aponta que o encontro com os professores revelou muitos obstáculos, tanto na compreensão da proposta como no entendimento a respeito de Probabilidade e Estatística.
Análise de Cenários como ferramenta de atividade educacional em Engenharia de Produção é o décimo artigo, socializado por Felipe Ferreira de Lara, Roberto Marx e Mauro Zilbovicius, trata das contribuições da análise de cenários como uma ferramenta de atividade educacional para o ensino de engenharia. Para tanto, analisaram o plano e a condução de uma disciplina do último semestre do curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Na experiência estudada, o tema proposto foi o da Mobilidade Urbana e as atividades de sala de aula foram conduzidas por meio da metodologia da análise de cenários que, por sua vez contemplando o plano da disciplina, a forma de condução das aulas e a contribuição para o desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos. O artigo apresenta, ainda, sugestões de melhorias para a disciplina.
O décimo primeiro artigo Concepções alternativas sobre microrganismos: alerta para a necessidade de melhoria no processo ensino-aprendizagem de biologia, de autoria de Noalixon Faustino de Oliveira, Thamara de Medeiros Azevedo e Luiz Sodré Neto, tem como foco de análise identificar a presença de concepções alternativas sobre Microbiologia, em estudantes 327 alunos do Ensino Médio, bem como também verificar a forma com que esses alunos interpretam as atividades desses seres relacionadas ao seu cotidiano. Os resultados revelam que os professores precisam utilizar alternativas de ensino que permitam um melhor desenvolvimento cognitivo, procurando identificar os conhecimentos prévios para poder mediar as relações entre o que se conhece e as novas informações.
O décimo segundo artigo O tema Sexualidade Humana no ensino médio: as Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade como metodologia em aulas de biologia escrito por Ana Maria Quinoto Imhof e Edson Schroeder identificam as contribuições da metodologia Ilhas de Racionalidade (IR) no processo de alfabetização científica a partir do estudo do tema Sexualidade Humana por estudantes do ensino médio, em uma escola pública de Brusque (SC). Para atingir os objetivos propostos os autores socializam a adaptação das aulas de biologia com vistas ao incentivo à autonomia, ao trabalho em equipe e à resolução de situações problema, tendo-se como expectativa a alfabetização científica dos alunos.
Em As concepções sobre Ser Vivo/Célula dos Estudantes do 3º semestre do Curso de Engenharia de Pesca do Campus XXIV- Xique-Xique-BA os autores Darcy Ribeiro de Castro, Jacqueline de Araújo Guerra, Keisyara Bonfim dos Santos, Nadijara Pereira dos Santos, Samara Rocha Mendes dos Santos e Taliany Santos de Amorim trazem no décimo terceiro artigo a formação de conceitos científicos no Ensino Superior do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XXIV- Xique-Xique-BA mediante conhecimentos adquiridos pelos alunos em disciplinas afins com as Ciências Biológicas. Teve como base as concepções espontâneas e científicas de oito estudantes sobre estrutura e função celular. Para os autores é indispensável identificar e conhecer os conceitos assimilados pelos alunos sobre estruturas biológicas celulares e do ser vivo, com vistas a contribuir com a análise das dificuldades de compreensão conceitual e dos possíveis avanços nos conhecimentos deles no referido curso.
Karla Emanuelle Carneiro Gonçalves Bonfadini, Danielle Cristina Duque Estrada Borim e Marcelo Borges Rocha no décimo quarto artigo intitulado Educomunicação em praticas de educação ambiental: o uso de documentários na educação básica analisa o potencial didático de documentários ambientais em atividades com estudantes do ensino fundamental de uma instituição particular situada no município do Rio de Janeiro-RJ. Após a análise dos dados coletados, observou-se que o uso de documentários ambientais, como um recurso pedagógico em oficinas de Educação Ambiental, contribuiu para motivar e sensibilizar os alunos. Para os autores a Educomunicação, no tocante ao uso de documentários, configura-se como uma ferramenta eficiente em atividades de EA na educação básica, cumprindo o papel de expandir horizontes, oportunizando os alunos a fomentar discussões e quebrar paradigmas.
No décimo quinto artigo Reflexões epistemológicas no ensino de ciências/química: as potencialidades da pedagogia científica de Bachelard os autores Sthefen Fernando Andrade Da Ronch, Ocsana Sonia Danyluk e Alana Neto Zoch trazem contribuições teóricas da pedagogia científica de Bachelard na formação inicial e continuada de professores de ciências no ensino fundamental. Para os autores o novo espírito científico torna-se então um contributo para uma reorientação epistemológica na busca por um Ensino de Ciências com significado, sentido de cultura científica para os alunos a partir da problematização dos objetos de estudos escolares.
O artigo O nó da avaliação em ciências: formando, deformando ou conformando?, décimo sexto desta edição, as autoras Lucilene Aparecida e Lima do Nascimento e Giselle Rôças apresentam uma pesquisa desenvolvida junto a normalistas, no ensino médio, estudantes de uma escola na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro-RJ. A partir do questionamento sobre as práticas avaliativas no Ensino de Ciências, buscaram compreender a concepção de avaliação das participantes da pesquisa. Esta pesquisa traz uma abordagem qualitativa e a pesquisa-ação é empregada como modalidade de pesquisa. As análises levantadas evidenciaram o nó na avaliação do ensino de ciências e busca despertar a conscientização, reflexão e ação dos professores, pesquisadores da área e todos os que acreditam que é possível melhorar o ensino em ciências a partir da formação inicial de professoras em nível médio.
Proposta de uma configuração para o ensino de Ciências comprometido com a ação política democrática de autoria de Francisco Ângelo Coutinho, Kristianne Lina Figueirêdo e Fábio Augusto Rodrigues e Silva é o décimo sétimo artigo que se apresenta de natureza teórica que fixa relações entre a aprendizagem do conhecimento científico e a ação política democrática. Tecem inicialmente uma tendência na filosofia da educação que se preocupa com a aprendizagem de conteúdos e a vida social e política do estudante. Ao mesmo tempo, mostram que, o gerenciamento do conhecimento científico é uma necessidade urgente, uma vez que a ciência produz e faz circular conhecimentos que têm profundos impactos na sociedade. Os autores apresentam uma proposta metodológica, a ser implementada no contexto da formação de professores, para o tratamento do conhecimento científico e a ação política democrática.
No décimo oitavo artigo denominado de Abordagens pedagógicas, Estratégias de ensino-aprendizagem e Modalidades de uso de Tecnologias de Informação e Comunicação: uma Análise de Cursos para Formação Continuada de Professores de Ciências, as autoras Rosilaine de Fátima Wardenski, Miriam Struchiner e Tais Rabetti Giannella apresentam e analisam os ambientes virtuais de aprendizagem voltados para a formação continuada de professores de ciências. Para atingir o objetivo proposto Utilizam um modelo de análise de materiais educativos baseados na Internet para o ensino de ciências com foco nas abordagens pedagógicas, nas estratégias de ensino/aprendizagem e nas modalidades de uso das TICs de seis cursos. Concluíram que a integração de TICs na formação de professores pode potencializar o uso de abordagens para aprendizagem ativa e colaborativa, contribuindo para a melhoria do ensino de ciências.
Finalmente, no décimo nono artigo denominado de Aulas experimentais para um Ensino de Química mais satisfatório, os autores José Ossian Gadelha de Lima e Idarlene Marcelino Rodrigues Alves apresentam os resultados de uma pesquisa que buscou identificar a opinião dos alunos do Ensino Médio sobre as aulas teóricas e as aulas práticas no aprendizado de Química. Para obtenção dos dados os autores aplicaram um questionário a 226 alunos das três séries do Ensino Médio. Como resultado revela-se que os professores de Química desses alunos raramente desenvolvem uma didática baseada em aulas experimentais e que o ensino deveria ser mais contextualizado, com aulas apresentando maior clareza e objetividade. Outro resultado levantado junto aos entrevistados o Ensino de Química, por sua vez, revela que a experimentação torna esta Ciência mais interessante e motivadora.
Ana Lúcia Crisostimo
2015
v. 8, n. 4 (2015)
Encerramos o ano de 2015 com o oitavo volume - número 04 da RBECT. Nesta edição, são apresentados quinze artigos envolvendo as áreas de Ensino de Biologia, de Matemática, de Física, de Ciências e deTecnologia da Informação e da Comunicação e Estudos CTS.
O primeiro artigo dessa edição nos traz a Proposta de uma Metodologia de Ensino de Espaços Vetoriais, no qual os autores Teodora Pinheiro Figueroa e Saddo Ag Almouloud, apresentam uma proposta de metodologia para o ensino de espaços vetoriais, fundamentada na Teoria das Situações Didáticas de Brousseau e na Teoria dos Registros de Representações de Duval. As sequências didáticas foram planejadas de forma a criar condições para que o aluno tenha uma atitude autônoma durante todo o processo de construção do conceito de Espaços Vetoriais. O objetivo foi de procurar desmitificar o conceito de que espaço vetorial é algo extremamente abstrato e de difícil entendimento pelos alunos e, mostrar que as interações do aluno com situações didáticas apropriadas e um certo milieu são essenciais para o aluno construir o conceito de forma significativa, sendo capaz de um elevado nível de abstração.
Os autores André Luiz França Batista e Walter Antônio Bazzo, nos apresentam no artigo - Questões contemporâneas e desenvolvimento de aplicativos móveis: onde está a conexão? - a necessidade de entender como promover discussões sobre CTS em uma disciplina de programação de dispositivos móveis. Dessa forma, nos mostram como é possível inserir assuntos pertinentes aos problemas da sociedade em uma disciplina de enfoque altamente técnico, dando subsídio para auxílio a professores que pretendam estabelecer discussões CTS em suas classes de programação computacional móvel. Os autores, colocam que as sugestões presentes no trabalho, funcionam como recursos para um provável aprimoramento do pensamento crítico e conduta cidadã dos discentes e para o fomento de discussões e reflexões, entre educadores e futuros profissionais, ensejando iminentes mudanças educacionais.
No artigo Uma matemática na ponta dos dedos com dispositivos touchscreen, Marcelo Almeida Bairral, Alexandre Rodrigues de Assis e Bárbara C. C. da Silva, ressaltam que os recursos da informática continuam crescendo e trazendo desafios a educação. Sendo assim, investigam o uso de dispositivos com manipulação touchscreen direcionados para os processos de ensino e aprendizagem de matemática, particularmente em geometria. Realizam um levantamento de dispositivos touchscreen e os primeiros resultados de atividades desenvolvidas em dois softwares o GeometricConstructer (GC) e o Sketchometry. O autores trabalharam com softwares, pois estes proporcionam ambientes com recursos livres para construções geométricas. Esse estudo serviu de ponto de partida que pode auxiliar professores e pesquisadores interessados na inserção de dispositivos touchscreen em novas práticas educativas.
Nosso quarto artigo, denominado Uma proposta didática com abordagem CTS para o estudo dos gases e a cinética química utilizando a temática da qualidade do ar interior tem como autores Silvaney de Oliveira, Orliney Maciel Guimarães e Leonir Lorenzetti. Para melhor explorar o tema os autores investiram nos conceitos CTS como alternativa para um Ensino de Ciências que promova a Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT) dos estudantes. Nessa perspectiva, realizaram uma intervenção pedagógica na disciplina de Química com uma turma do Ensino Médio de uma escola pública na região metropolitana de Curitiba-PR. A proposta didática de uma abordagem temática CTS foi construída a partir de uma série de parâmetros de ACT articulados com a temática da Qualidade do Ar Interior (QAI) e com os conteúdos disciplinares relativos ao Estudo dos Gases e a Cinética Química. Os autores discutiram os pressupostos teóricos que amparam a referida proposta, descrevendo a sequência das aulas e explicitando os parâmetros utilizados para sua construção e desenvolvimento. Por fim, consideraram que a proposta permite uma efetiva implementação de abordagens CTS a partir da temática analisada.
As autoras, Vanessa Oechsler e Rosinéte Gaertner abordam o tema Matemática no Ensino Médio com um enfoque crítico: contribuições à formação de cidadãos, e baseados nos pressupostos dos documentos que norteiam o Ensino Médio no Brasil, nos apontam atividades que podem auxiliar aos alunos a entender e a exercer o seu papel de cidadão. Dessa forma, apresentam duas atividades, frutos do produto de uma dissertação de Mestrado Profissional, que abordam a Matemática, de forma a contribuir para o exercício da cidadania dos jovens. Essas propostas foram criadas a partir de uma pesquisa bibliográfica em documentos que norteiam o Ensino Médio, bem como a definição de cidadania e o movimento da Educação Matemática Crítica, que alia a ideia de cidadania com o ensino de Matemática.
Maria Luisa Perdigão Diz Ramos e Edda Curi, nos trazem na Análise da Produção Escrita em Avaliação sobre Sistemas de Numeração e Código BCD, a classificação e analise da produção escrita em uma questão que abrange representação numérica em diferentes sistemas de numeração e em código BCD, aplicada a 38 alunos do 1º ano do curso técnico de uma escola pública de Minas Gerais. A partir da análise de conteúdo da produção escrita em cada um dos quatro itens que compõem a questão, as respostas foram classificadas como corretas, parcialmente corretas e incorretas. Os autores verificaram ser possível constatar que a maioria dos alunos é capaz de representar um número em diferentes sistemas de numeração, mas comete erros ao representar esse número no código BCD. Isso se deve ao fato de eles não compreenderem que, para representar um número em BCD, primeiramente, esse número precisa estar representado em decimal e, posteriormente, ser representado em BCD.
O artigo Transgênicos, conformismo e consumo: algumas reflexões para o Ensino de Ciências, tem como autores Cinthia Leticia Carvalho Roversi Genovese, Luiz Gonzaga Roversi Genovese, Washington Luiz Pacheco de Carvalho. Nele o objetivo é discutir a controvérsia sobre os transgênicos e aparente aceitação dos consumidores brasileiros a esses alimentos, sob a ótica de alguns conceitos da Teoria Crítica de Horkheimer e Adorno (1985), como esclarecimento e Indústria Cultural. Os autores argumentam a importância da formação de professores, para que eles auxiliem os estudantes na busca de uma cidadania plena, autônoma e crítica. Neste sentido, propõem o estudo de questões controversas, como os transgênicos, que envolvem a ciência e a sociedade em nossas escolas. Tais questões são conhecidas como questões sociocientíficas (QSC).
Na área de Ensino de Ciências e Biologia os autores Anelize Queiroz Amaral, Taís Regina Cutchma, Débora Daneluz, Kassiana Miguel, Lucas Battisti e Alexandre Augusto Auache Filho trazem no artigo intitulado Concepções e Práticas Avaliativas no Estágio Supervisionado de Ciências e Biologia a reflexão de uma proposta na disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, de uma universidade pública do Estado do Paraná, Brasil. Segundo os autores a pesquisa objetivou diagnosticar concepções e práticas avaliativas, no sentido de apontar anseios e dúvidas dos alunos em formação inicial. Os dados analisados evidenciaram que o conceito de avaliação ainda necessita de uma reflexão que ultrapasse a visão de um processo puramente classificatório e burocrático, cujo o instrumento avaliativo mais utilizado é a prova escrita. Verificou-se que, após as discussões no decorrer da disciplina de Estágio Supervisionado sobre as práticas avaliativas utilizadas, esse trabalho colaborou com uma melhor compreensão do processo avaliativo, sugerindo e instigando os futuros professores a reverem algumas concepções e práticas avaliativas em seu dia-a-dia.
No artigo Avaliação De Conceitos De Termodinâmica Clássica Através De Mapas Conceituais os autores Guilherme Cordeiro da Graça de Oliveira, Paula Macedo Lessa dos Santos, Rodrigo dos Santos Almeida utilizam o mapeamento conceitual para avaliação de conceitos de termodinâmica clássica, numa turma do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte da primeira avaliação da disciplina. Foi proposto aos alunos que construíssem um mapa conceitual com 8 conceitos obrigatórios e, no máximo, 4 conceitos complementares. A metodologia empregada na avaliação dos mapas elaborados pelos alunos consistiu na contagem e análise das proposições. Os principais objetivos foram: (i) investigar a aplicação dos mapas conceituais como instrumento de avaliação dos conteúdos de termodinâmica clássica; (ii) avaliar as proposições construídas pelos alunos e (iii) investigar a percepção dos alunos com relação à metodologia de avaliação utilizando mapas conceituais. Os resultados permitiram concluir que os alunos apresentaram uma boa compreensão dos conceitos investigados, porém identificaram também concepções errôneas em desacordo com a visão científica. Entrevistas semiestruturadas revelaram uma boa aceitação da metodologia de avaliação através de mapas conceituais.
Os autores Maria das Graças Cleophas. Eduardo Luiz Dias Cavalcanti, Francislê Neri de Souza, Marcelo Brito Carneiro Leão apresentam o artigo intitulado M-Learning E Suas Múltiplas Facetas No Contexto Educacional: Uma Revisão Da Literatura o qual traz uma investigação sobre o uso dos dispositivos móveis (m-learning) no cenário brasileiro. Para tanto, inicia-se com uma discussão sobre o uso do m-learning no contexto educacional, suscitando algumas questões relevantes sobre essa temática, tais como a sua definição, vantagens e desvantagem sobre a sua integração diante do processo de ensino e aprendizagem das Ciências Naturais. Este trabalho trata-se de uma revisão sistemática da literatura, cuja análise possui teor qualitativo. Foram utilizados como fonte de pesquisa os periódicos da área de educação. Ao todo, analisaram-se 32 periódicos, sendo encontrados 36 artigos. Estes artigos foram classificados em seis dimensões que emergiram através da análise realizada. Os resultados deste trabalho apontam para uma preocupação mais latente sobre a produção de plataformas de desenvolvimento em apoio às tecnologias móveis e/ou ferramentas, do que para a compreensão fenomenológica sobre o uso dos dispositivos móveis em sala de aula.
Em Planejando aulas de botânica a partir de uma provocação as autoras Renata Carmo-Oliveira e Daniela Franco carvalho Carvalho abordam o desenvolvimento de uma ação na disciplina de Estágio Supervisionado em Biologia na tentativa de compreender o que poderia estimular futuros professores a planejarem aulas interativas na temática da Botânica para o Ensino Médio, tendo como base um roteiro confeccionado a partir do modelo de design pedagógico e dos recursos didáticos botânicos que estavam dispostos em quatro estações sobre as bancadas do Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia. A coleta de dados ocorreu por meio da metodologia da observação discreta. As estações provocaram comportamentos e interesses distintos nos licenciandos, levando-os a se dirigirem primeiramente às estações com o material vivo ou fresco. Foi possível observar dificuldades em todos os grupos, independentemente do tipo do material, para a elaboração dos planejamentos de aula. A partir dos dados discutimos a proposta de provocação relacionada à criatividade e autonomia do professor.
No Ensino de Física os autores Luiz Marcelo Darroz, Clóvis Milton Duval Wannmacher trazem o texto Aprendizagem Docente proporcionada pela participação no PIBID/Física: a visão dos coordenadores de área onde apresentam os resultados de uma pesquisa fenomenológica qualitativa realizada com os coordenadores de área dos subprojetos do PIBID/Física do Rio Grande do Sul. Esta investigação visou identificar indícios da ocorrência da aprendizagem docente nos licenciandos de Física participantes do programa. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas em áudio e posteriormente transcritas. A análise dos dados se deu a partir dos materiais coletados, onde se realizou uma Análise Textual Discursiva que tinha como categorias a priori os cinco focos da aprendizagem docente estabelecidos por Arruda et al. (2012). Os resultados indicam que a participação nas atividades do PIBID/Física pode promover a aprendizagem docente, uma vez que elementos dos cinco focos foram identificados nas falas dos coordenadores de área.
