De flor em flor: um olhar sobre a estética visual e a formação do imaginário
Resumo
Ao longo dos anos, o clássico perraultiano Chapeuzinho Vermelho encontrou inúmeras variações, passando por processos de depuração que atenuaram os indícios da eroticidade e da tragicidade da história da menina. De flor em flor (2017), do autor JonArno Lawson, ilustrado por Sydney Smith, obra em análise nesta pesquisa estabelece uma relação com a história da criança devorada pelo lobo. Este estudo, ao buscar aproximações e deslocamentos da obra original de Perrault, busca observar como uma obra, que se dispõe a recordar que a vida é feita de pequenos gestos, nos incita a olhar para os problemas da vida contemporânea: a cidade que embrutece e devora os homens, a sua sensibilidade descolorida no espaço urbano. Para isso, o artigo apresenta uma reflexão sobre a literatura e a formação do imaginário infantil, discorre acerca do trabalho estético com a ilustração literária e, mais especificamente, com os livros de imagem (CAMARGO, 1998; RODRIGUES, 2011; LINDEN, 2011). A análise da obra nos permite demostrar, de forma mais abrangente, a força da linguagem visual na formação do imaginário, fator essencial que influencia diretamente na produção de sentidos da criança leitora. Ao refletir sobre as aproximações e distanciamentos entre Chapeuzinho Vermelho e De flor em flor, foi possível observar que a diversidade das composições contemporâneas e as diferentes formas de expressão produzem resultados cada vez mais singulares, uma vez que o projeto gráfico é marcado pela singularidade de seu formato, pelos pequenos e singelos gestos da menina do casaco vermelho, pela transformação sutil que ocorre na narrativa e leva o leitor a refletir sobre significado das pequenas coisas.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: 10.3895/rl.v23n40.13810
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2021 CC Atribuição 4.0
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.