Frequência fundamental e opinião sobre a voz de mulheres transgênero

Resumo

OBJETIVO: O estudo teve como objetivo determinar a frequência fundamental média das vozes de mulheres transgênero e compará-la com suas opiniões sobre suas próprias vozes, além de relatar suas percepções sobre o feedback dos interlocutores.

MÉTODOS: Estudo transversal com 25 mulheres transgênero entre 19 e 46 anos de idade (média de 32,2 anos). As variáveis de frequência fundamental foram obtidas por meio do Multi-Dimensional Voice Program Advanced (Kay PENTAX®), e as opiniões das mulheres transgênero sobre suas vozes, bem como seus relatos sobre as opiniões dos ouvintes a respeito de suas vozes, foram obtidos por meio de uma entrevista semiestruturada com perguntas abertas. Os dados foram avaliados e comparados utilizando o teste exato de Fisher e o coeficiente de Kappa.

RESULTADOS: A frequência fundamental média do grupo de mulheres transgênero foi de 156,10 Hz. A maioria das mulheres transgênero tinha uma opinião negativa sobre sua voz, enquanto a maioria dos relatos sobre as opiniões dos ouvintes foi positiva.

CONCLUSÕES: A maioria das mulheres transgênero tem naturalmente uma frequência fundamental mais alta sem intervenções. Além disso, elas relataram uma percepção negativa de suas vozes, apesar de os ouvintes relatarem uma opinião favorável. Isso sugere que a satisfação vocal das mulheres transgênero não está diretamente relacionada à frequência fundamental; além disso, outros marcadores vocais podem ser abordados com a ajuda de um fonoaudiólogo. Ademais, confirmou-se que os protocolos de autoavaliação vocal são ferramentas essenciais na avaliação da população transgênero no processo de afirmação de gênero.