Judith Butler e o leite de cabra nas mulheres Cariris em Crato-CE

Ribamar José de Oliveira Junior

Resumo


Neste texto, trago breves reflexões sobre a narrativa das mulheres Cariris na comunidade de Poço Dantas-Umari, no distrito de Monte Alverne da cidade de Crato, no interior do Ceará. Ao levar em consideração as experiências da pajé Rosa Cariri, Nilza Cariri e Vanda Cariri, procuro pensar na dimensão performativa dessas narrativas a partir das histórias contadas naquele encontro, levando em conta as performances de gênero das mulheres ao longo do tempo por meio dos corpos que as recontam. Quando me afeto pela forma como o leite de cabra aparece no passado dessas práticas de memória, sobretudo, pelo contexto em que essa narrativa pode ser reapropriada no presente, lembro do pensamento de Judith Butler com a teoria da performatividade de gênero e questiono sobre quais materialidades e corpos podem importar para esse recontar. Próximo de um dos constitutivos do gênero dessas mulheres, o leite de cabra pode aparecer nessas narrativas como elo entre as temporalidades e a proliferação dos lugares de confluência das performances na matriz da colonialidade do gênero. Afinal, se o gênero é um feito, essas narrativas podem o desfazê-lo quando são lembradas, inclusive, provocando o debate sobre as relações de gênero e sexualidade nessa escrita da história dos povos Kariris.


Palavras-chave


Mulheres. Poço Dantas-Umari. Gênero e Sexualidade. Judith Butler. Corpo.

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DOI: 10.3895/cgt.v15n46.11722

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