Os autores Marcos Gervânio de Azevedo Melo, Joanise Silva Campos e Wanderlan dos Santos Almeida com o artigo Dificuldades enfrentadas por Professores de Ciências para ensinar Física no Ensino Fundamental descrevem que obstáculos estão presentes no ensino de Física realizado por professores de ciências das escolas municipais que trabalham com alunos do último ano do ensino fundamental na cidade de Alenquer localizada no oeste do Pará. Foi realizada uma entrevista com os professores de Ciências que trabalham com as turmas do 9º ano nas escolas do município. Observou-se que dos cinco professores entrevistados trabalhando em escolas do município de Alenquer e que lecionam física no último ano do ensino fundamental, nenhum possui formação em Física. Verificou-se também que os professores trabalham priorizando conteúdos de mecânica. Percebeu-se que um ponto que certamente contribui para uma repulsa à disciplina de Física, por parte dos alunos, é a cultura intensificada quase sempre por professores que acreditam piamente que as aulas práticas devam ocorrer em laboratórios sofisticados e que a falta dos mesmos inviabiliza os procedimentos práticos na escola.
Ana Paula Sebastiany, Michelle Camara Pizzato e Tania Denise Miskinis Salgado trazem em seu artigo intitulado Aprendendo a investigar através de uma atividade investigativa sobre Ciência Forense e Investigação Criminal um trabalho que tem por objetivo avaliar uma proposta didática sobre a temática da Ciência Forense e a Investigação Criminal, e identificar as curiosidades e interesses do público participante. Nesse sentido, as atividades foram organizadas sob a forma de um Ambiente Interativo de Aprendizagem (AIA), de âmbito informal e presencial ligado ao Ensino de Ciências, como estratégia para a aprendizagem de atitudes investigativas e a divulgação da Ciência e da Tecnologia. O AIA proposto está orientado para abordar as ciências pela aproximação destas com o cotidiano utilizando metodologias investigativas. Esta orientação se baseia no Modelo Didático Investigativo (Porlán, 1993), o qual propõe a investigação como metodologia didática em alternativa aos métodos passivos de ensino. Além disso, para que esse ambiente tivesse caráter lúdico buscou-se inspiração nos jogos de RPG – Roleplaying Game. E escolhemos como eixos temáticos a Ciência Forense e a Investigação Criminal, considerando que o AIA só seria significativo para o estudante se estivesse ligado a seus interesses, curiosidades, necessidades e objetivos pessoais. Afinal, as pessoas aprendem melhor em um contexto realista, usando o que já sabem e desenvolvendo habilidades a partir disso. E, por serem temas de rara abordagem no ensino formal e informal, mas de grande interesse pelo público em geral.
Encerrando essa edição, nosso último artigo intitulado - Contribuição da Web 2.0 como ferramenta de aprendizagem: um estudo de caso, os autores Bruno Silva Leite, Marcelo Brito Carneiro Leão tem como propósito analisar e avaliar a utilização de alguns recursos da Web 2.0, e como esses estão sendo inseridos no ensino das ciências. Apresentam um estudo sobre uma experiência em que um grupo de alunos trabalhou com algumas ferramentas da Web 2.0 durante uma disciplina de Química, envolvendo a temática de ligações Químicas. O objetivo foi de analisar o papel de algumas ferramentas da Web 2.0 e como estas poderiam contribuir para uma aprendizagem ampla e flexível por parte desses usuários. Foi utilizado também para fins desta investigação, a observação de um grupo de alunos que não se utilizaram dessas ferramentas, visando uma comparação com o grupo de usuários Web 2.0. Dentre os resultados obtidos, ressaltam o potencial de ajuda das ferramentas Web 2.0, descrita pelos alunos. Observam também a importância da incorporação da Teoria da Flexibilidade Cognitiva e da Teoria dos Construtos Pessoais em ambiente Web 2.0 para a construção de uma aprendizagem mais flexível.
Boa leitura!
Nilcéia A.M. Pinheiro
Sani de Carvalho Rutz da Silva
v. 8, n. 3 (2015)
Nesta edição da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia é apresentado quatorze artigos aprovados pelo comitê editorial. Eles são provenientes de diversos estados brasileiros e versam sobre temas gerais de interesse teórico-metodológico tratados em pesquisas sobre temas atuais e organizados por áreas do conhecimento, a saber: biologia, ciências, química, matemática, física, sociologia, letras e educação física. O convite é para uma leitura prazerosa e enriquecedora.
O primeiro artigo dessa edição Caracterização dos Produtos Desenvolvidos por um Programa de Mestrado Profissional da Área de Ensino de Ciências e Tecnologia os autores Tania Mara Niezer, Fabiane Fabri, Antonio Carlos Frasson e Luiz Alberto Pilatti mapeiam os produtos finais obtidos a partir de dissertações geradas no Mestrado Profissional (MP) do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia (PPGECT) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Ponta Grossa (UTFPR) na Área de Ensino de Ciências e Tecnologia defendidas no período de 2009 a 2013. A partir de um estudo descritivo foram compiladas as informações das dissertações e seus 68 produtos disponibilizados no sítio do PPGECT na rede mundial de computadores. Como resultado constatou-se que na maioria dos referidos produtos educacionais considerando área de ensino, formato e formato da população, predomina, a área da Matemática, os Guias Didáticos e voltados ao Ensino Fundamental.
Samuel Molina Schnorr e Carla Gonçalves Rodrigues discorrem no segundo artigo Ciência, Tecnologia e Sociedade na contemporaneidade: implicações educacionais tramadas ao pós-estruturalismo sobre uma pesquisa bibliográfica na perspectiva no arranjo conceitual dos conceitos de Ciência menor (DELEUZE e GUATTARI, 2012), Tecnologias do eu (FOUCAULT, 2008) e Sociedade disciplinar e de controle (FOUCAULT, 1987; DELEUZE, 1992), favorecendo pensá-los de outros modos, na contemporaneidade. Nessa perspectiva, os conceitos estudados realçam os conhecimentos agregados ao mundo, no afastamento de ideologias e preconceitos oriundos da Modernidade, pois prioriza a realidade social nos dias de hoje. Os autores convidam o leitor a reinvenção de maneiras de se relacionar enquanto seres sociais, em um tempo que se necessita de revoluções políticas e culturais, para que a vida esteja menos perturbada, na esteira da teoria pós-estruturalista.
O terceiro artigo Discutindo estratégias para a construção de questionários como ferramenta de pesquisa, de autoria de Waisenhowerk Vieira de Melo e de Cristina dos Santos Bianchi tece algumas considerações, através de esquemas e exemplos, para a formulação de um questionário de pesquisa capaz de revelar, da melhor forma possível, a realidade dos fatos ocorridos dentro do alvo do estudo proposto. Fornecem informações sobre os erros mais comuns, e a base para a adoção dos procedimentos mais adequados na colaboração para minimizar tais erros, e facilitar a construção de questionários de pesquisa. Concluem que para a construção de um questionário de pesquisa é preciso primeiramente estabelecer um objetivo, etapa dependente de pesquisa bibliográfica – alicerce de todo o trabalho. Finalmente afirmam que é preciso elaborar perguntas a partir de uma hipótese, o que orientará a formulação das questões que farão parte do questionário.
O quarto artigo A relação entre os conhecimentos presentes na literatura científica e nos livros didáticos de biologia sobre evolução biológica, dos autores Pedro Henrique Ribeiro de Souza e Marcelo Borges Rocha, apresenta um levantamento das principais áreas do conhecimento que auxiliam na construção dos conhecimentos sobre os processos evolutivos e analisam, a partir da revisão elaborada, como os livros didáticos apresentam os conteúdos relacionados à evolução biológica. Para tanto propõem sete categorias de análise: contextualização histórica; Darwinismo e Lamarkismo; síntese evolutiva moderna; genética de populações; biologia do desenvolvimento; plasticidade e epigenética. Os autores concluíram que a inserção de novas pesquisas relacionadas ao ensino de evolução é necessária para o aprofundamento do tema, bem como para incentivar ações que incrementem o ensino de evolução biológica na educação básica.
No quinto artigo Importância Da Aplicação De Atividades Lúdicas No Ensino De Ciências Para Crianças os autores Pedro Henrique Ribeiro de Souza e Marcelo Borges Rocha relatam a aplicação de uma oficina pedagógica com materiais recicláveis, junto a 29 alunos do 3º ano do ensino fundamental I, realizada na Unidade Escolar Rosa Teixeira de Castro, localizada na cidade de São Raimundo Nonato - PI. Expõem que a produção e utilização das ferramentas pedagógicas, obtidas por meio da manipulação dos materiais recicláveis, revelaram que é amplamente viável inserir o lúdico no cotidiano escolar das crianças, pois esta “intervenção lúdica” proporciona, de forma diferenciada, dinâmica e atrativa, a criação de meios que promovem o desenvolvimento de habilidades cognitivas que podem ser utilizadas na construção do conhecimento sobre temas relacionados à Ciência e ao meio ambiente.
Caracterizações do pensamento algébrico manifestadas por estudantes em uma
tarefa da Early Algebra, sexto artigo deste número, as autoras Daniele Peres da Silva, Angela Marta Pereira das Dores Savioli e Marinez Meneghello Passos identificam e analisam características do pensamento algébrico manifestadas em registros escritos de uma tarefa da Early Algebra de estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental Para a organização e a interpretação dos dados, empregaram procedimentos de Análise de Conteúdo, proposto por Bardin (2004). Na leitura dos dados evidencia-se que embora as resoluções dos estudantes nem sempre estivessem corretas, elas apresentam indícios de pensamento algébrico. Além disso, os estudantes demonstraram, por meio de suas produções escritas, ter condições de lidar e de desenvolver aspectos relacionados ao pensamento algébrico, mesmo não apresentando uma linguagem simbólica algébrica.
Adriana Breda, Vicenç Font Moll e Valderez Marina do Rosário assinam o sétimo artigo Propuestas de incorporación de contenidos matemáticos de nivel superior en la educación básica: un estudio de los trabajos finales de curso del Máster Profesional en Matemáticas en la Red Nacional. Os autores apresentam as contribuições das propostas de inovação para o ensino básico, presentes nos trabalhos de conclusão de curso (TCC), realizados no Mestrado Profissional em Matemáticas em Rede Nacional, Brasil. O estudo de natureza qualitativa foi centrado nos trabalhos publicados no primeiro semestre de 2013 e segundo semestre de 2014. Concluiu-se que quase metade dos trabalhos analisados basearam suas propostas na incorporação de conteúdo inovador de matemática discreta e introdução ao cálculo.
No artigo oitavo Efeitos das ações formativas e das concepções epistemológicas nas práticas docentes de uma futura professora de química os autores Camila Greff Passos e José Claudio Del Pino analisam, por meio de um estudo de caso em 2009, o sinergismo entre as concepções epistemológicas e as ações formativas vivenciadas no Curso de Licenciatura em Química Noturno da UFRGS na prática docente de uma licencianda. Utilizaram o aporte teórico de Rafael Porlán Ariza e Ana Garcia Rivero sobre a evolução do conhecimento profissional docente. Dos resultados da investigação emergiram evidências da inter-relação entre as diferentes experiências acadêmicas do curso e as práticas docentes utilizadas pela futura professora, colaboradora na pesquisa. Os autores teorizam que os professores aprendem sobre sua profissão durante toda a sua história, desenvolvendo suas concepções epistemológicas sob a influência do meio escolar, social, cultural, econômico e acadêmico vivenciados.
Situações-problema como Estratégia Didática para o Ensino dos Modelos Atômicos é o nono artigo socializado por Jose Euzebio Simões Neto e Mauro de Souza Lima Prates Júnior. Estes analisam como a estratégia didática do uso das situações-problema pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem do conteúdo de modelos atômicos no Ensino Médio, em uma escola da rede estadual de Belo Horizonte, em Minas gerais. Apresentam os resultados em três momentos: análise da avaliação diagnóstica, análise da resolução das situações-problema e análise do questionário aplicado no momento de retorno. Os resultados apontam que a resolução das situações-problema pelos estudantes participantes da pesquisa contribuiu de forma significativa para o entendimento do conceito de modelos atômicos.
Já o décimo artigo Estudo de caso sobre o olhar do estudante do ensino médio técnico para a disciplina de sociologia, escrito por Silvana Colombelli Parra Sanches, apresenta a perspectiva de estudantes do curso técnico em agropecuária integrado ao ensino médio, oferecido pelo Instituto Federal de Mato Grosso sobre a disciplina de sociologia. Expõe que os eixos norteadores do discurso elencados no corpo do texto das falas dos estudantes revelaram a importância da sociologia para sociedade como crítica social, a contribuição da sociologia, como no sentido de desinibir o estudante para socializar melhor; ou então, formar a personalidade deste para que se torne uma pessoa adaptável aos anseios dos que os rodeiam. A pesquisa revela ainda a disciplina como geradora de tolerância e conhecimentos de outras culturas, somada à criação de espaços de discussão que levam ao enfrentamento de conflitos sociais.
Em Letramento em tempos de novas tecnologias de informação, comunicação e expressão as autoras Lucy Mirian Campos Tavares Nascimento e Lenise Aparecida Martins Garcia trazem, no décimo primeiro capítulo, contribuições valiosas sobre o domínio contextualizado e consciente das competências de escrita e leitura no sistema educacional, imerso na sociedade digital. As autoras colocam como necessário tanto a oferta de cursos de formação de professores das diversas áreas, a discussão e a proposição da inserção de propostas metodológicas que envolvam à formação leitora e escritora dos alunos, bem como o letramento científico dos acadêmicos na formação inicial, numa perspectiva interdisciplinar. Abordam com primazia como as novas tecnologias de informação, comunicação e expressão (NTICE) se apresentam como ferramentas promissoras para aproximar o fazer pedagógico dos professores às necessidades letradas da sociedade telemática.
Osmar Henrique Moura da Silva, Carlos Eduardo Laburú e Ana Cláudia Força no décimo segundo artigo intitulado Um Estudo das Acurácias e Procedimentos de Medição de Alunos do Nível Médio Baseado em Duas Alternativas Pedagógicas apresentam os resultados de pesquisas relacionadas às acurácias (ou exatidão) e procedimentos de medição de alunos do nível médio quando submetidos a dois distintos encaminhamentos pedagógicos em atividades empíricas que envolvem mensurações. As conclusões apontadas pelos autores apontam qual o método auxiliar mais vantajoso à iniciação de um processo instrucional dos conceitos de medição.
O artigo Física para as graduações tecnológicas em construção de edifícios: um olhar histórico (1961-1974) proposto por Fábio Aparecido da Costa e Polonia Altoé Fusinato apresenta reflexões sobre a origem do componente curricular Física para os cursos superiores de tecnologia em construção de edifícios do Brasil no período compreendido entre 1961 e 1974. Trata-se de uma pesquisa histórica com abordagem documental. Para a construção das categorias de análise os autores elencaram as legislações, entrevistas com os indivíduos envolvidos no processo de criação e início de expansão desses cursos e análises sobre a planificação curricular dos cursos mencionados. Os resultados socializados apontam que a nomenclatura atribuída ao componente curricular e seus conteúdos de instrução não condizem com as finalidades prescritas na legislação.
O décimo quarto e último artigo desta edição de autoria de Marco Antônio Sandini Trentin, Cleci Teresinha Werner Da Rosa, Álvaro Becker Da Rosa e Adriano Canabarro Teixeira, denominado Robótica educativa livre no ensino de Física: da construção do robô à elaboração da proposta didática de orientação metacognitiva, compreende a descrição do processo de construção de um equipamento didático robotizado e apresenta uma proposta didática-metodológica para a abordagem dos conceitos introdutórios da cinemática no ensino médio. Ao mostrar um dispositivo de fácil construção, os autores evidenciam que o uso de novas tecnologias no ensino favorece a evocação do pensamento metacognitivo, atuando como potencializadora da aprendizagem, servindo de exemplo para novas atividades experimentais em Física.
Prof. Dr. Ana Lúcia Crisostimo
v. 8, n. 2 (2015)
O volume 8 da RBECT é inaugurado com uma edição especial elaborada com artigos selecionados entre os apresentados, em 2014, no Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia (SINECT), evento cientifico vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciência e Tecnologia, assim como esta revista.
Nesse momento o que está em foco é o SINECT, por estar nutrindo a comunidade cientifica com espaço para debate e reflexão sobre as pesquisas que têm a sala de aula como objeto de investigação e cuja sustentação teórica situa-se nas contribuições da ciência e da tecnologia. Destaca-se, também, porque em apenas quatro edições já desponta como um fórum de discussão e produção de conhecimento de ensino ao congregar pesquisadores e estudantes brasileiros num amplo campo de abrangência organizado em 12 áreas temáticas: ensino de física, ensino de biologia, ensino de química, ensino da matemática, ensino de estatística, Ensino de Ciências nos Anos Iniciais, Ensino de Ciências, Educação Profissional e Tecnológica (EPT), Educação Científica e Tecnológica e Estudos CTS, TIC no Ensino-aprendizagem de Ciências e Tecnologia, Linguagem e cognição no ensino de ciência e tecnologia, Ciência, Arte e Teknè: uma abordagem interdisciplinar.
Dessas 12 áreas temáticas, após um rigoroso trabalho das comissões científicas do evento, e posteriormente dos revisores desta revista, foram selecionados artigos que se sobressaíram pela pesquisa desenvolvida e pela sua exposição, com conteúdo e forma para um periódico. Senti-me honrada ao receber o convite para assinar esse editorial e com satisfação apresento os 15 artigos que compõem esse número.
Os dois primeiros textos que inauguram essa edição contemplam a formação de futuros professores pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) dando ênfase a ambientes informais de aprendizagem. O primeiro, intitulado Comunidades de Prática e aprendizagem docente no ambiente informal do PIBID Ciências, os autores Elaine da Silva Machado, Sergio de Mello Arruda, Marinez Meneghello Passos e Virginia Iara de Andrade Maistro, enfocam a formação inicial de professores de ciência, orientada no modelo de comunidades de Prática. Buscam identificar as capacidades para socialização de experiências e contribuições para a aprendizagem docente, apresentadas pelo blog do PIBID de Ciências de uma universidade do estado do Paraná. Caminham nas reflexões sobre os ambientes informais do PIBID como uma proposta abrangente para a aprendizagem. Destacam, como resultados da investigação, capacidades do ambiente informal do PIBID em promover a aprendizagem docente e apontam limitações interativas relacionadas à ausência de diálogo com a comunidade externa.
Compreensões dos bolsistas de Iniciação à Docência/PIBID sobre Clubes de Ciências, ciência e o seu processo de formação inicial é o segundo artigo. Nele os autores Graciele Alice Carvalho Adriano e Edson Schroeder apresentam o resultado de um estudo desenvolvido no PIBID com estudantes do curso de Ciências Biológicas, ofertado na Universidade Regional de Blumenau (SC). Enfatizam a importância de uma educação científica e lançam a proposta do investigar o Clube de Ciências como um espaço não formal para que esta educação aconteça. Segundo os autores, os futuros professores, bolsistas ID, têm entendido o ambiente proposto como espaços não formais de construção de conhecimentos.
A Matemática, a Arte, os surdos e a EJA - Educação de Jovens e Adultos - uma intervenção interdisciplinar é o terceiro artigo desta edição. As autoras Rúbia Carla da Silva e Eloiza Aparecida Ávila de Matos apresentam os resultados de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo avaliar a metodologia de ensino de libras, focando a disciplina especifica para esse fim, ofertada em um curso de Licenciatura em Matemática em uma instituição de ensino superior na cidade de Ponta Grossa – PR. Esclarecem as perspectivas deste trabalho, elencando três momentos como fundamentais: levantamento do referencial teórico; desenvolvimento da disciplina de Libras em um curso de Licenciatura em Matemática; e a construção do objeto de aprendizagem para uma turma da EJA com atividades envolvendo simetria e Op Art. Esse trabalho debate a comunicação entre o ouvinte e o surdo revelando a importância de estudos que abordem metodologias diferenciadas para quebrar o silêncio da comunidade surda de modo a ampliar os horizontes que a limitação do falar e do escutar tem imposto à aprendizagem das pessoas, considerando que a apropriação linguística da Libras não é suficiente para o processo comunicativo em sala de aula.
O quarto artigo é assinado por Josiane Bernz Siqueira e Rosinéte Gaertner. Com o título Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade: conceito de proporcionalidade na compreensão de informações contidas em rótulos alimentícios lançam mão de “Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade – IIR” como uma metodologia de ensino para a Alfabetização Científica e Tecnológica proposta por Gérard Fourez. Afirmam que tal metodologia visa à formação de estudantes críticos, autônomos e que saibam negociar perante situações que demandam atuação incisiva na sociedade. Este texto apresenta aspectos de uma pesquisa qualitativa focando o trabalho que desenvolveram com vinte e três estudantes matriculados em uma turma do 8º ano e os modos pelos quais tal metodologia se abre à Alfabetização Científica.
