Senhores e escravos, neoliberaliso e educação

Maria Fatima Menegazzo Nicodem

Resumo


O presente ensaio teórico contempla estudos acadêmicos em História das Políticas Públicas de Educação no Brasil e se inicia alinhavando algumas ideias de Darcy Ribeiro, com as de Hartwich sobre Neoliberalismo e as definições de Houaiss a respeito do termo. O objetivo deste trabalho é discorrer teoricamente a respeito de alguns pontos de origem das Políticas Públicas de Educação no Brasil e a subordinação desta, no contexto da história, ao Capital. “Senhores e Escravos, Neoliberalismo e Educação”, foi escrito tendo como metodologia a Análise Retórica[1] (Leach, 2012), se detém em vários momentos ao pensamento de Pierre Bourdieu (1966 e 1998) e a abordagem que ele – enquanto sociólogo – faz a respeito das desigualdades sociais, mormente aquelas que se relacionam à escola, à educação e à cultura. Em outros momentos, o texto procura uma intertextualidade com a “Pedagogia da Hegemonia”, que Neves (2005) faz emergir de um terreno, não raro, movediço e instável que a relação dessa Pedagogia com o Neoliberalismo. Num terceiro momento, e engendrando um elo com a “Pedagogia da Hegemonia”, traz-se Mészáros com “A educação para além do Capital”, enredada com Darcy Ribeiro em “Sobre o óbvio”. Visivelmente, para uma lógica de acumulação do capital que se coloca sistêmica e célere, indaga-se sobre o papel da educação. Sem dúvida, estratégico e vital, conforme Mészáros, justamente porque a educação está diretamente ligada às possibilidades de curto e longo prazo de superação do capital. O quarto momento do texto dá conta da Universidade e da Educação como “coisas” do Capitalismo. Salta aos olhos, ao longo da história e, basta olhar para a contemporaneidade, que as grandes organizações têm sob seu controle a produção científica, disponibilizando para si seus benefícios. O quinto ponto faz um percurso breve sobre as Constituintes e a Educação na história, tentando encontrar o elo perdido e indagando onde foi que a educação se perdeu. As considerações finais do texto, percebe que ante as reflexões realizadas e das idas e vindas entre definições e conceitos de neoliberalismo, pedagogia da hegemonia, obviedades da vida humana e da obviedade educacional, capitalismo, legislação e tudo o mais que circunda esse conjunto, há uma lógica que implica na evidência de que parte do resultado esperado da educação contemporânea, por parte de quem encaminha as políticas educacionais no âmbito global, cai na frustração, dado que sua eficácia fica à mercê da aceitação ou não de lideranças políticas locais e, de forma mais enfática, dos educadores. A interferência de oposições locais ao projeto neoliberal na educação é o que de mais decisivo se apresenta no presente panorama, no que diz respeito à resistência. O que marca o eixo principal de todo o trabalho que engendramos sob o título de “senhores e escravos, neoliberalismo e educação” é o foco de uma concepção de educação inexoravelmente atrelada à necessidade de superar a alienação objetiva, sem a qual o “controle sócio metabólico do capital” não pode se exercer.


[1]Análise Retórica – faz-se de publicações científicas em áreas diversas. Neste caso, na área de Educação, localizando-se no campo da História das Políticas Públicas de Educação. Referência: LEACH, Joan. Análise Retórica. In. BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Trd. Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis: Vozes, 2012.

 


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DOI: 10.3895/recit.v4.n10.4210

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