Controle da escolarização no português falado no sertão alagoano

Resumo

No Brasil, onde a Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972; 2006; 2008) desenvolveu-se com base em variáveis sociais macro, como faixa etária e sexo, a escolarização tornou-se uma das variáveis mais selecionadas para a constituição de bancos de dados amostrais do português falado, considerando que, no estudo de diversos fenômenos linguísticos, encontram-se diferenças na língua falada por pessoas de diferentes níveis de escolarização (LOPES, 2017): falantes mais escolarizados tendem a fazer maior uso da norma culta, enquanto falantes menos escolarizados tendem a fazer menor uso. Neste trabalho, tomamos como objetivo apresentar uma revisão de estudos sociolinguísticos desenvolvidos com base no português falado no sertão alagoano, por meio da amostra A Língua Falada no Sertão Alagoano (VITÓRIO, 2017), questionando se há associação entre os resultados referentes ao controle da escolarização e a língua falada na comunidade. A amostra é composta por 96 entrevistas, e a escolarização é estratificada em quatro níveis: i) E0: analfabetos/semianalfabetos; ii) E1: falantes com ensino fundamental completo; iii) E2: falantes com ensino médio completo; e iv) E3: falantes com ensino superior completo. Como método, recorremos à estatística descritiva e inferencial, na qual reunimos resultados de estudos que utilizam a mesma amostra e aplicamos técnicas estatísticas para explicar os resultados e aferir se há associação. Os estudos revisados são os de Silva (2017), Feitosa (2017), Oliveira (2017), Siqueira da Silva (2018), Alves da Silva (2018) e Rodrigues (2018). Os resultados demonstram que há associação entre a escolarização do falante sobre os usos que ele faz de sua língua. Esperamos, por meio deste trabalho, contribuir para discussões acerca da associação que pode haver entre língua e escolarização.