Milene Dutra da Silva, Mário Sérgio Teixeira de Freitas e Awdry Feisser Miquelin, no quinto artigo, intitulado Algumas possibilidades de interação entre Arte Urbana, Joseph Wright e o Ensino de Óptica, disparam uma discussão sobre ciência e arte como expressões humanas inseparáveis e, também, como instrumentos de compreensão do mundo. Focam o ensino de física, numa investigação temática cuja concepção norteadora foi a pedagogia dialógico-problematizadora de Paulo Freire. Tratam alguns tópicos da óptica relacionando ciência e arte em uma unidade didática envolvendo conceitos da óptica geométrica no ensino médio, e foi aplicada em três colégios estaduais em Curitiba contemplando a Arte Urbana, presente no universo dos alunos, como tema gerador para o ensino. A experiência vivida na escola permitem aos autores afirmar que a metodologia adotada foi promissora para incrementar o ensino de Física numa abordagem que busque reflexão sobre o papel da Ciência na construção coletiva e histórica do conhecimento, enriquecida pelas suas relações com a Arte.
Com o interesse explícito na formação de professores dos anos iniciais, os autores Luiza Renata Felix de Carvalho Lima, Maria Elvira do Rego Barros Bello e Maxwell Roger da P. Siqueira fazem uma revisão do tema, investigando seis periódicos brasileiros, no período de 2004 a 2013. Os resultados deste trabalho estão expostos no sexto artigo A formação de professores das séries iniciais e sua relação com o ensino e aprendizagem: uma revisão em periódicos brasileiros que permite ao leitor visualizar características referentes à Formação de Professores para o Ensino de Ciências nos anos iniciais e o apontamento da carência de investigação neste tema de modo a contribuir com novas perspectivas e reflexões acerca do Ensino de Ciências.
No sétimo artigo, Elaboração de aplicativos para Android com uso do App Inventor: uma experiência no Instituto Federal do Paraná – Câmpus Irati, os autores Rodrigo Duda, Sani de Carvalho Rutz da Silva, Diego Dutra Zontini e Luciane Grossi se valem da extensão universitária para desenvolver investigação sobre o pensamento algébrico de alunos ao explorarem as potencialidades do App Inventor, designer de aplicativos gerenciado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Investigam o tema e relatam os resultados parciais do referido projeto de extensão, anunciando as possibilidades de elaboração de aplicativos para execução de cálculos e materiais didáticos que visem a contribuir com a prática docente em matemática. Enfatizam que o roteiro de estudos e demais produtos decorrentes do processo de elaboração de um aplicativo podem ser utilizados como objetos auxiliares para a avaliação em matemática, possibilitando a análise qualitativa do processo de ensino e aprendizagem no que diz respeito à autonomia do discente em buscar diferentes fontes e formas de solucionar ou descrever um problema, bem como estruturar logicamente o pensamento.
Ensino por investigação na visão de professores de Ciências em um contexto de formação continuada, oitavo artigo deste número, os autores Joici de Carvalho Leite, Maria Aparecida Rodrigues e Carlos Alberto de Oliveira Magalhães Júnior discutem a formação continuada de professores pautada nas compreensões que docentes têm de sua prática pedagógica. Apontam a importância de um processo de formação continuada que leve em consideração as reflexões críticas sobre as práticas docentes, como propulsora para a melhoria da aprendizagem dos estudantes. Nesse sentido, discutem com professores de Ciências e Química a possibilidade do ensino de Ciências por investigação, destacando a importância da mediação do professor, a resolução de problemas e a elaboração de hipóteses pelos alunos.
Para dar um novo sentido orientador às aulas, buscando resgatar o interesse dos alunos pelos estudos escolares, Gesinaldo Santos e André Koscianski investigam as possibilidades de inserir atividades de ensino com a introdução de elementos que são próprios de jogos, estratégias conhecidas como Gamification. No nono artigo, Gamification no Ensino de Funções Administrativas, os autores apresentam uma visão geral sobre o assunto e um modelo de gamification disponível na literatura, e aplicados na disciplina de teoria da administração em um curso superior.
No décimo artigo, Vitamina C: uma proposta para abordagem de funções orgânicas no ensino médio, os autores Jéssica Guerreiro Martins, Bruno Rafael Machado, Alessandra Machado Baron, Lilian Tatiani Dusman Tonin apresentam o resultado do desenvolvimento de uma proposta educacional, realizada em um terceiro ano do ensino médio de uma escola pública, em que bolsistas PIBID buscaram a aproximação do ensino de Química com o cotidiano do aluno, tendo por disparador o conhecimento prévio de estudante de um terceiro ano do ensino médio de uma escola pública. Estudantes da Licenciatura em Química, bolsista PIBID, conduziram a proposta que buscou problematizar o estudo de funções orgânicas com o tema “vitamina C”, sustentada nos momentos pedagógicos de Delizoicov, que consiste em três etapas: a problematização inicial, organização do conhecimento e a aplicação do conhecimento. Constataram, com o estudo, que a metodologia diferenciada revelou o progresso no desempenho dos alunos e despertou maior interesse pelos estudos de química.
Uso de mapas conceituais na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral 1: uma estratégia em busca da aprendizagem significativa é o décimo primeiro artigo deste número. Nele, os autores Edinéia Zarpelon, Luis Mauricio Martins de Resende e Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro partem da constatação fundamentada em pesquisas de que o ensino de cálculo protagoniza um dos maiores índices de retenção de estudantes no início dos cursos de engenharia. Os autores vão em direção de compreender o fenômeno da reprovação no Cálculo Diferencial e Integral 1, e encontram na literatura a dificuldade dos alunos frente a conteúdos matemáticos básicos como uma das principais causas. Avançam no estudo e apresentam nesse artigo, a teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, os Mapas conceituais como uma alternativa a ser explorada na disciplina a fim de tornar o processo ensino-aprendizagem do Cálculo Diferencial e Integral 1 mais eficaz, de modo a proporcionar uma possibilidade para que ocorra a aprendizagem significativa.
João Paulo Ganhor e Irlan von Linsingen assinam o décimo segundo artigo: Sentidos sobre Ciência e Tecnologia no Rap Nacional. Os autores apresentam aspectos de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento explicitando o interesse de contribuir com as investigações sobre as especificidades da Educação Científica e Tecnológica em contextos de periferias urbanas. Sobre isto, discutem a pertinência do Rap nacional na articulação de práticas pedagógicas mais significativas e sensíveis aos diferentes olhares sobre Ciência e Tecnologia (CT) que têm perpassado os espaços escolares. Vão, assim, às produções musicais de grupos mais difundidos nacionalmente que façam referências à ciência e à tecnologia, fundamentando-as na Análise de Discurso da escola francesa preconizada por Michel Pêcheux e nos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia, ou Estudos CTS. Buscam compreender como os sentidos emergidos no âmbito do Rap nacional podem contribuir para a explicitação de problemáticas próprias das relações da CT, oferecendo gestos de deslocamentos interpretativos em relação aos sentidos dominantes.
O décimo terceiro artigo, Concepções de educação e currículo em educação (a distância): Pressupostos teóricos para a construção de MEDS, de Antonella Carvalho de Oliveira e Antonio Carlos Frasson, apresenta um estudo guiado pela interrogação: Como as concepções de educação e currículo presentes no processo ensino- aprendizagem contribuem para a construção de MEDS? Neste texto os autores relatam a investigação desenvolvida sobre construção de Materiais Educacionais Digitais (MEDS) para a Educação a Distância (EaD) articulando as concepções de educação e currículo que permeiam o processo ensino-aprendizagem. Apontam a importância da utilização da teoria histórica crítica para a construção de MEDS para a EAD. Indicam também a viabilidade da utilização destas teorias para a ampliação e para a qualidade dos materiais, bem como o desvelamento das concepções que por muitas vezes são contraditórias com a prática e podem representar uma barreira para o alcance dos objetivos da educação, seja ela presencial ou não.
Jaqueline Santos Vargas e Shirley Takeco Gobara, no décimo quarto artigo intitulado Elaboração e utilização de Sinais de Libras para os conceitos de Física: Aceleração, Massa e Força, colocam em debate o Ensino de Física para alunos surdos. Investigam o tema pela criação de sinais para conceitos de Física e se lançam na pesquisa para conhecer a aceitação desses sinais ao aplicar uma sequência didática, fundamentada na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano, focando os conceitos de força, aceleração e massa. Neste texto, apresentam aspectos deste estudo descrevendo o preparo de instrutores para a elaboração dos sinais e a aplicação desses novos sinais na discussão das Leis de Newton com três alunos surdos que frequentavam o Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS)-MS.
O artigo A Calculadora Financeira HP-12C como ferramenta para o Ensino de Estatística em um curso de Administração de Juliano Schimiguel e Josney Freitas Silva encerra esse número da RBECT. Nele os autores apresentam um recorte de uma investigação realizada no Curso de Administração em uma Universidade Públicano estado de Minas Gerais, no âmbito da Educação Estatística. Os autores investigam o uso da Calculadora Financeira HP-12Cno ensino superior, utilizando aspectos metodológicos da pesquisa-ação. Trazem para o debate o uso da tecnologia como estratégia para mobilizar os conhecimentos dos estudantes. Com isso, lançam luz à interpretação dos exercícios, bem como dos resultados obtidos na resolução dos que, em conjunto com a aprendizagem do uso da calculadora, se mostram fundamentais à Educação Estatística.
Luciane Ferreira Mocrosky
Abril de 2015
PS: Não deixe também de conferir o v 8, n 1 da Revista Brasileira de Ensino em Ciência e Tecnologia
v. 8, n. 1 (2015)
Nesta edição da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia são apresentados dez artigos aprovados pelo comitê editorial. Eles são provenientes de diversos estados brasileiros, como Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, dentre outros, e trazem uma diversidade de temas, tratados em diferentes pesquisas.
No primeiro artigo A Química na Cozinha: possibilidades do tema na formação inicial e continuada de professores os autores Eluzir Pedrazzi Chacon, Marcia Narcizo Borges, Carlos Magno Rocha Ribeiro e Lucidéa Guimarães Rebello Coutinho apresentam e discutem um curso de extensão desenvolvido para auxiliar o ensino/aprendizagem da Química. Realizado em oito edições entre os anos de 2010 e 2013, além do vídeo “A química na cozinha” como recurso motivador, o curso utilizou outras ferramentas e recursos didáticos visando discutir e estimular os cursistas a utilizarem diversas metodologias em sala de aula. Os autores constataram que o tema “A química na cozinha” mostrou uma grande potencialidade para articular vários conteúdos da Química, podendo ser utilizado como gerador da aprendizagem na Escola Básica.
Em Pesquisa em Ensino de Química Experimental: mapeamento das teses e dissertações apresentadas no Brasil de 2002 a 2011, as autoras Heloisa Helena Jesus Ferreira e Carmem Lúcia Costa Amaral apresentam o mapeamento e análise de resumos publicados no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) sobre pesquisas em ensino de Química experimental no período de 2002 a 2011. Vinte e três produções acadêmicas foram analisadas, sendo 19 dissertações e quatro teses.
No terceiro artigo Brincoquímica: uma ferramenta lúdico-pedagógica para o ensino de química orgânica os autores João R. de Freitas Filho, Rinnely Cecília Lins de Melo, Juliano C. Rufino Freitas, Ladjane Pereira da Silva R. de Freitas e Jucleiton José R. de Freitas relatam uma experiência que utiliza jogos como metodologia de ensino na aprendizagem de Química Orgânica para auxiliar o ensino de isomeria e funções oxigenadas.A pesquisa foi realizada em uma turma do 3º ano do Ensino Médio e, após a aplicação de jogos, concluiu que o jogo didático é uma ferramenta auxiliar e complementar para o processo de ensino e aprendizagem de conceitos de Química.
O artigo dos autores Hamilton Viana Chaves, Osterne Nonato Maia Filho e Armando Sérgio Emerenciano de Melo denominado Educação e microrrelações humanas no Ensino Profissional e Tecnológico discute as relações humanas no ensino profissional e tecnológico, particularmente, as microrrelações. A temática é abordada a partir de três segmentos: os significados da docência, o exercício da alteridade e a formação de vínculos. Alguns encaminhamentos são apontados para dinamizar a educação profissional e tecnológica.
O uso de softwares nas aulas de Matemática é o tema do quinto artigo intitulado Estudo das Funções Afins, Quadráticas e Equações Polinomiais com o auxílio do software Winplot no Ensino Médio, de Silvio Márcio Costa de Jesus e Maria Deusa Ferreira da Silva. Além de apresentarem uma pesquisa com o Winplot em sala de aula, os autores trazem relatos e discussões sobre as dificuldades que os professores de matemática ainda encontram em introduzir em suas atividades de ensino o uso de recursos tecnológicos.
No sexto artigo Modelagem Matemática nos anos iniciais da Educação Básica: uma discussão necessária os autores Dionísio Burak e Márcio André Martins apresentam um estudo sobre as contribuições da Modelagem Matemática nos anos iniciais da Educação Básica, sugerindo algumas etapas para o encaminhamento de atividades com base em duas premissas norteadoras: a escolha do tema e a coleta de dados.
O sétimo artigo aborda a questão da influência de crenças religiosas na aprendizagem de conceitos científicos e tem por título Origem do universo, diversidade das espécies e fenômenos da natureza: ciência e religião no ensino médio. Na pesquisa, as autoras Eliane Brígida Morais Falcão e Eliane Dias Trigo utilizaram como instrumento de coleta de dados um questionário que continha perguntas semiabertas, aplicado a duas turmas do ensino médio, uma do primeiro e outra do terceiro ano. Os dados foram analisados à luz da metodologia qualiquantitativa do Discurso do Sujeito Coletivo proposta por Lefèvre & Lefèvre.
As autoras Anita Rodrigues Cordeiro, Ana Maria dos Anjos Carneiro-Leão e Zélia Maria Soares Jófili trazem o artigo Concepções Científicas: O Seriado House M.D. como propulsor de Mudanças Paradigmáticas. Utilizando dois recursos didáticos em uma sequência de atividades, esquemas baseados em mapas conceituais e mídia televisiva, as autoras apontam que os fenômenos naturais devem ser ensinados para que suas especificidades sejam compreendidas de forma sistêmica, apreendendo toda sua complexidade, resultando em aprendizagens aplicáveis à resolução de questões cotidianas ou profissionais.
No nono artigo Uma análise semiótica de atividades de modelagem matemática mediadas pela tecnologia as autoras Karina Alessandra Pessôa da Silva, Adriana Helena Borssoi e Lourdes Maria Werle de Almeida utilizam conceitos da Semiótica Peirceana para inferir como os signos interpretantes são produzidos quando atividades de modelagem ocorrem em um ambiente mediado por certos recursos tecnológicos.
No último artigo deste número Avaliando um Ambiente Virtual de Aprendizagem para as aulas de Ciências no nono ano a partir de percepções dos alunos os autores Roberta Dall Agnese da Costa, Caroline Medeiros Martins de Almeida e Paulo Tadeu Campos Lopes relatam um estudo de caso envolvendo 36 estudantes do nono ano. Os procedimentos utilizados na elaboração de um AVA que se tornou um componente complementar à disciplina de Ciências estão descritos. A análise dos dados da pesquisa foi feita através da estatística descritiva e, também, pelo emprego da técnica da análise de conteúdo de Bardin.
Convidamos os leitores da RBECT a conhecer os dez artigos, desejando a todos proveitosa leitura e frutíferas reflexões.
Profª Dra. Rosinéte Gaertner
2014
v. 7, n. 3 (2014)
É com muita satisfação que apresento o último número da RBECT do ano de 2014, o qual traz pesquisas inovadoras de ensino nas diversas áreas de ensino.
No primeiro artigo “ Análise da Produção Escrita em uma Prova de Matemática em Fases”, os autores André Luis Trevisan e Regina Luzia Corio de Buriasco abordam um estudo sobre a utilização de prova em fases, em uma turma do Ensino Médio como uma opção à forma de avaliação tradicional de matemática que, muitas vezes, serve apenas como instrumento de medida e de classificação para ser utilizada como orientação para o professor tomar de decisões em relação ao processo de ensino e, também para o aluno perceber as suas dificuldades, visando a proporcionar uma aprendizagem mais efetiva.
Com o segundo artigo “Uma Proposta à Luz do Conhecimento Científico e Habilidade Didática necessária ao Professor para o Ensino de Geometria não Euclidiana”, os autores Wanderley Pivatto Brum e Elcio Schuhmacher trazem uma contribuição, atribuindo competências e habilidades necessárias ao professor para inserir o ensino da Geometria não Euclidiana no Ensino Médio.
No terceiro artigo “Ensinando e Aprendendo Geometria Plana Através de Vídeo Educativo: Algumas Sugestões de Atividades Didáticas para Aulas de Matemática no Ensino Médio”, também é possível ver uma preocupação com o processo ensino e a aprendizagem, em que o autor Marcos Pereira dos Santos traz a utilização de vídeos educativos como sugestão de atividade didática para os professores de matemática do Ensino Médio na abordagem de conteúdos de geometria plana a partir da exibição do filme “Nas malhas da geometria”, propondo o desenvolvimento de trabalhos pedagógicos interdisciplinares, visando a construção do pensamento geométrico.
Em “Educação estatística e parâmetros curriculares nacionais: algumas considerações” quarto artigo deste número, os autores Danieli Walichinski, Guataçara dos Santos Junior, Eliana Claudia Mayumi Ishikawa, em uma revisão bibliográfica que tem como fonte de pesquisa os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais, bem como, algumas das produções mais relevantes da área de Educação Estatística, apresentam discussões acerca das orientações dadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para os conteúdos de Estatística, Probabilidade e Combinatória, por entender que esse documento é a principal referência para o professor, a fim de se efetivar o conteúdo de Estatística nas aulas de Matemática.
As ações didáticas para o Ensino a distância é refletida no quinto artigo “O lugar da didática no ambiente virtual de aprendizagem” em que a autora Bianka Pires André fala da importância de coordenadores de disciplinas, professores e/ou tutores atuantes em ensino a distância repensarem as ações didáticas dentro de ambientes virtuais, visando um novo tipo de aluno e a dar a estes uma formação de qualidade.
O sexto artigo “Jogos de empresas aplicados à formação profissional para o setor portuário: O Caso do Jogo do TECON” dos autores Suellem Deodoro Silva, Pitias Teodoro, Márcio de Almeida D'Agosto propõem a utilização do Jogo do TECON para apoiar o processo de formação profissional para o setor portuário.
No sétimo artigo “Cavernas e o desenvolvimento de práticas no estudo de ciências: um estudo com alunos do sexto ano escolar” os autores Marconi Souza Silva, Rodrigo Lopes Ferreira e Roberta Correa Damasceno trazem a prática do espeleoturismo consciente e características da fauna de cavernas como estratégia didática para promover a educação ambiental junto aos alunos da educação básica e, também avaliam a capacidade informativa de uma cartilha ilustrada.
Com um estudo bibliográfico Fabiana Pauletti, Marcelo Prado Amaral Rosa e Francisco Catelli no oitavo artigo “A importância da utilização de estratégias de ensino envolvendo os três níveis de representação da Química” propõem responder a seguinte questão: quais estratégias podem contribuir para coexistir os três níveis de representação (nível macroscópico, simbólico e microscópico) no ensino de Química? Devido a importância de o ensino abordar fenômenos químicos de forma concomitante entre os níveis de representação (nível macroscópico, simbólico e microscópico), pois entendem que isso poderá aproximar o conhecimento químico com o contexto do discente. Para tanto, os autores apresentam duas estratégias de ensino que abrigam esses níveis de representação: 1) aulas experimentais e 2) softwares computacionais.
