ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 173-194, mai./ago. 2018.
trabalhavam com mecânica. Ao explorarmos mais a resposta obtida surgiu duas
outras questões relacionadas ao planejamento e à validade da analogia:
Paulo: Essa foi uma analogia que eu não planejei, essa foi uma analogia que
pela dúvida que ele apareceu eu pensei na hora. Então não é para extrapolar
essa analogia para nada, mesmo porque eu até posso utilizar essa daí ora que
eu for falar de fisiologia, que é um conteúdo que eles vão ver no segundo ano
só. [...], mas eu estou lembrando aqui, eu lembro que um dos meninos depois
falando comigo ele falou “é professor não é só óleo” eu falei não é só água
que nós precisamos. Então eu falei do óleo e falei do mesmo jeito, que o carro
não precisa só de óleo e que nós não precisamos só de água, então essa
conversa depois gerou mais conversas[...].
Na frase “pela dúvida que ele apareceu eu pensei na hora” percebemos que o
docente não havia preparado a priori a analogia. Esse indício mostra que para
aquele conceito alvo o professor não havia pensado em nenhuma analogia até
então. Fica evidente em sua fala essa ação ao dizer que “essa foi uma analogia que
eu não planejei”. O planejamento didático das ações a serem desenvolvidas em
sala de aula é essencial para que o professor estabeleça o que, como e por quê irá
ensinar. O planejamento da ação didática segundo Haidt (2003), é uma
necessidade constante em todas as áreas da atividade humana, inclusive a
atividade de ensino. É por meio do planejamento que o professor prever as ações
e determina as atividades a serem realizadas juntas com os alunos. Em uma sala
de aula há situações de ensino que mesmo com planejamento não são possíveis
prever, e o professor acaba utilizando das analogias. Contudo, se o professor
descrever no seu plano de ensino as analogias que irá utilizar, minimizará os efeitos
negativos do seu uso espontâneo.
O planejamento também foi uma das perguntas da primeira etapa da
entrevista. Paulo afirmou que não planejava e que só depois passou a planejar o
uso das analogias, mas não as descrevia no seu planejamento de aula como
evidenciado nos próximos fragmentos:
Paulo: [...] quando eu comecei a fazer analogia eu não planejei direito, eu não
tinha/eu não planejei fazer analogia, conforme foram surgindo as dúvidas dos
alunos eu queria mostrar para eles que tinham algumas coisas que acontecem
na vida que dá para ser comparado. Então eu fui fazendo e hoje eu planejo,
mas no começo eu não planejei, era um jeito/eu achei um caminho de tentar
explicar de um jeito que eles entendessem o que eu estava falando[...].
Paulo: Hoje eu planejo as analogias, ainda existem situações que de repente
uma pergunta, um questionamento que o aluno faça que eu não tinha
pensado que poderia ter uma dúvida em cima disso, aí na hora eu tento criar
alguma coisa, mas hoje eu já vou com algumas coisas já planejadas, a maioria
delas são planejadas.
Paulo: [...] Então, se eu pegar um planejamento, por exemplo, no ((omissão
do nome de uma instituição de ensino)) tem um formulário para
planejamento, tem papel para planejamento, tem uma metodologia eu vou
colocar na metodologia analogias, vou descrever a analogia lá? Não sei se faz
muito sentido. Então, porque eu penso que o planejamento é uma
ferramenta que a gente tem na escola que é pra qualquer um que pegue
saber o que você está fazendo em uma sala de aula, né? Agora se eu escrever
uma analogia lá, eu não sei se vai ajudar ou não [...] se vai ter alguma
finalidade colocar isso no planejamento.
Ferraz (2006, p. 172) ao investigar a prática de quatro professoras de Biologia
percebeu que elas não planejam seu uso “[...] as analogias apareciam de uma