Da fecundidade (d)estruturante dos espectros: (es)conjurando gêneros na invocação de um três em um derridiano

Ravel Giordano Paz

Resumo


O artigo, dividido em duas partes, busca discutir e expor a produtividade crítica de uma abordagem dos gêneros literários por um viés espectrológico, ou espectropoético, delineado a partir do trabalho desconstrutor de Jacques Derrida. Na primeira parte, buscamos fundamentar as condições dessa abordagem, discutindo as relações entre a desconstrução, o campo dos estudos literários e, particularmente, o legado estruturalista nesse campo, que o filósofo aborda no ensaio “Força e significação”, do livro A escritura e a diferença. Sugerimos, aí, que certo viés topológico, esboçado em pelo menos um dos ensaios desse livro, mas que Derrida desenvolve sobretudo no posterior “Devant la loi”, pode ter relação com esse legado. Em seguida, ainda nessa parte, sintetizamos a leitura derridiana dos gêneros no ensaio “A lei do gênero”, construída em torno de uma narrativa de Maurice Blanchot e marcada pelo questionamento não só das distinções entre os conceitos taxônomicos como entre cultura e natureza postuladas por Gérard Genette; questionamento este que também se presta, portanto, à desconstrução das fronteiras entre os gêneros literários e outros gêneros. Na segunda parte, empreendemos nosso intento principal, mobilizando, entre outros motivos desconstrutores, as três significações da palavra “conjuração” que Derrida apresenta no livro-conferência Espectros de Marx, e que propomos aproximar – livremente mas no âmbito de uma pertinência possível – dos chamados três grandes gêneros literários. Indicando e eventualmente explorando essas relações em torno de obras literárias significativas, buscamos mostrar como essa abordagem espectrológica permite a exposição não apenas dos trânsitos e conluios entre os gêneros, para além inclusive dos literários, mas também as hierarquias que se estabelecem em seu conjuros e esconjuros mútuos, sob a égide de certo ethos masculino, partriacal e canonizante encarnado na épica tradicional, de par com as proliferações genéricas que deslocam, problematizam, reconstituem, etc., essa primazia.


Palavras-chave


Gêneros literários; Estruturalism;. Espectropoética; Crítica desconstrutora; Patriarcado.

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DOI: 10.3895/rl.v26n49.18766

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