No nono artigo “Perfil tecnológico de acadêmicos de cursos de licenciatura das ciências da natureza” os autores Silvio Luiz Rutz da Silva, Patrícia Sattin Garrouba Biégas, Jéssica da Silva Gaudêncio, Daniela Mayer Antunes, Alan Vaz Mainardes e Leticia Polli Glugoski, realizaram um estudo com 120 estudantes dos cursos de licenciatura em biologia, geografia, química e física da Universidade Estadual de Ponta Grossa para saber como eles utilizam os equipamentos tecnológicos que atualmente fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas (celulares, computadores de mesa, computadores portáteis e tablets.). Com isto pretenderam obter o perfil tecnológico destes acadêmicos. Como parte dos resultados evidencia-se que os futuros professores têm acesso amplo aos recursos tecnológicos, mas que não fazem uso em suas atividades de aprendizagem indicando, de maneira indireta, que o potencial das TICs no processo de ensino aprendizagem não tem sido explorado nos cursos de licenciatura.
No último artigo deste número “Engenharia Didática para o Teorema da Função Implícita: análises preliminares e a priori” o autor Francisco Regis Vieira Alves traz a proposta de se utilizar a engenharia didática como metodologia que venha auxiliar na prática pedagógica do docente com apoio da tecnologia, explorando adequadamente softwares para proporcionar um entendimento conceitual amplo inerente ao TFI.
Todos os artigos deste número trazem pesquisas de diferentes realidades e perspectivas. Desejo a todos uma boa leitura!
Profa. Dra. Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira
v. 7, n. 2 (2014)
Apresento, com muita satisfação, o sétimo volume - número 2 da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia. Ressalto, neste momento, a abrangência nacional e internacional deste periódico e sua relevância na divulgação das produções que abordam temas importantes sobre o ensino de ciências e tecnologia.
A circulação de ideias, a divulgação de experiências, a exposição de pressupostos teóricos e práticos e a apresentação de resultados, constituem ações importantes e necessárias entre os pesquisadores da área, que têm a oportunidade de expor à comunidade científica suas investigações e resultados. Da mesma forma, cada vez mais, professores da educação básica também se beneficiam dos textos aqui publicados, sobretudo os que tratam da apresentação e análise de contextos reais de sala de aula. Portanto a RBECT tem cumprido um papel fundamental para a pesquisa e a educação em nosso país, notadamente para a educação científica e tecnológica.
Abrindo o presente volume, temos o artigo Modelos científicos, modelos mentais, modelagem computacional e modelagem matemática: aspectos epistemológicos e implicações para o ensino, de autoria de Marco Antonio Moreira. Neste texto, a modelagem nos é apresentada como possibilidade para o ensino de Ciências e Matemática, almejando-se a aprendizagem significativa por parte dos estudantes. O autor propõe a utilização do “Vê” epistemológico de Gowin como estratégia instrucional.
O segundo artigo denomina-se Perspectivas de alunos do PROEJA sobre a utilização do Moodle na aprendizagem de matemática de Lisani Geni Wachholz Coan e Floriano Viseu. Os autores, a partir de atividades desenvolvidas na sala de aula e no ambiente virtual de aprendizagem, objetivam averiguar perspectivas dos alunos sobre as contribuições da utilização do Moodle à aprendizagem de conteúdos matemáticos. A pesquisa, com abordagem qualitativa interpretativa, trata de um estudo de caso com estudantes do PROEJA.
Os autores Fernanda Oliveira Simon, Renata Nascimento Nogueira e Flávio César Vicentin apresentam o terceiro artigo, intitulado Avaliação de livros de divulgação científica acerca da Mecânica Quântica. Neste texto, divulgam os resultados da avaliação de dez obras de divulgação científica que tratam da Mecânica Quântica para estudantes de um curso de engenharia, com foco nos seus conceitos fundamentais.
No quarto artigo, Práticas de EaD para cursos de extensão na área de tecnologia: um estudo de caso na Universidade Cruzeiro do Sul, de autoria de Octavio Cavalari Júnior e Juliano Schimiguel, encontra-se uma reflexão teórica sobre a prática dos cursos de extensão a distância e semipresenciais desenvolvidos por uma instituição de ensino superior. No texto, apresentam diversos contextos de ensino onde a EaD pode trazer contribuições para o processo de aprendizagem dos estudantes de tecnologia.
O quinto artigo, Um mapeamento de teses e dissertações sobre o processo de avaliação de Objetos de Aprendizagem: uma análise de conteúdo de autoria de Rosiney Rocha Almeida, Carlos Fernando Araújo Jr, Andréa Carla Leite Chaves e Cíntia Aparecida Bento dos Santos, apresenta uma pesquisa documental a partir do mapeamento de teses e dissertações que tratam da avaliação de Objetos de Aprendizagem, localizadas no banco de teses da Capes no período de 2002 a 2011. Utilizam como metodologia analítica a Análise de Conteúdo, a partir de duas unidades de análise: o contexto das avaliações e os seus enfoques.
Eduardo Galembeck e Juan Carlos Vega Garzon trazem o artigo Visibilidade de objetos educacionais desenvolvidos pelo Laboratório de Tecnologia Educacional (LTE) em cinco plataformas de distribuição de conteúdo digital. A partir deste texto, os autores objetivam apresentar uma análise da visibilidade atribuída a 196 conteúdos digitais desenvolvidos pelo Laboratório de Tecnologia Educacional em cinco plataformas de distribuição de conteúdo digital, entre elas, o Portal do Professor, BDC e o YouTube.
O sétimo artigo, intitulado O selo postal como objeto de divulgação das ciências, de autoria de Diego Andres Salcedo, nos traz uma interessante discussão sobre o selo postal como objeto de divulgação das ciências e a sua utilização pedagógica. O autor propõe a observação de selos comemorativos, sugerindo as categorias analíticas: Imagem Científica (IC), Imagem Tecnológica (IT) e Imagem Tecnocientífica (ITC), visando compreender o discurso científico nos níveis textuais e pictóricos.
O artigo das autoras Tania Renata Prochnow, Karina A. Latorre Castro Damasceno e Maria Eloisa Farias, denominado Educando para atitudes sustentáveis em Escola Estadual de Guaíba/RS e comunidade do entorno finaliza esta edição da RBECT. O artigo apresenta a divulgação de um projeto de sensibilização para a adoção de atitudes sustentáveis, valorizando-se o destino adequado de resíduos, com foco na conscientização em relação ao consumo na escola e seu entorno. As autoras ressaltam, ainda, o papel da escola na consolidação de ações ambientais de cuidado a longo prazo.
Os oito artigos que fazem parte deste volume contêm resultados e reflexões a partir de diferentes contextos de investigação, perspectivas teóricas e situações de ensino. Convido os leitores da RBECT a conhecê-los, desejando a todos proveitosa leitura.
Professor Doutor Edson Schroeder.
v. 7, n. 1 (2014)
Este fascículo da RBECT está majoritariamente focado nas tecnologias de informação e comunicação. Trata-se de uma eventualidade e não de uma determinação editorial. É razoável supor que o surgimento espontâneo de tantos artigos relacionados com as TIC deva-se à importância que essas tecnologias têm no atual momento dos processos de ensino e aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento. Dos dez artigos publicados neste fascículo, seis tratam sobre esse assunto Os outros quatro abordam a aprendizagem significativa e construtivista, a inserção de textos de divulgação científica em livros de ciências, o enfoque CTS, e a potencialização do ensino de ciências com literatura.
No artigo de abertura, Neci Iolanda Schwanz Kiefer e Luiz Alberto Pilatti apresentam um roteiro para a elaboração de uma aula significativa, um tema de extrema relevância no referencial teórico da teoria da aprendizagem de Ausubel. Os autores observaram especialmente aspectos relacionados com a validade e possibilidade de utilização da ferramenta por outros professores.
Assim como o primeiro, o segundo artigo apresenta uma perspectiva construtivista ao tratar a abordagem de resolução de problemas. Os autores, Verônica Tavares Santos Batinga e Francimar Martins Teixeira, realizaram um estudo de caso a partir da filmagem de quatro aulas de uma professora de química da 3a série do ensino médio. O problema proposto pela professora referia-se à combustão do álcool e tinha como objetivo introduzir o conceito de estequiometria em nível qualitativo. As autoras relatam que a professora adotou alguns elementos da perspectiva construtivista para abordar a resolução de problemas em sala de aula.
Sob o título “Análise do processo de reelaboração discursiva na incorporação de um texto de divulgação científica no livro de ciências”, Pedro Henrique Ribeiro de Souza e Marcelo Borges Rocha abordam um tema de grande relevância no ensino das ciências da natureza. A importância do tema, destacada em inúmeras publicações e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda não produziu repercussões em nossos cursos de formação de professores. Professores universitários e do ensino básico têm muita dificuldade para lidar com essa variante do processo de ensino e aprendizagem. Os autores deste trabalho investigaram uma importante componente do processo, qual seja a incorporação de textos de divulgação científica em livros didáticos de ciências. Suas análises sugerem uma redução significativa do texto de divulgação abordado quando inserido no livro didático considerado no estudo, fato este que reforça o papel do professor como mediador das atividades em que esses materiais são inseridos na sala de aula.
Em uma espécie de contrapartida ao artigo anterior, Awdry Feisser Miquelin, Nestor Cortez Saavedra Filho e Sam Adam Hoffman Conceição, apresentam uma reflexão teórica a respeito da influência do determinismo tecnológico no ensino de ciências, tendo como ponto de partida a trilogia Fundação de Isaac Asimov. Ou seja, trata-se aqui da transposição da temática ficcional para o contexto pedagógico da sala de aula. Os autores concluem “que esta obra pode ser utilizada por professores como forma de problematizar e enriquecer discussões em torno do determinismo tecnológico e o Ensino de Ciências para estudantes de diferentes níveis.”
O bloco de artigos relacionados com as tecnologias de informação e comunicação (TIC) inicia com “O Arborescer das TIC na Educação: da raiz aos ramos mais recentes”, assinado por Jefferson Fagundes Ataíde e Nyuara Araújo da Silva Mesquita, no qual apresentam “uma revisão bibliográfica no sentido de propor a descrição de parte da trajetória histórica das TIC na educação” para mostrar que “o progresso atual segueem direção à introdução maciça de tecnologias no ambiente escolar como reflexo à abrupta expansão do mercado tecnológico em consonância aos pressupostos ideológicos fundamentalmente aderidos ao capital. Nesse sentido, fortalece-se a preocupação das ciências sociais em justaposição aos estudos educacionais no sentido de promover uma apropriação mais crítica.”
No artigo seguinte, Washington Romão dos Santos, Jonathan Toczek e Solange Sardi Gimenes apresentam “as potencialidades que os ambientes virtuais proporcionam ao ensino presencial” na educação básica, concluindo que os “estudantes têm um novo espaço para tirar dúvidas, participar de discussões e construir seu próprio conhecimento com o professor acompanhando a construção coletiva”. Portanto, trata-se de um processo com uma perspectiva construtivista.
Em “Ĵigo: um editor de objetos de aprendizagem de temas de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)”, Marcelo Leandro Eichler e José Claudio Del Pino apresentam uma interessante ferramenta para criação de ambientes de ensino e aprendizagem colaborativa em temas relacionados ao meio ambiente. Apesar de sua abordagem específica neste artigo, a metodologia da proposta poderá ser utilizada em projetos de outras áreas. Como salientam os autores, o termo ‘ĵigo’, vem do esperanto, que sugere idéias de jogo, quebra-cabeça, jogo de paciência e puzzle.
Em “Vídeo em Libras: um estudo sobre produção e consumo de material audiovisual para a educação de surdos”, Maria Inês Batista Barbosa Ramo e Luiz Augusto Coimbra Rezende Filho relatam um estudo feito a partir do uso que professores da rede regular de ensino fazem do vídeo em libras “Sinalizando a Sexualidade”, produzido pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos. Para tanto, realizaram uma análise fílmica do vídeo, entrevistaram seus produtores e aplicaram um questionário a sete professores, e chegaram à conclusão de que os professores fizeram uma leitura do vídeo convergente com os objetivos estabelecidos por seus produtores.
Atividades lúdicas sob a forma de jogos pedagógicos vêm sendo investigados no ensino de ciências há décadas. Não surpreende o fato de que esse tipo de abordagem tenha crescido tanto com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação. Sérgio Choiti Yamazaki e Regiani Magalhães de Oliveira Yamazaki analisaram vários jogos de biologia, física e química e relataram suas avaliações no artigo “Jogos para o ensino de física, química e bilogia: elaboraçãoo e utilização espontânea ou método teoricamente fundamentado?”. Chegaram à conclusão de que “os jogos não se utilizam de pressupostos teóricos tanto na elaboração quanto na avaliação dos resultados, o que parece se constituir como uma questão problemática por levar à compreensão de que se trata de projetos com regras arbitrárias e inspirados em concepções socialmente incorporadas e espontâneas por natureza.” Pela importância que esse tipo de atividade supostamente tem para o processo de ensino e aprendizagem, a conclusão do presente artigo talvez motive estudos similares para aumentar a amostragem investigada e encaminhar conclusões estatisticamente mais significativas.
No último artigo deste fascículo, José Carlos Pinto Leivas e Juliana Aparecida Gobbi discorrem sobre “O software GeoGebra e a Engenharia Didática no estudo de áreas e perímetros de figuras planas”. O estudo teve como objetivo investigar como alunos realizam a construção do conhecimento de um assunto com a utilização do GeoGebra, e os autores concluíram “que a aplicação da sequência didática ajudou na aprendizagem dos alunos, pelas contribuições obtidas pelo uso do software, pois tornou as aulas dinâmicas e possibilitou o entendimento dos alunos sobre o cálculo de perímetros e áreas, completando uma lacuna existente do ensino da geometria.”
Carlos Alberto dos Santos
Professor Visitante Sênior CAPES-UNILA
2013
v. 6, n. 3 (2013)
A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia completa o sexto ano cumprindo com competência o papel de divulgação científica de trabalhos de pesquisadores do Brasil e do exterior. Nesta edição são apresentados 09 artigos aprovados pelo comitê editorial. Observamos trabalhos de diferentes regiões do país e grande diversidade de temas, tratados em diferentes pesquisas, que tem o ensino como foco principal. A abrangência dos temas coloca à disposição de professores e pesquisadores uma variedade de assuntos e abordagens relacionados a temas próprios ao dia a dia de sala de aula, assim como discussões teóricas acerca de temas relacionados ao ensino.
O artigo, que abre essa edição é resultado de uma investigação sobre associações entre as atitudes dos alunos em relação à Matemática e o desempenho obtido na disciplina. Em Desempenho e Atitudes em Relação à Matemática de Alunos do 6º Ano do Ensino Fundamental, Cicero Luciano Alves Costa e Cicera Vania Barros Costa utilizaram para análise a média dos três primeiros bimestres de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental da rede pública do município de Caririaçu, interior do Ceará. Os resultados apresentados são fundamentados por análise estatística dos dados.
Em Aspectos do Enfoque CTS no Ensino Profissional Técnico de Nível Médio em Feira de Ciências, Ana Lúcia Lopes Corrêa e Mauro Sérgio Teixeira de Araújo analisam a educação com os seguintes enfoques: Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Os autores fazem uma reflexão sobre a percepção construída por alunos e professores durante uma feira de ciências em uma instituição da educação profissional técnica de nível médio. O estudo é descritivo e de natureza quantitativa e os dados foram obtidos por aplicação de um questionário.
No artigo seguinte, Cristina Fátima de Jesus Silva Pires, Paulo Celso Ferrari e José Rildo de Oliveira Queiroz organizam quatro categorias de análise: curiosidade epistemológica, dialogicidade, aspecto aplicado do conhecimento científico e compreensão conceitual. Intitulado A tecnologia do motor elétrico para o ensino de Eletromagnetismo numa abordagem problematizadora, o artigo discute a inclusão de um objeto tecnológico nas aulas de Física ministradas pela primeira autora. A partir da inclusão do objeto são elaboradas questões que permitiram uma problematização inicial, a organização do conhecimento e a aplicação deste conhecimento. A pesquisa analisou dados obtidos do conteúdo do diário de campo e das respostas a um questionário.
O quarto artigo utiliza a “Depressão” como elemento para contextualização no ensino de Química. Os autores Danielle Silva Lima, Kathynne Carvalho Freitas, Ricardo Alexandre Figueiredo Matos e Márlon Herbert Flora Barbosa Soares, Wesley Fernandes Vaz no artigo Depressão e Antidepressivos: temas geradores para discussão de conceitos químicos no nível médio de ensino abordam conceitos relacionadas ao átomo e à estrutura molecular a partir de um tema gerador. A pesquisa foi desenvolvida em uma instituição da rede pública federal do Ensino Médio. Os resultados tomaram por base uma abordagem qualitativa descritiva dos resultados cujos dados foram obtidos por aulas gravadas em áudio e vídeo. Aplicou-se também um questionário aos alunos além das anotações no diário de campo.
Luciana de Lima Lemos e Maria Auxiliadora Soares Padilha apresentam, em Interações no Ensino Superior através da WEB 2.0: uma análise das condutas geradas no blog e Youtube, uma relação complementar entre as interfaces Blog e Youtube, que, segundo as autoras, favorecem o processo pedagógico online dos estudantes. Com base em uma abordagem qualitativa e exploratória são analisadas as atuações de um professor universitário que ampliou as discussões de sala de aula para as duas interfaces. São analisados os conteúdos das mensagens e publicações com objetivo de identificar as seguintes condutas: Pesquisa, Colaboração, Autoria, Afetivas, Informativas e de Reflexão.
O sexto artigo, Mapas Conceituais como Recurso Didático na formação continuada de professores dos primeiros anos do Ensino Fundamental: um estudo sobre conceitos básicos de astronomia, relata uma experiência em um curso de formação continuada para professores das séries iniciais do Ensino Fundamental. A partir da análise dos dados, os autores Luiz Marcelo Darroz, Cleci Teresinha Werner da Rosa, Alvaro Becker da Rosa e Carlos Ariel Samudio Perez reforçam a hipótese de que uma metodologia com enfoque em um conteúdo significativo é fundamental para despertar no aprendiz o prazer pela ciência, a construção de significado e a valorização do que está sendo aprendido. Os resultados apresentados tem por base a coleta e reunião de dados sobre a prática pedagógica de cada um dos participantes. Além disso, os autores procuram identificar estruturas cognitivas prévias para o ensino de conceitos básicos de astronomia. Inicialmente, solicitou-se que cada participante da pesquisa respondesse a um questionário, a partir do qual foram construídos mapas conceituais. Para a construção dos mapas foi utilizado o software Cmap Tools.
No artigo Rendimento escolar do aluno com Síndrome de Down (SD) após as férias de verão: influência da qualidade de vida e estimulação recebida da família, os autores Claudilene Pandorf, Josiane Mello, Antonio Carlos de Francisco, Ana Cláudia de Oliveira e Elson Heraldo Ribeiro Junior,relatam resultado de pesquisa sobre a influência da qualidade de vida vivenciada pelos alunos com SD durante as férias de verão e o rendimento escolar no período subsequente. A pesquisa utilizou o estudo de casos em três escolas, em classes com alunos com SD. Para a coleta de dados foram realizadas visitas às três escolas para encontros com alunos e professores, bem como às casas dos pais dos alunos com SD pesquisados, para aplicação de questionário e entrevistas.
André Coelho da Silva aborda no nono artigo a discussão sobre as inter-relações entre a tecnologia e a ciência. Uma Possível Associação entre Ciência e Tecnologia no Ensino de Ciências: o exemplo do telefone apresenta resultados de uma pesquisa bibliográfica na área de ensino de ciências por artigos que relacionam algum conteúdo da ciência a aspectos de artefatos tecnológicos contemporâneos. Por fim, o pesquisador apresenta uma proposta didática que discute elementos associados ao surgimento, ao desenvolvimento e ao funcionamento do telefone.
No último artigo, Priscila Sabino da Silva e Maurício Ferreira da Rosa relatam, em Utilização da ciência forense do seriado CSI no ensino de Química, como o uso de episódios de uma série de televisão pode motivar alunos do Ensino Médio ao estudo de Química. Os fragmentos de episódios das séries contextualizaram o estudo das reações de oxidação e redução, forças intermoleculares e separação de misturas, e cromatografia. A partir de um contexto os alunos fizeram experimentos em laboratório e ainda participaram de encenações de ambientes que de algum modo reproduziam fragmentos de cenas de crime exibidas inicialmente na série de televisão.
