A figuração de paradigmas emergentes na literatura infantojuvenil: análise de A terra dos meninos pelados
Resumo
O percurso traçado pela literatura infantil evidencia um deslocamento da ideia de instrumento formativo para um meio de expressão artística, capaz não só de contribuir para o processo de formação individual do leitor, como também de ampliá-lo por meio da incorporação de paradigmas emergentes, que compreendem esse agente como participante e a quem o texto passa a pertencer mediante a possibilidade que se tem de, entre outras coisas, tecer intertextualidades, atribuir sentidos às construções formais, questionar e problematizar situações e formas de abordagem de determinadas temáticas. Considerando esse cenário, o presente artigo empreende uma análise da narrativa A terra dos meninos pelados ([1937] 2015), de Graciliano Ramos, de caráter qualitativo-interpretativista, com foco na mobilização de procedimentos estéticos e temáticos categorizados entre paradigmas importantes para o desenvolvimento da história da literatura infantil. Para tanto, pauta-se na linguagem literária como invenção, na concepção da criança como ser em formação (GREGORIN FILHO, 2011), na intertextualidade (CUNHA, 2012) e no tratamento de temáticas fraturantes (RAMOS; NAVAS, 2015). O corpus da pesquisa constitui-se da própria narrativa infantil e de leituras gerais (BUENO, 2016) e específicas (RAMOS FILHO, 2016) da obra de seu autor. Os resultados da análise evidenciam a integração da obra em diferentes movimentos, a saber, em um conjunto mais amplo da produção de seu autor e, também, na consolidação da literatura infantil como produção autônoma, não desvinculada da ludicidade e da formação de seus leitores, mas não submetida a finalidades objetivas impostas por conveniências sociais.
Palavras-chave
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PDFDOI: 10.3895/rl.v23n40.13721
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