Uma reflexão sobre a filosofia da tecnologia: onde está o humano da técnica?

Marcio Pizzi de Oliveira

Resumo


Carl Mitcham desenvolveu uma classificação acerca da filosofia da técnica dividindo a atuação dos autores em duas tradições. A primeira, pioneira quanto ao uso da expressão filosofia da tecnologia, foi a tradição dos engenheiros. A segunda, fundada já no século XX, foi a tradição humanista. Por um lado, a tradição dos engenheiros se enxerga como humanista, mas produz uma filosofia que reconstrói o mundo baseada nos padrões tecnológicos. Por outro, a tradição humanista desenvolve uma interpretação do fenômeno tecnológico onde a relação entre o humano e a técnica não é nítida. Seguindo essa interpretação, existe humanidade da filosofia da tecnologia? É possível identificar os aspectos humanos na técnica? O presente trabalho tem como objetivo realizar uma reflexão acerca do que há de humano na filosofia da tecnologia. Como percurso metodológico foi realizada uma análise crítica do pensamento dos filósofos vinculados à tradição dos engenheiros e à tradição humanista sob o enfoque da perspectiva dialética de Álvaro Vieira Pinto. Verifica-se que a tradição dos engenheiros cria uma separação entre o homem e a técnica, ignorando uma visão social e histórica acerca do fenômeno técnico. A tradição humanista também realiza uma separação entre o homem e a técnica, porém, conferindo à técnica um poder transcendental capaz de subordinar o homem ao seu projeto de dominação. As duas tradições excluem da técnica como forma de organizar as relações sociais de produção. Nessa perspectiva, o homem produz sua própria existência e se articula em comunidade para extrair da cultura os conhecimentos que vão oportunizar a realização dos fins da sociedade. Ao se apoderar de uma consciência crítica, o homem vai além e passa a entender sua posição de domínio no âmbito da produção. Nessa condição pode vislumbrar estratégias para transformar profundamente a realidade e libertar-se.


Palavras-chave


Filosofia da tecnologia; Carl Mitcham; Álvaro Vieira Pinto

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DOI: 10.3895/rbect.v%25vn%25i.14483

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