Prof. Dr. Francisco Roberto Pinto Mattos
v. 6, n. 2 (2013)
Temos a grata satisfação de apresentar mais uma edição da Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologias, já consagrada no meio científico por sua linha editorial e qualidade dos trabalhos que divulga. Desta feita, são dezoito artigos, os quais dividimos em dois grupos. O primeiro deles é constituído de seis artigos submetidos diretamente à revista e o segundo de doze, resultados de uma seleção realizada entre os trabalhos apresentados no 3º Simpósio Nacional de Ciência e Tecnologia – SINECT – na Universidade Tecnológica do Paraná, Campus de Ponta Grossa.
São apresentados artigos de diversos estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Pernambuco, Acre, dentre outros, numa diversificação grande de temas partindo da Educação Inclusiva, tema atual e de discussão nacional neste momento. Nesse artigo é apresentada uma análise qualitativa da produção brasileira sobre o tema, publicada em quatro periódicos de ampla abrangência nacional. A análise comprova que há pouca pesquisa a respeito e que o tema educação inclusiva se torna atual para investigações em Educação Matemática. Na sequência, um ensaio teórico discute o porquê da Filosofia, da História e Sociologia da Ciência poderem contribuir para a superação de um ensino de Ciência prático-utilitário. A discussão é feita à luz da Pedagogia Histórico-Crítica e seus autores defendem uma abordagem em que as três áreas articulem perspectivas internalista e externalista nos processos de ensino e de aprendizagem.
O terceiro artigo contempla ações elaboradas, a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, sobre a aplicação de uma síntese do biodiesel etílico a partir do óleo de frituras doado por estudantes. O quarto artigo teve por objetivo observar aulas de Biologia no Ensino Médio, utilizando a técnica da controvérsia controlada, verificando se os estudantes obtiveram maior ou menor senso crítico a respeito do tema controverso proposto. O estudo de caso, constante do quinto artigo, trata de uma proposta de abordagem de funções da Química Orgânica, no caso abordando medicamentos, no Ensino Médio de uma escola pública. Foi comprovado, com a pesquisa realizada, que a utilização da estratégia didática utilizada favoreceu a aprendizagem de conceitos, o desenvolvimento de habilidades e motivação para o estudo de Química. Finalizando o primeiro grupo de artigos, é analisada uma intervenção pedagógica quanto ao papel do professor e do aluno num curso de formação em grau de Mestre em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico. Foram identificados, por meio da análise dos diários de aula, conjuntos de categorias quanto aos dois papeis na abordagem das ciências.
O primeiro artigo dos doze que compõem o segundo grupo trata de estudo histórico sobre a tendência de pesquisa educacional denominado Movimento para Ciência, Tecnologia e Sociedade - CTS, o qual é constituído de movimentos sociais e políticos que visam tomada de consciência e maior participação dos cidadãos em decisões envolvendo ciência e tecnologia. O artigo seguinte aborda pesquisa realizada com 30 professores em serviço que cursavam uma disciplina de Educação Ambiental num Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. A metodologia utilizada foi utilização de vídeos digitais para desencadear o processo de ensino e de aprendizagem. Possíveis conexões entre Educação Matemática e Semiótica é o tratado no terceiro artigo deste grupo, na qual os autores utilizam a pesquisa bibliográfica para apresentar histórico sobre a Ciência da Semiótica e, também, as contribuições filosóficas para a Educação Matemática de Charles Anders Peirce. No quarto artigo, as autoras utilizam o sistema massa-mola para realizar um experimento utilizando o GeoGebra no tratamento do tema função, de forma dinâmica. Utilizam representações semióticas de Duval, acreditando que essa forma de abordar o assunto possa proporcionar uma melhor compreensão do objeto matemático.
O quinto artigo utiliza a rede social Facebook como forma de atingir os educandos, pelo interesse que as redes despertam nas pessoas atualmente, não podendo o professor deixar de estar atualizado e trazer as inovações para a sala de aula, diversificando suas metodologias de ensino. O sexto artigo trata do meio ambiente em uma pesquisa utilizando o jogo Trilha Ecológica Capixaba, mostrando, por meio de uma pesquisa qualitativa, como alunos de 6º ano do Ensino Fundamental realizam a atividade. O sétimo artigo trata de uma proposta de discussão em uma sala de aula com estudantes do Ensino Médio a respeito de conceitos de ética animal, dentro do conteúdo de Ecologia Geral. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, o oitavo artigo discute sobre o porquê e para quê ensinar Ciências desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. As autoras concluem que investigar em educação científica, desde os anos iniciais, é primordial para a construção de uma sociedade democrática, economicamente produtiva, mais humana e sustentável.
O Programa Ciência Vai à Escola visa a aproximar a Universidade das Escolas de Educação Básica por meio de exposições itinerantes, palestras, cursos e oficinas em diversos locais, tanto acadêmicos, escolares ou públicas. Esse é o tema que aborda o artigo 9. Já o artigo dez apresenta uma pesquisa exploratória por meio de levantamento bibliográfico, na qual é analisada a abordagem da Promoção da Saúde envolvendo as séries iniciais do Ensino Fundamental. No artigo onze é feito um estudo quantitativo sobre o grau de motivação e estratégia pessoal de estudo da disciplina Física entre alunos do Ensino Médio, curso técnico e engenharias. Analisa também a realização de atividades práticas em laboratório. Completando o elenco, o artigo doze, intitulado “Uma prova de amor: o uso do cinema como proposta pedagógica para contextualizar o ensino de genética no ensino fundamental”, trata de um estudo de caso em que os autores aplicaram uma sequência didática envolvendo o filme “Uma prova de amor” no ensino de genética básica para uma turma de 8º ano do Ensino Fundamental, tendo havido a conclusão que a metodologia mostrou-se relevante no processo de ensino aprendizagem.
Esperamos que os trabalhos aqui apresentados possam ser úteis para investigações futuras, bem como para o professor na reflexão e elaboração de suas aulas, uma vez que todos eles estão abordando o ensino em diversas vertentes. Desejamos a todos uma excelente leitura.
Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivasv. 6, n. 1 (2013)
Ao dar início a mais um volume seu, a Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia vem cumprindo seu papel na difusão e amadurecimento do ensino em ciências e nas mais diversas tecnologias. Ao longo dos seus cinco anos de existência teve a oportunidade de dar voz a pesquisadores do Brasil e do exterior nas mais diversas modalidades de ensino, do infantil à pós-graduação e em uma diversidade de áreas de ensino pertinente ao seu escopo.
A notícia alvissareira que marca o início desse sexto volume é a inserção da revista no estrato B2 na área de ensino segundo a classificação de periódicos promovida pela CAPES e que vem norteando a produção acadêmica no país. Tal classificação reflete o reconhecimento por parte da comunidade acadêmica da seriedade, competência e qualidade com que a RBECT vem conduzindo sua atuação.
Nessa edição, além dos artigos submetidos à avaliação e aprovados pelo comitê editorial, são apresentados em caráter extraordinário os artigos selecionados e apresentados na Jornada Francesa e na Jornada Brasileira da Association Euro-latino-américaine Mathématiques du Monde Réel- M2REAL que aconteceram em Lyon – França, em 2009 e em Ponta Grossa – Brasil, em 2010.Dessas jornadas, foram selecionados 10 artigos, tanto em língua francesa como em língua portuguesa, versando sobre a aplicação da matemática nos mais variados campos do conhecimento. Desde o uso da matemática na psicologia, o ensino de cálculo diferencial usando mapas conceituais ou a previsão de marés a partir da teoria de Laplace, esses trabalhos contribuem para o entendimento e reflexão do uso da matemática nos mais variados campos da vida real.
Na primeira parte, seis novos trabalhos compõem seu arcabouço. Baseadas nos conceitos da aprendizagem significativa, Barreto e Teixeira, da Universidade Federal Fluminense, buscam o entendimento sobre as concepções prévias de alunos de primeiro ano em curso superior da área de saúde a respeito do sistema imunológico.
A preocupação com o conhecimento prévio dos alunos, porém tratando de alunos de séries iniciais é o mote do trabalho de Castro e Bejarano. Utilizando-se dos conceitos de Vygostsky acerca do desenvolvimento da criança, foram aplicados questionários a fim de se obter informações sobre os conhecimentos prévios dos estudantes com respeito aos seres vivos, possibilitando obter informações sobre os conhecimentos prévios dos estudantes sobre o tema.
No terceiro artigo, os autores, oriundos da Universidade de Londrina e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Londrina, analisando um universo de 17 professores de matemática atuantes no ensino de jovens e adultos (EJA), buscam compreender a crença e opiniões desses em relação à matemática ao EJA.
Promover uma revisão bibliográfica a respeito do ensino de física moderna no ensino médio é a proposta de Silva, Arenghi e Lino, o quarto artigo apresentado. Ao fazer uma análise de conteúdo em trabalhos publicados nos últimos dez anos em torno dessa temática, os autores comparam tais publicações com as justificativas apresentadas nos documentos e diretrizes oficiais.
Costa e Pinheiro desenvolvem uma análise dos PCNs, publicados em 1997, suas premissas e orientações para os primeiros anos do ensino fundamental. Concluem as autoras que após 15 anos os PCNs atendem as necessidades atuais da educação, sendo considerado que as fragilidades ainda presentes nas escolas brasileiras podem ser associadas à dificuldade de concretização de tais propostas.
Ao encerrar esse número, Lombardi, Schulz, Navarro e Fontes, vinculados à escola de engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, analisam como é feita a abordagem da grandeza tensão normal no ensino da mecânica dos fluidos por autores da área, propondo uma outra abordagem para tal análise, baseados nas propriedades escalares e vetoriais dessa grandeza.
Boa leitura e excelentes reflexões!
Luis Mauricio Martins de Resende
2012
v. 5, n. 3 (2012)
Editorial
Com satisfação trazemos a público o volume 5, número 3 da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia. Guiados pelos propósitos deste periódico, que dentre outras questões, possui o compromisso de disponibilizar aos docentes, pesquisadores e estudantes da área, temas relevantes, capazes de instigar a reflexão crítica ao mesmo tempo em que propiciam subsídios para fundamentar suas práticas pedagógicas, foram selecionados artigos que abordam temas como a modelagem matemática e a formação de engenheiros; estratégias para o ensino da matemática; os conteúdos básicos de física analisados à luz da proposta curricular do estado de Minas Gerais; proposta de uma abordagem concreta da sexualidade para a educação; metodologias para o ensino de zoologia; e o estudo de caso para o ensino aprendizagem de química.
No primeiro artigo intitulado La Modelación Matemática En La Formación Del Ingeniero a autora Patricia Camarena Gallardo, pesquisadora do Instituto Politécnico Nacional do México, parte da questão que a modelagem matemática não tem sido incorporada formalmente aos ambientes de aprendizagem e apresenta uma estratégia didática para incorporá-la ao contexto dos cursos de matemática, caracterizando-a como elemento chave na formação de engenheiros.
Em ‘O “Conteúdo Básico Comum”: uma análise linguística da Proposta Curricular de Minas Gerais’, segundo artigo do volume, são apresentadas reflexões acerca de uma análise pormenorizada dos elementos linguísticos do CBC da disciplina de Física, que apresenta uma proposta diferenciada, materializada nos textos dos módulos didáticos, orientações pedagógicas, roteiros de atividades, bem como na própria Proposta Curricular de Física. Assim, para as autoras Catarine Caum e Tatiana Galieta os resultados indicam que a composição linguística do CBC está relacionada à caracterização de seus materiais como um gênero de texto didático. Destacam a importância da formação adequada do professor para saber fazer a mediação deste e de qualquer outro material didático em suas atividades de planejamento e execução de aulas afim de aproveitar suas qualidades e rejeitar suas superficialidades.
O terceiro artigo desta edição é apresentado pelas autoras Virginia Iara Andrade Maistro e Vera Lucia Bahl Oliveira sob o título Ações concretas e aproximações necessárias do pro jovem urbano quanto à abordagem da sexualidade. Nele a escola é destacada como espaço sexualizado, cujo papel deve ser o de abordar sem preconceitos e de forma reflexiva as questões da sexualidade. Nesse sentido, reafirmam como propostas do Projovem Urbano, aliar formação e ação no interior de um espaço institucionalizado socialmente, estimular o exercício da cidadania, garantir a dignidade do ser humano, favorecer o respeito à diversidade de valores, crenças e comportamentos relativos à sexualidade, ajudar a compreender a sua dimensão saudável, a desenvolver uma consciência crítica e a tomar decisões responsáveis a seu respeito, oferecem assim uma reflexão sobre o papel dos educadores na educação sexual dos jovens.
As pesquisadoras Marta Burda Schastai, Sani de Carvalho Rutz da Silva e Maria de Fátima Mello de Almeida apresentam o quarto artigo, intitulado “Resolução De Problemas – Uma Perspectiva No Ensino De Matemática”. Abordam as possibilidades da inserção da Resolução de problemas como eixo articulador entre o conhecimento do aluno e o conhecimento matemático em resposta à questão “Como explorar o Ensino da Matemática a partir da Resolução de Problemas e da prática social dos conteúdos? ”Apresentam, também, os resultados da implementação do Curso de Formação para Professores do 6º ano da Rede Estadual de Ensino visando o desenvolvimento de habilidades de escrita e análise de problemas.
A diversidade característica do Filo Arthropoda e de sua variedade de formas, conceitos e funções é tratada no quinto artigo “Modelagem didática tridimensional de artrópodes, como método para ensino de ciências e biologia”, de autoria de Joallyson Gonçalves Beserra e Carlos Henrique de Brito, o texto apresenta os resultados obtidos com o desenvolvimento e utilização de modelos didáticos tridimensionais, como metodologia alternativa para o ensino da zoologia.
Por último, o sexto artigo destaca o estudo de caso como estratégia de aprendizagem para o ensino de química, em que os alunos são expostos ao contexto de novas realidades de modo a serem levados a refletir sobre a problemática apresentada, buscar novos conhecimentos para resolução de problemas abordados, e se apropriar de conceitos científicos. “Estudo de Casos: Um Recurso Didático para o Ensino de Química no Nível Médio”, traz como autoras Fabiele Cristiane Dias Broietti, Flaveli Aparecida de Souza Almeida, Renata Cristina Mello Alves Silva.
Desejo a todos uma leitura proveitosa!
Ponta Grossa, dezembro de 2012.
Marcia Regina Carlettov. 5, n. 2 (2012)
A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia em seu Volume 5, Número 2 abre com o artigo Análisis documental en los servicios de informacion exploración de repertorios y revisiones bibliográficas sob autoria de Jorge Víctor Miguel Zarycz, Jorge Orlando Codutti e Natalia Cristina Zary. Este trabalho tem por objetivo descrever, a partir de um desenvolvimento conceitual e empírico do repertório bibliográfico e das revisões de literatura, a relevância destes aportes para investigação científica na área de qualquer conhecimento. Os autores afirmam que tais noções são utilizadas de forma conveniente e enriquecedora, como fonte para validação e legitimação de qualquer artigo científico.
O segundo artigo é de autoria de Maria Aparecida Viggiani Bicudo, intitulado A pesquisa em educação matemática: a prevalência da abordagem qualitativa, o qual nos apresenta a importância da pesquisa qualitativa para a educação matemática. Dessa forma, a autora, além de discutir o significado do termo qualitativo, adjetivo que qualifica a pesquisa, procura também esclarecer o porquê da prevalência desse tipo de pesquisa em termos epistemológicos e aos concernentes à realidade do objeto investigado, que dizem respeito à concepção de educação e de ser humano em formação.
O Tema Meio Ambiente e sua inserção em duas coleções de livros didáticos de Matemática para os anos finais do Ensino Fundamental é o título do terceiro artigo, cuja autoria é de Karine Machado Fraga de Melo e Claudia Lisete Oliveira Groenwald. Neste artigo as autoras investigam como o tema transversal Meio Ambiente é explorado nos livros didáticos de Matemática e se colaboram para uma educação mais crítica acerca dos conhecimentos matemáticos. Para tanto, duas coleções de Matemática, adotadas por escolas estaduais de Porto Alegre, no Estado do RS, foram analisadas. Os resultados evidenciam que a abordagem do tema transversal Meio Ambiente está presente nos livros didáticos de Matemática, em sintonia com a proposta sugerida nos PCN, proporcionando ao educando de um lado, a aquisição do conceito das técnicas e algoritmos e de outro estimulando a discussão e a percepção do contexto social.
Ana Paula Sebastiany, Michelle Camara Pizzato, José Claudio Del Pino e Tania Denise Miskinis Salgado são autores do quarto artigo, cujo título é Visitando, pesquisando, aprendendo e brincando: uma revisão de atividades para o ensino informal de ciências. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão acerca do papel do ensino informal em ciências. Dessa forma, os autores verificam a importância das atividades desenvolvidas em espaços não-formais para a demonstração ou a simulação de fenômenos científicos. Afirmam que as pesquisas em educação em ciências sobre ensino formal e informal buscam a compreensão de como as aprendizagens acontecem fora da escola com a intenção de construir um referencial teórico para essas práticas e processos de educação.
O potencial didático dos textos de divulgação científica segundo professores de ciências, de autoria de Marcelo Rocha é nosso quinto artigo. Seu objetivo é de investigar aspectos da contribuição da divulgação científica em situações de ensino. Para tanto, o autor identificou e analisou uma prática valorizada pelos professores procurando avançar no entendimento das suas motivações e aprender com suas experiências. Diante de tal prática, as principais considerações dos professores foram: contribuição para a formação do aluno, aumentando seu vocabulário e seus conhecimentos; enriquecimento das aulas, na medida em que possibilita a troca de ideias entre professor e alunos; e possibilidade de atualização pedagógica.
Fabiane Fabri e Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira nos trazem o último artigo dessa edição, intitulado Alfabetização Científica e Tecnológica nos Anos Iniciais a partir do tema Lixo Tecnológico. O objetivo desse trabalho foi o de contemplar a problemática do lixo tecnológico para trabalhar a temática Ambiente, visando a Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT) no ensino de Ciências, numa abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Dentre as atividades organizadas pode-se citar: a visita a uma cooperativa de reciclagem, apresentações de mini-aulas pelos alunos, confecção de fôlderes, produções escritas. As autora comentam que a principal contribuição das atividades desenvolvidas foi a possibilidade de reflexões por parte dos alunos sobre as questões sociais do desenvolvimento científico e tecnológico, porém enfatiza-se a necessidade de que essas reflexões continuem ocorrendo durante a sua vida escolar, pois se acredita que só dessa forma a postura reflexiva acerca da Ciência e da Tecnologia será internalizada.
Boa leitura !
Ponta Grossa, agosto de 2012
Nilcéia A. M. Pinheiro
v. 5, n. 1 (2012)
Atualmente, grande número de eventos científicos (seminários, simpósios, congressos, encontros...) nas áreas de Educação, Ciência, Tecnologia, dentre outros, estão sendo realizados, com o objetivo de fornecer aos educadores referenciais teóricos que possam fundamentar suas práticas pedagógicas, criando um espaço dinâmico de intercâmbio de experiências, fruto da produtiva convivência professor & aluno no ambiente educacional.
Todavia, no momento em que o professor retorna a sua escola e se depara com sua realidade, problemas específicos emergem, ou seja, agora ali sozinho, o educador sente o peso de sua responsabilidade ao entrar em cada sala, onde diferentes histórias de vida – alunos- e interesses vários (expectativas de ambos os lados) se unem, se divorciam, se aglutinam, se distanciam.
Para enfrentar tal realidade, o professor precisa “alimentar-se cognitivamente”, a fim de sentir-se seguro em sua prática e, assim, ser capaz de analisá-la e, com seus companheiros de caminhada, elaborar estratégias a serem utilizadas em sua realidade, ou seja, os professores precisam por meio de leituras, de participação em momentos de trocas de experiências, adaptar essas ao seu contexto de atuação, pois só assim verá resultados desejáveis se efetivando. Sabemos que a época em que o professor recebia “receitas prontas” de práticas que deram certo e, portanto, deveriam ser reproduzidas, já passou. Hoje, grande parte de nossos docentes realizam trabalhos significativos, entretanto, não divulgados. Essas práticas não são socializadas, impossibilitando que outros docentes tenham acesso a essas experiências, o que poderia auxiliá-los, e muito, na resolução de alguns de seus problemas pedagógicos.
