Horror para todo lado, ou, mais uma tentativa de entendimento do desejo de exclusão de certo passado

Fabio Pomponio Saldanha

Resumo


O texto tem três movimentos. Partindo de "leituras" de Paulo E. Arantes e Fabio A. Durão em torno da desconstrução, uma espécie de "resposta" é construída, tendo em mente "O horror ocidental", de Philippe Lacoue-Labarthe, e "A última palavra do racismo", de Jacques Derrida. Esses dois movimentos se oferecem não como uma demonstração antitética daquilo dito pelos primeiros em torno dos últimos, mas sim, a partir das considerações oferecidas por Arantes e Durão, tenta-se demonstrar, nas releituras de Derrida e Lacoue-Labarthe, como certas questões podem, ou deveriam, ser levadas em consideração, quando pensamos na construção de algo a ser chamado pensamento crítico brasileiro, destacando quais as possíveis contribuições da teoria francesa em torno de tal conceito. A importância dada ao horror colonial e à responsabilização infinita exigida por Lacoue-Labarthe e Derrida aparece como chave de resposta a Arantes e Durão, especialmente por se pensar que, no etapismo sugerido pelos brasileiros, o apagamento da violência colonial como mecanismo de segregação é responsável pela própria criação das tradições às quais ambos se filiam e que sustenta a história do destaque de certas figuras importantes a ambos. Assim, menos do que se oferecer enquanto um texto que busca desmantelar os argumentos oferecidos de Arantes e Durão, espera-se que, relendo Derrida e Lacoue-Labarthe, seja possível a percepção de que, enquanto se sustenta um certo tipo de olhar cuja previsão é o esgotamento, por exemplo, de certas questões (rever o passado criticamente, impossível em Arantes), tanto quanto o desejo melancólico de retorno a um certo tipo de filiação (o destaque para a teoria formalista em Durão) são faces de uma moeda que só pode ser sustentada porque se constrói como um desejo de exclusão cujas diretrizes e heranças são, também, passíveis de críticas a partir dos textos apontados por ambos os autores como meras ideologias que retiram de suas áreas, a Filosofia e os Estudos Literários, sua importância.


Palavras-chave


Jacques Derrida; Philippe Lacoue-Labarthe; Colonização

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DOI: 10.3895/rl.v26n49.18492

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