ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 127-147, jan./abr. 2019.
INTRODUÇÃO
O professor é visto como mobilizador de saberes que constrói e reconstrói
seus conhecimentos conforme suas necessidades, suas experiências, seus
percursos formativos e profissionais (NUNES, 2001). Ou seja, é visto “como um
profissional que adquire e desenvolve conhecimentos a partir da prática e no
confronto com as condições da profissão” (NUNES, 2001, p.32).
Portanto, ser professor é “exercer uma atividade profissional que, como todas
as outras, tem seus ‘segredos de ofício’, os seus requisitos e procedimentos
próprios” exigindo, assim, uma devida formação profissional (POMBO, 2011, p.14).
O magistério como profissão, ou seja, como aplicação de conhecimentos
específicos, demanda longa preparação dos docentes (MALUCELLI, 2001).
Pesquisas apontam que muitos professores manifestam uma tendência a
desvalorizar sua formação profissional, pois
Além de não controlarem nem a definição nem a seleção dos saberes
curriculares e disciplinares, os professores não controlam nem a definição
nem a seleção dos saberes pedagógicos transmitidos pelas instituições de
formação (universidades e escolas normais). (TARDIF, 2014, p.41).
Os professores manifestam uma relação de exterioridade com os saberes da
profissão, pois as universidades e seus formadores adotam as tarefas de produção
e legitimação dos saberes científicos e pedagógicos, enquanto que aos professores
resta a apropriação desses saberes no decorrer de sua formação, como normas e
elementos de sua competência profissional, competência essa sancionada pelas
universidades e pelo Estado.
A formação do professor pode ser descrita em três grandes campos de
conhecimentos: o conteúdo específico a ser ensinado; o conteúdo pedagógico, que
lhe dará a visão de educador; e o conteúdo integrado na área interdisciplinar, que
tem por objetivo tratar do ensino do conteúdo, que é chamado, na legislação, de
Prática Como Componente Curricular (PCC) (MALUCELLI, 2001).
A PCC é de suma importância visto que propicia o elo entre as disciplinas de
conteúdo específico e aquelas de conteúdo pedagógico, de forma a oportunizar o
desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à atividade docente.
Contudo, sua inserção curricular, objetivos, conteúdos e formatos ainda são
assuntos controversos em muitos cursos (PEREIRA; MOHR, 2013).
Conforme exposto por Terrazzan, Dutra, Winch e Silva (2008)
as atividades relativas à PCC deverão se constituir em momentos de formação
privilegiados para articular o conhecimento conceitual da “matéria de ensino”
com os conteúdos a serem ensinados na Educação Básica, considerando
condicionantes, particularidades e objetivos de cada unidade escolar.
(TERRAZZAN; DUTRA; WINCH; SILVA, 2008, p.75)
Muitas vezes o dia-a-dia das Licenciaturas (exceto a Pedagogia) - em especial
as de Biologia aqui tratadas - revela uma desarticulação entre os responsáveis pela
formação do licenciado, expondo a dicotomia entre a ciência, que se estuda nas
disciplinas básicas, e um ensino desligado da ciência, tratado nas disciplinas de
cunho pedagógico (MALUCELLI, 2001).