Uma das possibilidades de divulgação dessas práticas é por meio da publicação em revistas científicas de artigos que contemplem essas experiências, tendo como suporte um referencial teórico que auxilie na análise dos dados apresentados. A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia da UTFPR - Campus Ponta Grossa/PR, visa divulgar pesquisas (práticas ou teóricas) que tenham por objeto o processo de ensino e de aprendizagem, resultante de uma ação reflexiva, crítica e inovadora para a atuação profissional do docente, auxiliando na produção de conhecimentos e de novas estratégias pedagógicas.
Para esta edição foram selecionados artigos que contemplam as temáticas: formação de professores, experimentos didáticos, materiais alternativos, aquisição de conceitos, dificuldades discentes, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), dentre outros.
O primeiro artigo, Avaliação de um grupo de formação continuada de professores de Física na perspectiva da investigação de necessidades formativas, dos pesquisadores João Ricardo Neves da Silva, Polônia Altoé Fusinato, Alex Lino e Ana Maria Osório Araya, apresenta experiência desenvolvida com um grupo de professores, no qual discutiram questões referentes ao Ensino de Física, a fim de elaborar, coletiva e reflexivamente, a partir de referencial teórico, práticas significativas no ensino dessa disciplina.
Também preocupado com a temática Formação de professores, o pesquisador Guilherme Henrique Gomes da Silva, em seu artigo Ambientes de Geometria Dinâmica: Potencialidades e Imprevistos, descreve resultados de pesquisa realizada com licenciandos de Matemática, a fim de observar seus comportamentos, reações e atitudes diante de situações imprevistas que emergiram quando da exploração de um software de geometria dinâmica em uma oficina realizada com alunos do ensino médio.
Fornecer ao docente subsídios que lhe permitam a utilização de recursos didáticos que tornem o processo de ensino e de aprendizagem significativos e prazerosos foi um dos desafios dos pesquisadores Felipe do Espírito Santo Silva Pires, Tania Cremonini de Araujo-Jorge e Valéria da Silva Trajano, relatado em seu artigo Avaliação sobre o uso do programa PowerPoint em sala de aula por estudantes da educação básica na rede pública. Para tanto, utilizaram, no período de um ano, durante as aulas diferentes TIC (Power Point, TV e vídeo, INTERNET, rádio e livro), destacando sua importância quando da coerente e planejada utilização.
O quarto artigo, O problema dos teoremas-em-ação sobre a força de atrito na disciplina de física geral para graduação é um alerta a todos nós, docentes, com relação à forma como nossos alunos adquirem conceitos a eles transmitidos por nós e como essa aquisição auxilia/dificulta no momento da resolução de problemas, especificamente, nesta pesquisa, relacionados ao tema atrito. Para isso, seus autores Thaís Rafaela Hilger e Ângelo Mozart Medeiros de Oliveira analisaram exercícios realizados por alunos da disciplina Física Geral, nos quais os discentes apresentaram dificuldades em atribuir sentido e direção às forças de atrito.
O quinto artigo - Extração e separação cromatográfica de pigmentos de pimentão vermelho: experimento didático com utilização de materiais alternativos - também apresenta a temática aquisição de conceitos. Seus autores - Juliano Carlo Rufino Freitas, Jucleiton José R de Freitas, Ladjane Pereira da Silva e João R de Freitas Filho – desenvolveram experimentos didáticos, envolvendo a extração e separação cromatográfica de pigmento de pimentão, por meio da utilização de materiais alternativos. Tais experimentos permitiram aos discentes a compreensão de conceitos como misturas, substâncias, solubilidade, polaridade e de funções orgânicas, proporcionando assim, conforme palavras dos próprios autores, “uma correlação entre a Química e o cotidiano”.
Ninguém discute a importância de introduzirmos em nossas aulas as TIC como parceiros do processo educacional. Entretanto, é necessária uma análise rigorosa de sua utilização, pois a simples presença de novas metodologias em sala de aula não é garantia de aprendizagem. No sexto capítulo desta revista vemos a preocupação do pesquisador Rogério Antonio de Paiva, em seu artigo A WebQuest e a Taxonomia Digital de Bloom como uma nova coreografia didática para a educação online, em analisar a contribuição da WebQuest como estratégia de ensino e de aprendizagem, particularmente na Educação a Distância.
O artigo Detetive da saúde: a contribuição de um jogo de tabuleiro para o ensino e a aprendizagem na área da saúde dos pesquisadores José Fabiano Costa Justus e Antonio Carlos de Francisco encerra nossa revista com um “convite” a introduzirmos em nossas aulas atividades lúdicas, sim, jogos, mas com objetivos determinados e acompanhamento do professor a fim de que essa estratégia de ensino possa também contribuir com o processo de ensino e de aprendizagem, especificamente, nesta pesquisa, no estabelecimento de relação entre os conceitos apresentados pelo docente de um curso Técnico em Farmácia e sua prática profissional.
Esperamos que durante sua “passagem” por esses artigos visualize muito de suas práticas, de seus desejos, de suas indagações, de seus ideais, ou seja, muito do nosso cotidiano de educadores e, nessa identificação sinta-se convidado a participar conosco dos muitos encontros que continuarão sendo organizados para nos subsidiarem, mas que, principalmente, sinta-se convidado a enviar-nos suas experiências significativas para, quem sabe, na próxima edição desta, ser um colaborador que nos auxilia na construção/divulgação de práticas/reflexões sobre o Ensino de Ciências e Tecnologia.
Boa leitura!
Ponta Grossa, maio de 2011
Rita de Cássia da Luz Stadler
2011
v. 4, n. 3 (2011)
A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, vem na publicação desse número, completar quatro anos de existência na área acadêmica. Ao longo desse tempo, tem procurado divulgar pesquisas que possam contribuir na atuação profissional do docente, auxiliando na produção de conhecimentos e de novas estratégias pedagógicas, que permitam o ensino da ciência e da tecnologia.
Dessa forma, esse número é iniciado com o artigo intitulado “Uma revisão da literatura sobre a pesquisa em ensino de Mecânica Quântica no período de 1999 a 2009” sob a autoria de Glauco Cohen Ferreira Pantoja, Marco Antonio Moreira e Victoria Elnecave Herscovitz. Tal artigo, visa a apresentar uma revisão da literatura acerca das pesquisas que vem sendo desenvolvidas no Ensino de Mecânica Quântica (MQ) entre os anos de 1999 a 2009. Para melhor expressar o trabalho, os autores procuram classificar tais produções chegando a cinco grupos: propostas didáticas, implementações de propostas didáticas, estudos de concepções, análise curricular e críticas aos cursos introdutórios de MQ e análise teórica/epistemológica. Os autores, após realizarem a coleta e análise das produções, revelaram que houve um aumento progressivo, dentro das categorias pré-estabelecidas, no número de produções voltadas para o Ensino de Mecânica Quântica.
Na continuidade temos o trabalho sob o título de “Concepções Sobre o Conhecimento Tecnológico e a Estrutura Curricular dos Cursos Técnicos”, cujos autores são Saul Silva Caetano e Irlan von Linsingen. Neste artigo, os autores realizam algumas considerações acerca das propostas de estrutura curricular dos cursos técnicos, tendo em vista as concepções docentes referentes ao processo de produção do conhecimento tecnológico. Nesse sentido, os autores apresentam interpretações do que é tecnologia e as suas relações com a ciência, destacando algumas das contribuições epistemológicas de Bachelard e Fleck. Sob esse referencial apresentam considerações sobre as estruturas dos cursos técnicos que surgiram após a reforma da educação brasileira, iniciada na segunda metade da década de 1990.
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no cotidiano escolar das séries iniciais: panorama inicial é o título do terceiro artigo presente nesse número da RBECT. De autoria de Mariane Elisa Weinert, Siumara Aparecida de Lima, Isabel Ribeiro Gravonski e Herivelto Moreira, esse trabalho procura identificar a visão dos professores do segundo ciclo do Ensino Fundamental sobre o uso das tecnologias na sala de aula. Após realizar o trabalho de entrevistas, os autores puderam verificar que as tecnologias são utilizadas pelo professor como suporte para a apresentação de um conteúdo, como recurso atrativo para o processo de aprendizagem e pelo aluno nas aulas de informática. Ressaltam haver a necessidade do uso das tecnologias de modo responsável, ou seja, contribuindo para a educação. Dessa forma, os autores reiteram que as discussões feitas nesse trabalho servem de fonte para se buscar novas alternativas de formação dos professores, permitindo que estes possam melhor compreender o saber tecnológico em sua aplicação pedagógica como instrumento de construção do conhecimento tanto para professores e alunos.
Os autores Alex Lino e Polonia Altoé Fusinato nos apresentam, o artigo “A influência do conhecimento prévio no ensino de Física Moderna e Contemporânea: um relato de mudança conceitual como processo de aprendizagem significativa”. Neste trabalho, os autores buscam verificar se o ensino de Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio pode ser potencialmente significativo quando inserido de forma conjunta com o ensino de Física Clássica. Para tal estudo, foram selecionados assuntos que têm em comum os conceitos de calor e energia. As aulas foram preparadas com base na teoria de Aprendizagem Significativa de David Ausubel e incluídas na grade da disciplina Física. Os autores concluem que é possível a inserção de Fisica Moderna e Contemporânea no Ensino Médio, desde que esses assuntos sejam inseridos no contexto das limitações dos conceitos clássicos como solução e continuidade do estudo da Física, podendo mudar a concepção do aluno acerca dessa ciência.
O artigo “Abordagem das propriedades coligativas das soluções numa perspectiva de ensino por situação-problema” de autoria de Valéria Barboza Veríssimo e Angela Fernandes Campos, busca identificar e avaliar as ações de aprendizagem dos estudantes e as atitudes deles durante o processo de resolução de uma situação-problema (SP) relacionada com alguns aspectos das propriedades coligativas das soluções. Assim, os autores consideraram as orientações de Meirieu para construção de uma situação-problema (SP), contemplando os procedimentos: elaboração da SP; elaboração de um questionário de concepções prévias e de um texto intitulado “Água: soluções e propriedades”; elaboração de atividades experimentais; e análise das respostas dos estudantes à situação-problema. A partir da análise da estratégia desenvolvida, os autores concluem que tal abordagem propiciou uma participação ativa dos alunos com oportunidades para levantamento de hipóteses e questionamentos em direção a resolução da situação-problema, bem como possibilitou a interpretação de dados, o uso da linguagem cientifica e a argumentação, que contribuíram para uma formação mais autônoma.
Encerrando este número o artigo “ Desvendando a ecologia local: Atividades interativas”, tem como autores Janilda Pacheco da Costa Antonio Carlos Concellos Sonia Peres e Gerlinde Agate P. Brasil Teixeira. Neste trabalho, os autores relatam uma ação educativa desenvolvida em uma escola pública de Maricá, RJ, onde foi observado que a comunidade não valorizava o ambiente natural no seu entorno apesar da região possuir diversas áreas de preservação ambiental. Para tanto, foram propostas e realizadas várias estratégias educacionais que envolveram o conhecimento das áreas naturais existentes na região, a saber: Restinga, Mata Atlântica, complexo lagunar e sistema costeiro. Durante a ação, os autores observaram que os estudantes demonstraram uma mudança no olhar não só para as questões ambientais (antes discutidas de forma distante em sala de aula), mas também para a conservação do ambiente local. Desta forma, os autores puderam confirmar que o uso de ações interdisciplinares associadas à utilização de estratégias educacionais variadas permitem o alcance de resultados significativos no ensino e aprendizagem.
Aproveito o findar desse número, para agradecer aos pesquisadores que tem depositado sua confiança em nosso periódico ao nos agraciar com a submissão de seus artigos.
Ponta Grossa, dezembro de 2011
Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro
v. 4, n. 2 (2011)
A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia em seu vol.4, número 2 configura-se em um vigoroso conjunto de produção acadêmica. As discussões de ideias, metodologias, resultados de investigação enveredam-se em múltiplas abordagens e abrem sendas com o propósito de instigar a reflexão e compreensão dos caminhos da ciência e da tecnologia e as questões candentes no Ensino de Ciência e Tecnologia em nosso país. Neste número, a história e epistemologia da ciência põem foco sobre as concepções e mudanças que aí se engendram. Nesse contexto os pesquisadores propõem interpretar as novas configurações desenhadas na contemporaneidade, sobretudo tendo em base contradições implícitas.
Assim os conceitos de educação tecnológica, redes colaborativas de ensino de ciência, geração e cultura científica constituem-se grelha de leitura para vislumbrar as contribuições daqueles que refletem a educação nas suas várias acepções e dimensões.
Esta coletânea contém pautas e sugestões de projetos inovadores no âmbitodo ensino de ciência e tecnologia, entendendo que o processo educativo envolve sujeitos e deve ser promotora de visão crítica e emancipadora. Sob esse prisma as problematizações de pesquisas elegem o saber como substantivo e ação em dialogicidadena construção e (des)construção de saberes intra e interdisciplinares.
A linearidade da aplicação de metodologias estabelecidas e o papel do professor inovador abarcam a primeira discussão da presente revista. Conduzida por UBERTI e CURY é enfocada no sentido de desmisticar metodologias como a do emprego de jogos em:“Uso de jogos e análise de erros em resoluções de equações: uma experiência com alunos de 6ª série do Ensino Fundamental”. As autoras apontam que o uso de jogos surgiu com o objetivo de buscar formas de despertar o interesse de uma turma de alunos pela Matemática e consideram que a aplicação dos jogos possibilitou aos estudantes a aprendizagem de equações, inequações e sistemas de equações, a superação de dificuldades anteriormente apresentadas e o desenvolvimento de habilidades e valores individuais e coletivos.
Em: “Mídia e Educação - Resgate da Produção Acadêmica em Cursos de Pós-Graduação Brasileiros (2005-2009)”, TEIXEIRA e LEYSER da ROSA debruçam sobre fontes de papéis para identificar as principais tendências das investigações nesse campo e sinalizam possibilidades para futuros estudos. Ao reconstruir a historiografia das relações entre mídia e educação a partir das produções acadêmicas (na forma de teses e dissertações) realizadas no período de 2005 e 2009, os pesquisadores adentram a seara da história e os modos de fazê-la. Vem a baila a concentração de medidas para evidenciar indicadores de qualidade das produções nessa temática.
No terceiro estudo, o autor TRÉZ questiona a postura histórica e culturalmente instituída pela ciência em relação aos métodos de experimentação. Apresenta ineditismo ao construíra base teórica fundamentada nos posicionamentos de Paulo Freire. Sob o título de “Experimentando a desumanização: Paulo Freire e o uso didático de animas”, articula concepções de ética às situações consideradas como de alto potencial de conflito moral. Assim sendo, é posta a problematização do experimento (instrumento) e experiência (vivência) didática consolidada e caracterizada como um recurso e circunstância promotora da desumanização e da alienação, reforçando posturas hegemônicas em benefício da manutenção de concepções altamente questionáveis da práxis e da educação científica.
Para compor a “Visão de mundo em livros didáticos de biologia: um estudo sobre o conceito ecossistema”, COUTINHO, MARTINS, WINTER e COSTA analisam livros didáticos sob a ótica de concepções filosóficas que norteiam e determinam conceitos aplicados no ensino de Biologia. Destacam a premente necessidade da recondução das visões de mundo, propagadas por meio das escolas e dos livros didáticos, as quais são dissonantes com as visões de mundo da biologia científica contemporânea. Esse novo olhar para pesquisas em ensino de biologia pode colaborar na construção de estratégias alternativas de ensino e configurações curriculares.
O quinto artigo intitulado “Filatelia como mecanismo de divulgação e de ensino para as Engenharias no Brasil” de autoria de PENEREIRO e FERREIRA permite-nos vislumbrar a imbricação da arte, ciência e tecnologia. Esquadrinham a história das Engenharias no Brasil buscada em vestígios da cultura material e simbólica em uma fonte altamente estética e delicada e que exige do pesquisador aspirante a historiador a habilidade de ler, relacionar e reler o texto e o contexto, identificar mudanças e permanências. O objetivo emerge por meio da filatelia, em um estudo descrito como aprofundado, íntimo, sedutor, instigante, esclarecedor e científico. Uma bela surpresa científica!
A sexta contribuição desta edição, “Experimentação mediante vídeos: concepções de licenciandos sobre possibilidades e limitações para a aplicação em aulas de química” provoca-nos a pensar sobre a interrelação entre os pressupostos teóricos que envolvem tecnologias de informação e comunicação, aprendizagem significativa e formação docente. O artigo percorre a visão sobre as formas de experimentação na área de química. FRANCISCO JUNIOR e SANTOS propõem a experimentação e o uso de recursos audiovisuais como importantes ferramentas no processo educacional e cultural e esboçam a possibilidade de se tornar em um recurso alternativo para que professores realizem aulas experimentais. Esta proposta, verificada em cursos de formação para docência, foi refutada em grande parte pelos licenciandos. O que para os autores indica que a concepção de ciência apresentada pela maioria dos acadêmicos parecem pautadas na concepção empirista/indutivista. E, essa visão de ciência linear apresentada pelos acadêmicos pode decorrer da formação histórica à qual estão submetidos no que se refere à compreensão do que e como se faz na ciência.
E agora: “Ivo viu a uva.” Ou Ivo viu a uva? (...)
Afinal em meio às tecnologias de informação e comunicação e inúmeras possibilidades, pode-se realinhar a história, quantas vezes forem necessárias!
Então: Ivo viu a uva, que uva... é uva mesmo? Por que é uva? Não pode ser a avu? De onde veio? Quero ver! Quem é Ivo, mesmo? Quantos Ivos, ainda, permanecem na primeira história? Existem outras possibilidades de histórias para Ivo? Tem outros nomes...hum! E (...)?
Destarte, a edição que entregamos aos leitores: docentes, discentes e pesquisadores, é um convite à reflexão, ao debate e à construção de uma educação comprometida com iniciativas que consolidam a disseminação do conhecimento.
Boa leitura!
Ponta Grossa, agosto de 2011
Eloisa de Ávila Matos
v. 4, n. 1 (2011)
É com satisfação que o Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia traz a lume o décimo volume da RBECT, celebrando assim o seu quarto ano de existência e o décimo volume publicado. Ao longo desse breve período, foram setenta artigos publicados e mais de cento e oitenta autores que contribuíram de maneira indelével para a qualidade da revista, que vem se firmando ao longo do tempo como um canal privilegiado de divulgação da produção de conhecimento na área do ensino de ciências e tecnologia.
Essa conquista se deu pelo esforço coletivo de corpo editorial, revisores, e principalmente, autores, que percebem a importância da pesquisa e da reflexão acadêmica sobre a relevante área do ensino de ciência e de tecnologia. Em um país onde muito há que se contribuir para a área educacional, e muito há que se alfabetizar em ciência e tecnologia, os trabalhos acadêmicos publicados nesses dez volumes vem contribuindo de forma indelével para fomentar as reflexões e a formação de pessoas nas lides da educação científica e tecnológica.
Desta forma, o escopo desse número não poderia ser diferente. Inicia-se com o trabalho de Alexandre Motta e José Andre Peres Angotti, que propoem uma reflexão sobre o EAD, investigando sobretudo a interação professor-aluno, e os novos desafios que essa modalidade de ensino oferece para a prática docente. Para tanto utilizam-se da análise feita em torno de um Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública, oferecido pelo IFSC.
O segundo artigo, trata da alfabetização científica e tecnológica aplicada à saúde junto à uma comunidade de artesãs, com perspectiva futura de se aplicar à comunidade de pescadores. As autoras Leonides Mello e Iara Guazzelli utilizam uma abordagem CTS para atingir o objetivo de orientar as artesãs quanto à tomada de decisões numa perspectiva voltada à ciência e tecnologia.
