Análise das emissões de GEE e comportamento pró-ambiental associado aos resíduos de sacolas plásticas

Resumo

O uso indiscriminado de sacolas plásticas de uso único fomentou a discussão sobre os impactos ambientais desses itens, e algumas cidades do Brasil contam com legislações voltadas a regular seu uso e distribuição. Em contrapartida, sacolas com maior resistência e durabilidade, reutilizáveis, apresentaram-se como uma alternativa mais sustentável. Considerando o esquema logístico de gerenciamento de resíduos sólidos operado pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do Distrito Federal (DF), foi elaborada uma Análise de Ciclo de Vida dos resíduos de sacolas plásticas, a partir da categoria de impacto de mudanças climáticas, em termos de quantidade de dióxido de carbono equivalente (CO₂-eq), modelada a partir de dados operacionais da autarquia pública e da base de dados Ecoinvent 3.6 Cutoff. Os resultados apresentaram que, em termos de quantidade gerenciada, as sacolas de uso único e retornáveis estão associadas às emissões de gases de efeito estufa (GEE) com ordem de grandeza similares (respectivamente 118 e 98 g de CO₂-eq/kg de resíduo de sacola), no entanto a consideração de quantidades de reuso levaram as sacolas reutilizáveis a apresentar um desempenho ambiental superior às sacolas de uso único, com emissões de GEE 39% inferiores, em termos de total de emissões anuais pelo uso desses itens pela população do DF. O trabalho também incluiu uma avaliação acerca do comportamento pró-ambiental de amostra da população do DF, seguindo a metodologia proposta por Kaiser e Wilson (2004). O questionário respondido por 391 indivíduos indicou que o comportamento de “reutilizar sacolas plásticas” é aquele de maior facilidade de adoção dentre os comportamentos avaliados, seguido sequencialmente pelo de “comprar sacolas reutilizáveis em lugar de sacolas comuns” e “recusar sacolas plásticas quando ofertado pelo supermercado”. Dentre o total de respondentes 80% (313) afirmaram reutilizar sacolas plásticas como contentores de resíduos domiciliares, indicando que essa forma de reuso é vista pelos respondentes como uma atitude pró-ambiental embora sua oposição ao comportamento avaliado como de maior dificuldade de adoção (recusar sacolas ofertadas pelo supermercado). Como resultado, a justificativa do reuso de sacolas como sacos de lixo pode estar influenciando a pertinência das sacolas de uso único nas escolhas dos consumidores, gerando um consumo desses itens superior à demanda pelo seu uso secundário.