ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 2, p. 148-168, mai./ago. 2019.
que elas são realizadas não sendo, obrigatoriamente, dirigidas o tempo todo pelo
professor, favorecendo, com isso, o contato direto do aluno com os fenômenos
que precisa apurar, sejam ou não comuns no seu dia a dia (CAMPOS; NIGRO, 1999).
No alto de nossa pirâmide da experimentação, estariam as atividades
baseadas em experimentos de cunho investigativo. Para Oliveira (2010), elas
exigem que os alunos ocupem uma posição mais ativa no processo de construção
do conhecimento e que o professor passe a ser mediador ou facilitador desse
processo. Portanto, espera-se, além de um tempo maior para execução da
proposta, um alto grau de cognição, experiência em atividades experimentais e
motivação por parte dos estudantes.
A fonte propulsora das atividades experimentais investigativas é a
problematização. Esse tipo de abordagem solicita que o aluno participe ativamente
de todas as etapas da investigação, desde a interpretação do problema a uma
possível solução para ele. Os estudantes precisam analisar situações-problema,
coletar dados, elaborar e testar hipóteses, argumentar e discutir com os pares para
encontrar a solução do problema proposto, a partir da contínua reflexão e tomada
de decisões conscientes (SUART; MARCONDES, 2008).
No entanto, cabe salientarmos que há, muitas vezes, confusão entre alguns
professores, e até mesmo na própria literatura da área, com os termos “atividades
investigativas” e “atividades baseadas em experimentos”, pois muitos entendem
que obrigatoriamente uma atividade investigativa é experimental e aberta
(estudantes tem autonomia para escolher quais problemas resolver). Porém, essa
associação não se dá desta forma. Podem-se desenvolver atividades investigativas
a partir de problemas fechados e sem estarem baseadas, necessariamente, em
experimentos.
A utilização da investigação no ensino supõe considerar que o procedimento
de resolver problemas deixe de ser mais um recurso didático para o ensino de
Ciências e passe a ser a perspectiva mediante a qual as atividades didáticas serão
organizadas. Assim, todas as atividades, independentemente do recurso didático
de base, podem se caracterizar como atividades investigativas, ou em outras
palavras, organizadas na perspectiva de resolução de problemas, por exemplo,
atividades didáticas baseadas em analogias, em textos de divulgação científica, em
experimentações, em problemas de lápis e papel, entre outros recursos didáticos.
Para Munford e Lima (2007), ao se fazer o uso de atividades experimentais de
cunho investigativo, o professor abre espaço para uma nova discussão, fazendo
intencionalmente uma aproximação entre a “ciência dos cientistas”,
considerando-se o seu contexto cultural, e a “ciência escolar”, de modo a trazer
para a escola aspectos inerentes à prática dos cientistas, demarcando, entretanto,
as diferenças entre essas duas “ciências”.
Fazendo um breve comparativo entre as modalidades de atividades
experimentais discutidas anteriormente, podemos verificar que nas atividades
investigativas o papel do professor é
(...) essencialmente auxiliar os alunos na busca das explicações causais,
negociar estratégias para busca das soluções para o problema, questionar as
ideias dos alunos e incentivar a criatividade epistêmica em todas as etapas da
atividade (...) não há uma dependência direta dos conteúdos abordados
previamente em aula expositiva, como se observou nas modalidades