Visando obter subsídios para uma reconstrução da proposta curricular do ensino de ciências no município de Rio do Sul (SC), Mateus de Andrade e Edson Schroeder desenvolvem uma pesquisa com o objetivo de analisar as concepções de professores de ciências das séries finais da rede municipal de ensino sobre ciência e ensino de ciência.
“Separação de mistura sólido-sólido: novo enfoque experimental” é o título do quarto artigo, no qual os autores propõem um método experimental, baseado no uso de materiais simples e baratos, podendo trabalhar, a partir do experimento, conceitos como solubilidade, substâncias, mistura, dissolução, combustão e inflamabilidade.
É oriundo de um grupo de oito pesquisadores do estado do Ceará a contribuição a respeito do uso da Bioinformática em um evento acadêmico desenvolvido na Universidade Estadual do Ceará em 2010, com o objetivo de proporcionar aos alunos uma melhor compreensão da área da Bioinformática.
E esse volume se conclui com o trabalho de uma atualidade incontestável, onde Leandro Augusto Kisielewicz e AndreKoncianski trazem à baila a discussão do uso de jogos de computadores para fins didáticos, discutindo sua potencialidade como ferramentas de ensino, assim como ponderam critérios para a criação de softwares educacionais.
Ponta Grossa, maio de 2011
Luis Mauricio Resende
2010
v. 3, n. 3 (2010)
A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia chega ao seu terceiro número do terceiro ano de sua primeira publicação. Alcançar um público alvo que abarca pesquisadores, professores de diferentes níveis de ensino e estudantes em geral, além de galgar degraus na qualificação exigida pelas agências de fomento, demonstra a força que nos anima na construção e na divulgação do conhecimento científico. A área de ensino de ciência, ou área 46 na CAPES, apresenta hoje um crescimento em números de programas de mestrado (profissional e acadêmico) e doutorado jamais visto. Isso demanda a necessidade premente da criação de veículos qualificados para a divulgação dos resultados das pesquisas e dos produtos desenvolvidos, especialmente em mestrados profissionais. Nessa linha, a Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, da UTFPR, campus de Ponta Grossa (PR), tem dado sua contribuição, na busca permanente de sua qualidade, divulgação e aperfeiçoamento.
Como um número especial, a publicação que ora se apresenta, reúne alguns dos trabalhos apresentados e selecionados no II SINECT (II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia, realizado no campus da UTFPR, de Ponta Grossa, entre os dias 7 e 9 de outubro de 2010). Assim, o terceiro número de 2010 (vol.3), seis artigos formam o caleidoscópio de diferentes temas que ilustram a riqueza das pesquisas da área. São eles:
“Imagens em materiais didáticos impressos para o ensino de Física num curso de Licenciatura semipresencial”, onde são expostos os resultados acerca das imagens que ilustram um material didático utilizado numa disciplina do curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). São examinadas as formas de produção das imagens, os elementos que as compõem e seu nível de iconicidade, além de algumas características das tecnologias de produção e recepção de imagens levantadas.
O segundo artigo, “A Ciência e sua divulgação: implicações para o ensino de ciências”, procura, por sua vez, a partir da análise de artigos científicos e de divulgação científica, levantar algumas características presentes no processo da passagem da esfera científica para a esfera midiática. Utilizando-se dos parâmetros de gêneros do discurso desenvolvidos por Maingueneau, evidenciaram-se elementos considerados no processo de ensino-aprendizagem e relacionados à estrutura das obras e aos contextos socioculturais imersos.
“Contribuição para o Ensino de Ciências por meio de uma atividade experimental de condutividade térmica”, é o terceiro artigo que busca problematizar as questões de ensino-aprendizagem sobre a temática “isolantes” e “condutores térmicos”. Utilizando-se de uma atividade experimental num ambiente dinâmico e de diálogo permanente procurou-se a investigação e a construção do conhecimento, por parte do aluno, a partir da elaboração de hipóteses. A partir de referenciais de Freire, Ausubel e Moreira, os alunos passaram a utilizar seus conhecimentos prévios no sentido de estabelecer uma relação entre suas realidades e seus interesses.
O quarto artigo, intitulado, “Construção de jogos didáticos para o ensino de Biologia: um recurso para integração dos alunos à prática docente” apresenta um relato de experiência sobre a possibilidade didática da construção de jogos didáticos. Busca uma melhor apreensão dos conteúdos das unidades Ciclo de vida dos diferentes grupos de vegetais, Divisão celular e Genética, com a participação dos alunos do Ensino Médio como sujeitos integrantes da prática de ensino, na construção e utilização de recursos didáticos. O processo de aprendizagem sob a perspectiva da cognição, motivação e da dialogicidade acabaram por apontar a necessidade de diversificação de metodologias de ensino e de recursos como dispositivos educativos motivacionais e potencializadores da construção do conhecimento científico.
O quinto trabalho, “Formação continuada e prática educativa: superando dilemas e desafios da formação inicial e de Atuação Docente em Química”, apresenta uma discussão a respeito da formação continuada de professores visando a superação das “disciplinaridades” e a construção da identidade do educador.
O trabalho que finaliza esta edição da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, da UTFPR, “Possibilidades curriculares para o desenvolvimento dos valores da sustentabilidade” apresenta considerações sobre os paradigmas inerentes ao conceito de meio ambiente e sua abordagem no currículo escolar e a metodologia freiriana como subsidiadora para a tomada de decisões na esfera do desenvolvimento dos valores da sustentabilidade.
Boa leitura!
Marcos Cesar Danhoni Neves
Ponta Grossa, dezembro de 2010
v. 3, n. 2 (2010)
A Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia em seu vol.3, número 2 abre com um artigo que analisa as questões sobre a satisfação do professor no trabalho, tema que tem preocupado professores, gestores e especialmente pesquisadores. No artigo “As dimensões da satisfação e da insatisfação de professores do ensino médio” o autor discute os fatores associados aos sentimentos de satisfação e insatisfação de professores do ensino médio de escolas públicas de Curitiba. Para tanto analisou a satisfação do professor no trabalho sob três dimensões: a intrínseca, a extrínseca e da organização da escola. Para desenvolver esse trabalho, algumas questões apontadas são diretamente relacionadas ao trabalho do professor tais como: Quais são os fatores que trazem satisfação no trabalho do professor? Como os professores estão lidando com a falta de motivação e com o desinteresse dos alunos? Será que o relacionamento com os alunos ainda é uma fonte de satisfação? A satisfação no trabalho varia com os estágios na carreira?
Em seguida, trazemos um artigo que trata de um tema que tem sido alvo de inúmeras pesquisas que o enfocam sob múltiplas perspectivas - a avaliação escolar. Assim, no segundo artigo “Avaliação em Educação Matemática: um olhar fenomenológico sobre a produção acadêmica do III SIPEM” as autoras proporcionam uma meta-compreensão da pesquisa em Educação Matemática, voltado-se para o GT8, que reune trabalhos sobre Avaliação em Educação Matemática, buscando desvelar o que é a pesquisa em Avaliação no âmbito da Educação Matemática?.
O Ensino de Ciências é o foco do terceiro artigo intitulado “Práticas de Ensino de Ciências na região de Santa Maria/RS: algumas características”, em que os autores apresentam dados de como e com que frequência a dinâmica dos 3MP tem sido utilizada na região de Santa Maria/RS. Para isso realizaram um estudo exploratório no início de 2007, em trabalhos de pesquisa em Ensino de Ciências da região de Santa Maria/RS publicados nos anais do I e V ENPECs por meio dos quais observaram as alterações, sobretudo quanto à permanência ou não, ao longo desses anos, de manifestações relativas aos 3MP.
O quarto artigo “A utilização de diferentes estratégias de ensino a partir de situação de estudo” relata uma experiência de sala de aula realizada em turmas de graduação da Unidade Acadêmica de Garanhuns/Universidade Federal Rural de Pernambuco, a qual buscou verificar a interferência positiva do uso de diferentes estratégias de ensino, tais como, painel integrado, estudo do meio, experimentação, estudo de texto e oficina temática, na abordagem da Química orgânica a partir de situação de estudo. Tal trabalho procurou superar o modelo transmissão-recepção de conhecimentos poucos significativos, possibilitando o envolvimento ativo dos estudantes e promovendo uma articulação entre os diferentes conteúdos de química orgânica. O autor constata que as atividades realizadas possibilitaram a correlação entre os conteúdos programáticos da Química na graduação e o cotidiano dos estudantes.
O quinto artigo “Concepções espontâneas em Física: calouros de um curso de Licenciatura” traz um levantamento das concepções alternativas dos estudantes sobre alguns tópicos conceituais de mecânica e eletrodinâmica. No estudo, os autores constataram que os alunos, mesmo já tendo passado por uma escolarização formal e estudado os princípios físicos investigados, utilizam concepções tidas como de senso comum para explicar as situações problematizadas, reforçando a posição de que as concepções espontâneas dos alunos não podem ser ignoradas durante o processo de escolarização, seja ele de ensino básico ou de nível universitário.
No último artigo “Temas sociocientíficos (Cachaça e Cerveja) em aulas práticas de Química na educação profissional: uma abordagem CTS” as autoras apresentam dados de um estudo realizado com atividades centradas em temas sociocientíficos, com enfoque CTS, no ensino profissional técnico de nível médio, visando proporcionar uma alfabetização científica e tecnológica ampliada em que se propicie desenvolver atitudes e valores que levem a um maior compromisso e responsabilidade social, considerando-se os aspectos históricos, éticos, políticos, sociais, econômicos e ambientais.
Ponta Grossa, agosto de 2010
Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira
v. 3, n. 1 (2010)
A RBECT, ao entrar em seu terceiro ano de edição tem muito a comemorar. Apesar de pouco tempo de existência, apenas 2 anos, com 6 números publicados já figura no sistema de avaliação de periódicos da CAPES. A RBECT obteve classificação em 06 áreas, sendo B3 nas áreas de Saúde Coletiva e Educação, B4 na área de Ensino de Ciências e Tecnologia, B5 nas áreas de Engenharias III e Medicina II e na área de Biotecnologia está classificada como C. Este é um grande avanço para um novo veículo de divulgação de pesquisas, bem como um reconhecimento da comunidade científica a qual a revista obteve as classificações.
A presente edição da revista se inicia com o artigo "Introdução à Mecânica Quântica: uma proposta de minicurso para o ensino de conceitos e postulados fundamentais". O artigo apresenta uma análise sobre a viabilidade de uma proposta pedagógica de curta duração para o ensino de Mecânica Quântica (MQ) em nível introdutório. Foi elaborado um minicurso visando criar situações propícias para o ensino dos conceitos fundamentais contidos nos primeiros princípios da MQ.
O segundo artigo a compor o presente número da revista discute os resultados da análise de artigos publicados entre 1979 e 2008 em seis periódicos nacionais da área de Ensino de Ciências, os quais possuem como foco temático a Educação não formal. Ele recebe o título de "A educação não formal em periódicos da área de Ensino de Ciências no Brasil (1979-2008)".
O artigo intitulado "Aprendizagem sobre epidemias com simulações computacionais" descreve uma unidade de ensino elaborada para o estudo de epidemias por alunos do Ensino Médio. Apresenta as dificuldades relacionadas às escalas de tempo e espaço em que eles ocorrem, bem como no entendimento dos mecanismos de transmissão e evolução temporal do número de indivíduos afetados. Os estudos acerca do tema levaram os autores a concluir que o uso de ambientes virtuais de modelagem, particularmente os de softwares de simulação orientada a objetos, aparenta ser um recurso promissor em processos de ensino e aprendizagem sobre as doenças epidêmicas e suas dinâmicas.
Na sequência, o artigo intitulado "A Construção de um Instrumento para Análise das Representações Sociais de Docentes Engenheiros quanto a CTS". O artigo aponta para a análise das categorias de Serge Moscovici e a metodologia de Denise Abric que serão utilizados para subsidiar a reflexão de como construir um instrumento de pesquisa para analisar as representações sociais dos professores-engenheiros quanto às concepções de Ciência, Tecnologia e Sociedade e quais as implicações destas concepções em suas práticas pedagógicas.
O quinto artigo da presente edição recebe o título "Propriedades psicométricas de instrumentos de avaliação: um debate necessário", discute os procedimentos que garantem qualidade aos instrumentos de coleta de dados elaborados pelo pesquisador. Os autores concluem o artigo afirmando que a "falta destas qualidades num instrumento, além de um problema ético, pode comprometer a fidedignidade do instrumento e, por extensão, produzir resultados distorcidos da pesquisa.
O sexto artigo recebe o título "Referenciais teórico-metodológicos para a análise da relação texto-imagem do livro didático de Biologia. Um estudo com o tema embriologia". O artigo articula um modelo de aprendizagem a partir de materiais que fazem uso de texto verbal e imagem, a teoria da carga cognitiva e o modelo de memória operacional com o intuito de estabelecer um referencial teórico para a análise do livro didático de Biologia. A análise evidenciou um planejamento instrucional inadequado, que sobrecarrega os recursos cognitivos do aluno. Ao final, os autores propõem algumas indicações para a área de pesquisa e ensino em Ciências e Biologia.
Assim, a edição de mais um número da RBECT procura contribuir com a fundamentação de idéias que objetivam o aprimoramento, consolidação e divulgação de pesquisas relevantes na área de Ensino de Ciências e Matemática, interagindo com pesquisadores em nível nacional e internacional, contribuindo para o crescimento e reconhecimento da referida área.
Ponta Grossa, abril de 2010
Antonio Carlos de Francisco
2009
V. 2, N. 3 (2009)
Este último número de 2009 da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia inicia-se com o artigo intitulado “ Mestrado Profissional na área de Ensino de Ciências e Matemática: alguns esclarecimentos”, cujos autores são o Prof. Dr. Marco Antonio Moreira que coordenou a Área de Ensino de Ciências e Matemática (CAPES/DAV) de 2002 a 2007 e do Prof. Dr Roberto Nardi, atual coordenador da Área de Ensino de Ciências e Matemática (CAPES/DAV-2008-2010). Esse trabalho nos traz uma significativa contribuição para as instituições e profissionais que desejam implementar ou ingressar num mestrado com essas características. Os autores trazem no bojo dessa discussão a importância que o Mestrado Profissional vem alcançando nesses últimos anos no Brasil, bem como a perspectiva promissora que apresenta para a melhoria do ensino de Ciências e Matemática no país.
Os demais artigos presentes nesse número, apresentam temáticas que envolvem diferentes investigações na área de Ensino de Ciência e Tecnologia. Entre elas se encontram o Ensino de Matemática, Ensino de Ciências, Ensino de Biologia e Ensino de Química.
Iniciamos com a contribuição internacional dos professores do INSA (Institut National des Sciences Appliquées) de Lyon, França, com o artigo intitulado “A diversidade cultural nas representações matemáticas. Estudo de caso em uma população de alunos engenheiros franceses e latino americanos” de autoria de Enrique Sánchez Albarracín, Christiane Dujet-Sayyed e Chantal Combe Pangaud. Os autores pretendem mostrar como as representações sócio-culturais têm uma influência significativa sobre a integração dos estudantes da América Latina nos cursos de matemática nas grandes escolas de engenharia francesas. A análise é baseada principalmente em uma investigação que foi realizada no INSA de Lyon, com uma população de 130 estudantes franceses e latino-americanos inscritos no ciclo básico internacional “AMERINSA” do curso de graduação em engenharia. Este programa tem por finalidade formar engenheiros altamente qualificados num contexto intercultural (estudantes latino-americanos e europeus) e estimular intercâmbios acadêmicos e industriais entre Europa e América Latina.
Em “A utilização do terrário para conscientização ambiental de estudantes do ensino básico” os autores Wanderley Marcílio Veronez, Bruna Corina Emanuely Schibicheski, Elisama Sutil, André Maurício Brinatti, Jeremias Borges da Silva e Silvio Luiz Rutz da Silva, destacam a importância de propiciar aos alunos o desenvolvimento do espírito crítico, aliado a atitudes de cidadão responsável frente ao ambiente onde vivem. Para tanto, apresentam nesse artigo os resultados de um projeto de extensão intitulado “Clube de Ciências” que vem sendo desenvolvido com estudantes da Educação Básica no estado do Paraná. A partir da utilização de um terrário, os autores motivam os estudantes a perceberem os problemas ambientais, a utilizarem o método científico na proposição de soluções, bem como a estabelecerem as possíveis relações existentes entre a atitude humana e a resposta da natureza.
Sob o título “Licenciandos em Matemática e Situações da Matemática Escolar: um Estudo Exploratório sobre a Formação Inicial de Professores de Matemática”, os autores João Ricardo Viola dos Santos, Claudia Laus Angelo e Walderez Soares Melão visam apresentar uma investigação realizada com alunos licenciandos do último ano do Curso de Licenciatura em Matemática de uma Universidade Estadual de São Paulo. Por meio de uma pesquisa qualitativa, os autores apresentam aos licenciandos situações matemáticas presentes nas diversas séries escolares. A partir da análise do comportamento dos participantes do estudo frente a tais situações, os autores tecem algumas considerações que podem servir como referência para futuras mudanças nas práticas existentes nos cursos de formação de professores de matemática.
No artigo “Uso de Ambiente Virtual de Aprendizagem de Temas Transversais no Ensino de Ciências”, o autor Leandro Duso relata uma experiência com Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), como suporte a disciplina de Biologia, permitindo uma maior interação entre estudante-professor, utilizando temáticas pautadas na Educação Cientifica e das abordagens visando à inter-relação de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), para uma melhor compreensão do mundo em que vivemos.
E, finalizando esta seção temos o artigo intitulado “Modelos Mentais dos Estudantes do Ensino Médio e a Química dos alimentos”, dos autores João Rufino de Freitas Filho, Stefany Caroline S. Marques, Rinnely Cecília Lins de Melo e Jucleiton José R de Freitas. Neste trabalho, os autores descrevem que um Modelo Mental é definido como representação de uma idéia, objeto, evento, processo ou sistema. O conceito de modelo mental vem sendo usado em várias áreas do conhecimento. Baseado na Teoria dos Modelos Mentais de Johnson-Laird, estudantes de Ensino Médio foram observados durante dois semestres letivos com a finalidade de determinar o tipo de modelo mental que eles teriam utilizado durante a abordagem da temática química dos alimentos.
