Uso do jogo didático “Adivinha Qual?” como evento propício à revisitação do erro e da tomada de consciência de conceitos de química orgânica
Resumo
Buscando estimular alternativas que se contraponham a uma realidade de ensino que leva os estudantes brasileiros, sobretudo de escolas públicas, a um conhecimento deficitário a Teachers College-Columbia University em parceria com a Fundação Lemann investiu no fortalecimento da atuação de pesquisadores brasileiros lançando o edital “Researching Teaching and Learning: An Equity Imperative for Teacher Education”. Contemplado nesse edital, o Núcleo de Investigações, Desenvolvimento e Estudo de Jogos no Ensino (NIDEJE) se propôs a investigar como as situações de interação discursiva propiciadas pelo uso de jogos didáticos podem ser um fator de mudança de um cenário de ensino, em que dúvidas e erros são desconsiderados como oportunidades de (re)significação de entendimentos. Para tal foi aplicado o jogo didático “Adivinha Qual?”, em uma escola da rede pública de ensino médio do agreste pernambucano, sendo a primeira aplicação do jogo didático com a participação exclusiva de estudantes que apresentavam dificuldades no conteúdo de funções orgânicas e a segunda aplicação com grupos compostos com alguns estudantes que apresentavam dificuldades e outros que tinham um melhor rendimento escolar na disciplina de química. A externalização dos pensamentos dos alunos em seus planejamentos, discussões, e reflexões ocorridas no decorrer do jogo, foram registradas e posteriormente analisadas por meio da análise microgenética. Deste modo, analisamos as interações discursivas propiciadas a partir das zonas de desenvolvimento iminente (ZDI) constituída nos grupos e a implicação das constituições dos grupos na dinâmica dessa ZDI e na tomada de consciência dos alunos perante a revisitação de seus erros. Ao fim observamos que o jogo didático pode envolver e motivar os alunos a uma ação coletiva, que os instiga a realizar escolhas justificadas. Deste modo propiciam um ambiente favorável a reflexões sobre a aplicação de conceitos e a tomada de consciência não só sobre eles, mas também sobre seus erros e suas dificuldades, o que os auxilia a superá-las. A qualidade dessas reflexões é favorecida pela ZDI formada pelos alunos e professor ao promover a revisão de posicionamentos, justificativas e ressignificando conceitos e procedimentos. Destacamos ainda que o papel do professor como interlocutor na ZDI cresce em relevância quando a constituição dos grupos é formada exclusivamente por alunos com mais dificuldade no conteúdo.
Palavras-chave
DOI: 10.3895/rbect.v15n1.14786
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