Cinzas como despotencialização da vida: currículo, corpo e educação em ciências em chamas

Resumo

Este artigo constrói uma cartografia dos processos de despotencialização que atravessam o currículo, os corpos e a Educação em Ciências no Brasil, tomando as queimadas nos biomas como metáfora e materialidade de análise. A investigação se apoia nas filosofias da diferença e na cartografia como metodologia sensível e implicada, acompanhando três movimentos principais: a relação entre devastação ambiental e corpos periféricos, as visualidades das chamas registradas em fotografias autorais, e os efeitos da captura curricular por políticas autoritárias. Ao acompanhar essas trajetórias, o texto evidencia como o fogo não apenas destrói, mas também convoca à invenção de outras pedagogias possíveis. As cinzas, nesse contexto, simbolizam tanto a ruína quanto a potência de germinações futuras. O artigo propõe, assim, uma Educação em Ciências que se reinventa a partir do que sobrevive, que respira junto aos territórios e que se compromete com a criação de mundos sustentáveis, plurais e sensíveis.