Ponta Grossa, dezembro de 2009
Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro
Sani de Carvalho Rutz da Silva
V. 2, N. 2 (2009)
Os artigos que compõem esta revista são resultados de estudos e pesquisas em que o contexto de sala de aula foi objeto de investigação, tendo como suporte teórico as contribuições da ciência e da tecnologia. Os autores, dos nove artigos, aceitaram o convite para participar do I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia (evento vinculado ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciência e Tecnologia, da UTFPR- Universidade Tecnológica Federal do Paraná), na cidade de Ponta Grossa/PR, realizado em junho de 2009. Este Simpósio teve como objetivo criar um espaço para estudo, reflexão, troca de experiências, intercâmbio de pesquisas, debates e outras interações dialógicas que aproximassem os estudos promovidos na Academia às práticas do contexto escolar. A compreensão das representações discentes é fundamental para auxiliar o docente na caminhada pedagógica em busca de uma aprendizagem significativa. Algumas representações sobre Física Quântica estão retratadas no artigo “Estudo de representações sociais sobre Física Quântica”, por meio de pesquisa com estudantes do Ensino Médio. Destaca-se a importância de tal investigação, pois pesquisar o conhecimento prévio sobre temáticas a serem estudadas pode facilitar a aquisição de novos conceitos. A capacidade/necessidade humana em resolver situações-problema se materializa no ambiente escolar quando professores, alunos, equipe técnica, funcionários, pais, enfim, todos os envolvidos no processo educacional, apoiam e desenvolvem atividades investigativas. Essas atividades como instrumento metodológico e de pesquisa estão presentes no artigo “Imaginário dos alunos sobre a atividade científica: reflexões a partir do Ensino por Investigação em aulas de Biologia”. Seus autores tinham como objetivo identificar o imaginário que os alunos possuíam com relação à atividade científica. Os resultados demonstraram distanciamento entre relações e implicações sociais e as imagens docentes sobre atividade científica. O que a prevalência dos aspectos metodológicos sobre os conteúdos específicos pode ocasionar no processo ensino-aprendizagem? Como a formação inicial e a continuada podem contribuir para uma educação mais humanística? Nos cursos de formação de professores como estão sendo trabalhadas as questões referentes ao conhecimento tecnológico? Essas e outras dúvidas levaram os autores do artigo “Educación tecnológica en el currículo obligatorio: ¿hacia dónde vamos?” a indicar alguns fatores e tendências teóricas que podem auxiliar para uma educação mais humanista. Um dos desafios educacionais é proporcionar à sociedade a possibilidade de intervir na produção do saber científico e tecnológico de tal forma que haja diálogo entre esses saberes e a realidade dos educandos. Essa discussão é apresentada em “A perspectiva histórica e sócio-cultural das Ciências enquanto possibilidade de aproximação dialógica entre formação científica e humana na Educação Tecnológica” em que o autor analisa a contribuição da perspectiva histórica e sociocultural das ciências para que haja dialogia entre formação científica e humana na educação tecnológica. A formação do professor é um fator facilitador para que esse profissional tenha uma postura reflexiva, crítica, aberta às mudanças e continue em permanente evolução profissional, de forma a contribuir para o aprimoramento da educação. No artigo “Universidade e Escola básica: uma importante parceria para o aprimoramento da educação científica” há um relato de experiência realizada com acadêmicos de um Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas em um projeto de extensão cujo objetivo é promover um maior intercâmbio da universidade com as escolas e discutir subsídios teórico-metodológicos que possam contribuir para a melhoria da formação inicial e da prática docente dos professores já em exercício. Sempre que se faz referência às questões relacionadas à sala de aula, uma preocupação emerge: como está se efetivando a formação daqueles que atuarão neste espaço? quais informações lhes estão sendo disponibilizadas a fim de que sejam capazes de, munidos dessas informações, transformá-las em conhecimento e, assim, agirem de forma consciente, reflexiva e segura no momento de assumirem sua função de educadores? Essas e outras preocupações relacionadas à formação de professores foram o núcleo gerador da pesquisa apresentada pelos autores do artigo intitulado “Aprendizagem cooperativa: uma opção metodológica para se trabalhar as questões da Ciência e da Tecnologia nos cursos de formação de professores”. Nele, destaca-se a necessidade não apenas de domínio de conteúdos conceituais, mas do desenvolvimento de competências sociais no sujeito em formação. Também preocupados com a aquisição de conceitos por parte dos discentes, particularmente nas séries iniciais, os autores de “O ensino de Ciências nas séries iniciais e a formação do professor nas instituições públicas paulistas” analisaram ementas e programas detalhados da disciplina Metodologia de Ensino de Ciências (MEC), a fim de levantar características, fundamentos e concepções que norteiam a formação do pedagogo para o ensino de Ciências. Verificou-se prevalência dos aspectos metodológicos sobre os conteúdos específicos. No que diz respeito à formação do profissional de curso técnico, uma proposta metodológica de atividades interdisciplinares foi elabora e serviu de objeto de analise no artigo “Constante evolução da tecnologia da informação exige novo perfil dos jovens profissionais”. O trabalho foi desenvolvido tendo vistas para a necessidade de formação de jovens empreendedores capazes de estabelecer uma estreita relação entre o que se aprende em sala de aula e o trabalho. Aplicada em um curso Técnico Integrado de Informática, a metodologia também teve por objetivo contribuir com a sociedade em relação à desmistificação de conceitos relacionados à tecnologia da informação em empresas de pequeno porte. Considerando as inovações tecnológicas e os desafios que a implantação de indústrias oferece, as comunidades necessitam de cursos profissionalizantes que atendam a essas demandas. Esse foi um dos motivos da implantação da UTFPR na cidade de Apucarana. Em “A implantação da UTFPR em Apucarana: a qualificação profissional, um investimento no mercado regional”, há uma apresentação de como a UTFPR vem servindo de suporte para o avanço tecnológico da região. Todos os artigos aqui apresentados, embora ricos em suas diversidades e singularidades, apresentam algo em comum: um convite a nós, professores, educadores, pesquisadores da educação para que continuemos neste caminho de “busca por respostas” que emergem a cada dia, a cada encontro com nossos educandos, a cada momento que entramos em nossas escolas, enfim, a cada momento vivido... por sermos educadores não nos contentamos em reproduzir informações. Necessitamos de descobertas e somos impulsionados por elas. Num mundo tão carente de pesquisas/revelações/descobertas/ caminhamos na certeza de que junto conosco nos acompanham nossos alunos. Essa cumplicidade nos alimenta e nos encoraja a continuarmos refletindo sobre nossa prática e nossa missão como educadores responsáveis pela análise das contribuições da ciência e da tecnologia na educação.
Ponta Grossa, agosto de 2009
Rita de Cássia da Luz Stadler
Siumara Aparecida de Lima
V. 2, N. 1 (2009)
Esta edição comemora o primeiro aniversário da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia.
Ao longo desse período tão curto, o periódico já conseguiu estabelecer um novo espaço de discussão e troca de experiências no ensino de ciência e tecnologia. Proporcionou aos leitores uma série de trabalhos relevantes, fruto das contribuições de pesquisadores de todo o país.
O formato eletrônico e livre adotado pela revista se mostrou uma opção acertada. O acesso gratuito à textos científicos segue uma tendência contemporânea de facilitar o acesso e ampliar a divulgação de informações. Nesse sentido, seguiu-se o princípio básico de organização da própria Internet, veículo escolhido para a publicação. Outras revistas têm aderido a essa idéia.
Abrindo este volume de 2009, a RBECT traz aos nossos leitores seis textos que tratam de Química, Matemática, Física, Engenharia e Biologia.
Os recursos verbais e não-verbais, utilizados por discentes do curso de química da UFMG em uma atividade de preparação para a docência, foram objetos do estudo do artigo “A expressividade do futuro professor de química: recursos verbais e não verbais”, de Tânia Afonso Chaves, Francisco Ângelo Coutinho e Eduardo Fleury Mortimer. A pesquisa de campo revela a expressividade, a variação melódica e a expressividade não-verbal presentes nas práticas pedagógicas dos discentes participantes do estudo.
No artigo ";Reflexões para a composição de uma metodologia para o Ensino de Física";, Gerson Kniphoff da Cruz e Sílvio Luiz Rutz da Silva travam um diálogo com o leitor, que leva a questionar a antiga didática restrita a apresentar dados e informações. Em seu lugar propõe-se incitar os alunos a se tornarem investigadores.
O artigo seguinte “Problema gerador de discussões: uma metodologia para o Ensino de Engenharia” de Vinícius Machado e Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro, apresenta a proposta para ensinar ciência e matemática nos cursos de engenharia por meio de Problemas Geradores de Discussões (PGD) a partir de situações contextualizadas levando os discentes a refletir sobre imbrincamentos sociais da ciência e da tecnologia, visando uma formação científica, tecnológica e humanista. Relata também uma experiência de aplicação do PGD Desperdício de Água na disciplina de Física em uma turma de alunos recém-ingressos do curso de Engenharia de Produção da UTFPR campus Ponta Grossa.
O uso de problemas práticos para introduzir conteúdos é apresentado por Ana Cristina Schirlo e Sani de Carvalho Rutz da Silva em ";O ensino da Geometria auxiliando a fabricação de embalagens";. As autores empregam o modelo de Van Hiele para basear as atividades propostas, que levam os alunos não só a estudar geometria, como a entender seu uso prático.
O trabalho ";A noção de equação e suas diferentes concepções: uma investigação baseada em aspectos históricos e epistemológicos";, de Alessandro Jacques Ribeiro, convida a uma reflexão sobre o significado das equações em diferentes contextos de uso. Abre interessantes perspectivas para professores trabalharem diferentes significados dessas representações com seus alunos.
Por fim o texto “Terrários no ensino de ecossistemas terrestres e teoria ecológica” de Rosane Terezinha Nascimento da Rosa relata uma experiência de construção de Terrários, recurso utilizado como forma de observação do meio ambiente e aprimoramento de conhecimentos relacionados à zoologia e à ecologia. A atividade foi desenvolvida por professoras de ciências da rede municipal de ensino de Santa Maria-RS com discentes da sexta série do ensino fundamental, por um período de trinta dias.
Ponta Grossa, abril de 2009 André Koscianski Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira2008
v. 1, n. 3 (2008)
Este último número de 2008 da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, vem apresentar aos nossos leitores seis artigos envolvendo diversas temáticas voltadas para a área de Ensino de Ciência e Tecnologia, como Ensino de Física, Ciência-Tecnologia-Sociedade, Ensino de Matemática, Educação Científica, Ensino de Matemática e Tecnologias da Informação e Ensino-aprendizagem de Ecologia.
No artigo “Mapas conceituais como instrumento de avaliação em um curso introdutório de mecânica quântica”, os autores Marco Antonio Moreira, Sabrina Soares e Iramaia Cabral de Paulo, ilustram a potencialidade dos mapas conceituais como instrumentos fornecedores de evidências de aprendizagem significativa. Desta forma, são apresentados e comentados mapas conceituais elaborados cooperativamente por estudantes de Licenciatura em Física ao final de um curso introdutório de 15 horas-aula sobre conceitos básicos de Mecânica Quântica. Além disso, os autores abordam uma discussão sobre o uso de mapas conceituais com outras finalidades instrucionais.
“Repensando as dicotomias entre Tecnologia e Sociedade na Educação Tecnológica” de autoria de Edson Jacinski, Roberto M. Susin e Walter A. Bazzo tem o intuito de problematizar o dualismo existente nos cursos de Engenharia e Tecnologia em relação as questões sociais e a formação estritamente técnica. Nesse sentido, a partir de uma pesquisa bibliográfica, visa a apresentar elementos que possibilitem reflexões acerca de possíveis abordagens que permitam explorar as múltiplas relações entre a tecnociência e sociedade.
No artigo “A etnomatemática da roladeira mossoroense”, os autores Francisca Vandilma Costa e John A. Fossa ilustram como a educação etnomatemática, consistindo em uma investigação antropológica de práticas sociais e um diálogo dessas práticas com a matemática acadêmica, pode ser um poderoso instrumento para o ensino da matemática. Desta forma, investigam um instrumento popular mossoroense, a roladeira, para o transporte d'água. Descrevem algumas das suas características fenomenológicas e matemáticas e ainda ressaltam como poderá ser usado na Educação Matemática, promovendo um “diálogo” entre a matemática acadêmica e a etnomatemática.
Em “A educação científica pelos artefatos tecnológicos” o autor Marcos Pires Leodoro, visando contribuir para uma abordagem mais crítica e reflexiva acerca da Ciência no Ensino de Física, apresenta uma proposta de educação científica que tem a “materialidade” da sociedade industrial como instrumento de abordagem da tecnociência. Assim, ao se ter uma visão de mundo extensiva ao conjunto de toda a sociedade, intenciona com esse tratamento, promover o protagonismo dos alunos com respeito às relações entre Ciência e sociedade, bem como a compreensão da interdependência entre Ciência, Tecnologia e sistemas produtivos no contexto da vida contemporânea.
O artigo “Desenvolvimento de uma webquest no contexto de uma abordagem interdisciplinar” dos autores Márcia Cristina dos Santos Ribacionka, Mauro Sérgio Teixeira de Araújo e Rômulo Pereira Nascimento, tem como objetivos propor alternativas para o trabalho pedagógico na sala de informática, ampliando as possibilidades de sua utilização pelo professor de Matemática e a realização de uma atividade interdisciplinar. Desta forma, os autores apresentam atividades baseadas no uso de algumas ferramentas da área de Tecnologia da Informação e Comunicação, com ênfase na WEBQUEST. Segundo os autores, os resultados obtidos mostram que a proposta trouxe significativos avanços nas interações professor-aluno e aluno-aluno, proporcionando maior facilidade de aprendizagem aos alunos e sinalizando caminhos para que o professor de Matemática possa realizar atividades na sala de informática, tendo como ênfase uma abordagem interdisciplinar dos conteúdos.
“Uma reflexão sobre o ensino aprendizagem de ecologia em aulas práticas e a construção de sociedades sustentáveis” de autoria de Gustavo da Fonseca e Ana Maria de Andrade Caldeira, tem por objetivo, efetuar um resgate histórico do conceito de Ecologia e ao mesmo tempo, apresentar uma reflexão sobre o ensino-aprendizagem de Ecologia utilizando-se do ambiente natural. Nesse sentido, reafirmam os autores sobre a importância do Ensino de Ecologia, com vistas a formação de indivíduos capazes de realizar a construção de uma sociedade sustentável.
Sani de Carvalho Rutz da Silva
Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro
v. 1, n. 2 (2008)
Em um cenário extremamente complexo, que é o da Sociedade do Conhecimento, vivemos num país de contrastes. A idéia presente no título da obra maior de Gilberto Freyre, Casa-Grande e Senzala, transformada em alegoria, talvez seja o melhor retrato de um país onde os contrastes são forjados com riqueza extrema e pobreza abjeta, misturando, num mesmo tempo, o arcaico e o moderno. Com o desenho não se pretende reduzir o Brasil a um gigantesco engenho de cana-de-açúcar pernambucano. A questão apresenta uma complexidade muito maior e perpassa pela necessidade um projeto de nação que não possuímos. Um projeto de país é feito com educação.
As desigualdades existentes produzem mazelas que, se já não são, tendem, muito rapidamente, tornar-se permanentes. A educação é a única possibilidade, em médio prazo, de transmudar este cenário cinzento. A educação pode gerar pesquisa científica, que é a única possibilidade real de mudança. Só com ciência e tecnologia deixaremos de ser um país exportador de matéria-prima de baixo custo e importador de produtos com tecnologia agregada de custos elevados.
O ponto nodal de passagem para um país melhor está situado na junção da educação com a ciência e tecnologia. Trata-se de algo que não se faz do dia para a noite. É verdade, que muita coisa tem sido feita, entretanto, é igualmente verdade, que existe muito por se fazer. Destarte, é com imensa satisfação que, na condição de diretor do Campus Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, vejo a iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia em abrir mais um espaço privilegiado para a discussão do ensino de ciência e tecnologia.
Este segundo número da Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia vem a público, mantendo rigorosamente a periodicidade proposta, trazendo seis artigos de pesquisadores de diferentes instituições brasileiras.
O primeiro artigo intitulado Ciência, tecnologia e sociedade e formação do engenheiro, de autoria de Tatiana Menestrina e Walter Antônio Bazzo, faz uma análise da legislação vigente, tendo como pano de fundo os diferentes enfoques teóricos que servem para evidenciar concepções acerca dos paradigmas educacionais, ensino de engenharia, epistemologia da construção do conhecimento em educação e as perspectivas em termos de Ciência, Tecnologia e Sociedade - CTS.
No artigo Análises preliminares de revistas da área de educação matemática, Marinez Meneghello Passos, Roberto Nardi e Sérgio de Mello Arruda apresentam considerações relacionadas aos artigos publicados em cinco periódicos de âmbito nacional da área de Educação Matemática. Em tempos em que a difusão dos resultados de pesquisas é uma obrigação do pesquisador, a discussão é bastante oportuna.
Com o artigo Recursos na internet e dobraduras para poliedros estrelados, Wellington Gonçalves Lemos e Marcelo Almeida Bairral buscam, na rede mundial de computadores, alternativas para formular uma proposta para o trabalho no ensino médio. Merece ser destacado que, como ressaltam os autores, dos conteúdos trabalhados na Matemática escolar atual os Poliedros Estrelados são inexistentes nas propostas oficiais nacionais. A constatação permite vislumbrar a originalidade do estudo.
No artigo Jogos virtuais no ensino, de autoria de Thais Dutra Silva e outros, é mostrado como a tecnologia computacional, que está presente em algumas escolas, tem sido utilizada de forma limitada como ferramenta de aprendizagem. O seu uso é restrito à área de informática, o que ignora o potencial do recurso, que é atrativo para o público infanto-juvenil e apresenta possibilidades em todas as áreas do ensino. Neste contexto, os autores analisam a interatividade e aceitação de jogos computacionais sobre a dengue, uma das doenças virais que mais matam no mundo, pelo público infanto-juvenil em espaços formais e não-formais dos estados do Rio de Janeiro e Bahia.
Em Características discursivas de um episódio de estágio de docência em acordo com os PCNs, tendo como ponto de partida a diferenciação entre massa e peso, Rodrigo Drumond Vieira, Silvania Sousa do Nascimento e Carlos Eduardo Porto Villani transitaram pelas concepções pedagógicas de ciência dos licenciandos do caso em exame. Da população, foi selecionado um licenciando cuja concepção pedagógica de ciência mostrou-se mais compatível com as diretrizes consideradas. Com a transcrição de uma aula regida pelo licenciando selecionado, foi realizada uma análise discursiva através de uma estrutura de análise de interações discursivas.
Na pesquisa de João Batista Siqueira Harres e outros, Evolução das Concepções de Futuros Professores sobre a Natureza e as Formas de Conhecer as Idéias dos Alunos, é analisada a evolução das concepções de futuros professores em relação às formas de acessar e considerar as idéias dos alunos. Trata-se de um estudo exploratório feito em uma disciplina do primeiro ano de um curso de licenciatura que forma professores para as disciplinas de física, química e matemática.
Convidando os leitores para visitar o número em tela, deixo registrada a convicção plena que este veículo de transmissão e ampliação do conhecimento produzido e discutido na área se firmará como um ponto de referência significativo para o desenvolvimento de um país tão rico e ao mesmo tempo tão pobre que precisa de avanços educacionais.
Luiz Alberto Pillati
v. 1, n. 1 (2008)
Na pesquisa e no desenvolvimento, a produção e a aplicação de conhecimentos só têm sentido se forem públicas. Conhecimentos produzidos e aplicados sem publicação, ou seja, sem torná-los públicos, não existem. Há diversos veículos para isso: os mais comuns na comunidade científico-tecnológica são os periódicos e os congressos.
A Área de Ensino de Ciências e Matemática não foge disso: é preciso publicar; a comunidade é muito cobrada nesse sentido. No entanto, a tradição da Área ainda é a de publicar em anais de congressos. Evidentemente, congressos são importantes e a comunidade deve continuar participando deles e apresentando suas comunicações, mas a publicação em periódicos é prioritária. Neles, o controle de qualidade, através da avaliação por pares, às cegas, é maior e o alcance da divulgação é mais amplo, principalmente com a possibilidade de versões eletrônicas.
Poder-se-ia pensar que nos faltam periódicos e, por isso, a comunidade ainda prefere os congressos. Não é verdade, no Brasil pode-se dizer que há excesso de periódicos, o que nos falta são bons periódicos, publicados com regularidade, com bom corpo editorial, bons pareceristas, circulação nacional ou internacional, indexação em várias bases de dados, enfim, bem classificados no Qualis da área correspondente.
A Área de Ensino de Ciências e Matemática, criada no ano 2000, é ainda uma das mais novas das áreas de conhecimento da CAPES, mas já tem vários periódicos, alguns já bem qualificados e outros ainda buscando reconhecimento.
Por que então um novo periódico? Em primeiro lugar, porque como a Área é recente, o número de periódicos não é ainda tão grande. Em segundo, porque, como foi dito, o que precisamos é de bons periódicos e é exatamente esta a meta da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em particular do Programa de Pós-Graduação no Ensino de Ciência e Tecnologia (PPGECT): oferecer à comunidade um periódico que pretende rapidamente alcançar boa classificação no Qualis da CAPES, inicialmente em nível nacional e, posteriormente, chegar ao nível internacional, a REVISTA BRASILEIRA DE ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA (RBECT).
Uma outra razão importante para a criação deste novo periódico é o seu foco em ensino de ciência e tecnologia, ou seja, não é apenas um novo periódico em ensino de ciência, mas sim de ciência e tecnologia, como fica evidente no conjunto de artigos que compõem este primeiro número da RBECT.
É com satisfação e otimismo que apresento à comunidade este novo periódico. Seu sucesso dependerá muito do apoio da UTFPR e do PPGECT e do trabalho de todos envolvidos na sua publicação, mas dependerá igualmente do apoio da comunidade através da submissão de bons artigos. Um periódico não alcança reconhecimento sem bons artigos.
Porto Alegre, janeiro de 2008
Marco Antonio Moreira