A abordagem gramatical no contexto das atuais demandas para o ensino de língua portuguesa
Resumo
Na raiz da dificuldade das escolas brasileiras em formar alunos proficientes em leitura e escrita, aptos a interagir plenamente nas diversas situações de comunicação a que são expostos em uma sociedade letrada, estaria a forma como o ensino de língua vem sendo sistematicamente praticado – atividades voltadas basicamente para o ensino de gramática a partir de unidades mínimas, descontextualizadas, sem chegar ao texto. Há muito se afirma a necessidade de uma mudança nessa postura, com a adoção de um ensino de gramática de forma contextualizada e reflexiva, no interior das práticas de leitura e de escrita, contexto em que surgem as propostas de Análise Linguística (AL), de base interacionista, adotada pela Base Nacional Comum Curricular, documento normativo que rege a educação brasileira. Nesse sentido, o problema que motivou essa pesquisa é: estão os livros didáticos, integrados à BNCC, de fato organizados sob o viés interacionista como concepção de língua a ser adotada nas práticas de ensino de língua portuguesa? À vista disso, o objetivo desse trabalho é verificar, a partir de pesquisa bibliográfica, se as atividades em um dos capítulos da coleção Tecendo linguagens são assim organizadas e, portanto, eficazes para promover a reflexão sobre os usos da língua. Depreende-se que a proposta de reflexão sobre o uso da língua adotada pelo livro revelou-se muito mais alinhada ao trabalho da gramática como um fim em si mesmo do que a uma atividade de reflexão sobre os usos linguísticos, o que permite afirmar que esse tratamento da língua não se ajusta à concepção de língua assumida pela BNCC.
Palavras-chave
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PDFDOI: 10.3895/rl.v24n45.14795
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