ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 111-126, jan./abr. 2019.
Atualmente há uma vasta quantidade de pesquisas e projetos preocupados
com o Ensino de Ciências (KRASILCHIK, 1987; NARDI, 2005; BOCHECO, 2011).
Dentre as investigações, destaca-se a busca por temas transversais que possam ser
utilizados como fomento para discussão dos conteúdos curriculares, como o
ensino de Astronomia, Meio Ambiente, Saúde, entre outros. Dentre as áreas que
emergem nestas discussões, a Paleontologia tem se mostrado pouco presente, nos
currículos e matérias focados no Ensino de Ciências no Ensino Fundamental.
A relação entre a Paleontologia e o Ensino de Ciências é estreita, visto a grande
quantidade de conceitos que podem ser abordados a partir deste tema. A exemplo
disso, cita-se a formação da Terra, origem da vida, evolução biológica, formação
dos ecossistemas, combustíveis fósseis, entre outros, que podem ter como ponto
de partida os diferentes tipos de registros fósseis.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi identificar como a Paleontologia
está presente no Ensino de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental. Para
tanto, foram analisados indicadores que apontam a presença desta área do
conhecimento em documentos curriculares nacionais e estaduais, bem como livros
didáticos de Ciências.
O ENSINO DE PALEONTOLOGIA NO BRASIL
Para relacionar o desenvolvimento do estudo da paleontologia no Ensino
Básico, é necessário compreender como essa área se desenvolveu no país e como
seus processos históricos refletem a ausência de informações dentro do espaço
escolar.
O termo Paleontologia deriva de três palavras gregas: palaios que significa
“antigo”, ontos representa “ser” e logos “estudo”, ou seja, a Paleontologia é a
ciência que estuda o passado da vida no planeta, através de evidências deixadas
pelo tempo e pelo acaso. Esta área do conhecimento é considerada
interdisciplinar, abordando faces da Física, da Química, da Matemática e
principalmente da Biologia e Geologia (CARVALHO, 2010).
Os primeiros registros sobre esta ciência no Brasil são de pouco mais de 200
anos, relatados por naturalistas estrangeiros que vieram ao país para expandir seus
conhecimentos acerca da história e composição da fauna e flora do planeta.
Porém, os investimentos que poderiam ser voltados para essa área de estudo
foram fragmentados, e raramente atendiam às demandas para tornar essa ciência
significativa em território brasileiro. Somente no ano de 1818, quando o Museu
Nacional foi fundando no Rio de Janeiro, uma comissão voltada à estudo dos
fósseis foi estabelecida, conseguindo estruturar as pesquisas e agrupar
pesquisadores brasileiros desta área (CARVALHO, 2010).
No passar dos anos, motivado pela crescente expansão dos empreendimentos
voltados à exploração mineral e de combustíveis fósseis, o governo brasileiro,
junto a empresas estatais, criou um programa de escolas para formação de
geólogos no país, equipando diversas Universidades em capitais brasileiras para
preparar profissionais para trabalhar nesta área. Somente a partir de então, os
conhecimentos sobre a Paleontologia, que estavam restritos a especialistas em
museus e poucas Universidades, passaram a ser disseminados em diversos espaços
de ensino, promovendo um interesse de vários estudantes ao longo dos anos,