“O presidente que sabia javanês”: um retrato de FHC por Cony

Janete Terezinha Ferron

Resumo


Fernando Henrique Cardoso, seu governo e o “contexto extraverbal” da política brasileira durante o período 1994-2000 constituem objeto de depreciação de Carlos Heitor Cony que, para efetivar essa desvalorização do discurso/imagem de FHC, dialoga com uma grande variedade de discursos sociais. A fala do autor não reflete uma realidade pré-existente, mas ele constrói seu objeto através do ponto de vista da carnavalização, utilizando paródia, ironia e humor. De um lado, há o discurso que é dito, criando uma imagem social de Fernando Henrique Cardoso; em contrapartida, outro objeto do discurso é constituído pelo não-dito, construindo, assim, uma auto-imagem do próprio autor. Desta forma, as crônicas de “O presidente que sabia javanês” são constitutivamente dialógicas, em constante embate com o já-dito e apresentam, no interior do mesmo discurso, dois objetos que são instituídos por meio do embate dos múltiplos discursos sociais.

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