ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 431-450, set./dez. 2018.
A ABORDAGEM DE ENSINO EDUCAÇÃO MATEMÁTICA REALÍSTICA
A Educação Matemática Realística (RME) foi selecionada como a abordagem
de ensino para o desenvolvimento da pesquisa por ter os papéis do professor e do
aluno em um ambiente de sala de aula distintos dos convencionais
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. Os alunos
constroem uma matemática a partir do lidar com tarefas em um contexto
realizável ou imaginável. Por intermédio dessas tarefas, ocorre o processo de
matematização, que é a organização de uma realidade por meio da matemática
(DE LANGE, 1987). O professor, por sua vez, planeja e coordena todo esse
processo, providencia e disponibiliza os materiais necessários, auxilia e instiga o
aluno com orientações e questionamentos. O professor guia e acompanha o
processo de aprendizagem de cada aluno.
Segundo Gravemeijer (2005):
[...] o professor continua a ser a autoridade na sala de aula, mas de uma forma
diferente, ele passa a definir as regras do que é a Matemática e o que significa
aprender Matemática na sua sala de aula. Além disso, o professor escolhe as
atividades de ensino, escolhe tópicos para discussão, e orquestra as
discussões em grupo turma, de tal forma que estas contribuam para a
Matemática que se pretende ensinar. Ao fazê-lo, têm de descobrir um
equilíbrio entre o “guiar” e o “re(inventar)”. Resumidamente, é o professor
que molda a inovação curricular que está aqui implícita (GRAVEMEIJER, 2005,
p. 22).
Um dos pressupostos dessa abordagem de ensino é a matemática como
atividade humana. Esse pressuposto tem reflexo direto no ensino da matemática,
uma vez que revela a essência da matemática que o aluno deve vivenciar em sala
de aula. Conforme descrevem Ferreira e Buriasco (2016):
[...] a essência da Educação Matemática não reside no ensino dos objetos
matemáticos simplesmente, mas sim na atividade: um processo de
organização e tratamento de um assunto por meio desses objetos. Sendo a
matemática vista como uma ação, não faz sentido ensiná-la como uma
sucessão de conteúdos “prontos para o consumo” sem dar aos alunos
diferentes oportunidades para experienciar a matemática como uma
“atividade humana” Nesse sentido, os conteúdos, conceitos, objetos, ideias,
algoritmos, propriedades matemáticas emergem dos fenômenos com os
quais os alunos podem se envolver ao lidar com um assunto, em vez de ser o
ponto de partida (FERREIRA, BURIASCO, 2016, p. 243).
As situações pelas quais podem emergir a matemática sistematizada na
perspectiva da Educação Matemática Realística são os contextos concretos ou
imagináveis pelos alunos, que doravante será denominado neste texto por
contexto realístico, que podem contribuir para que ocorra o processo de
matematização.
A reinvenção guiada é a estratégia de ensino inerente à RME (GRAVEMEIJER,
2005). O processo de matematização dos alunos envolvidos em uma reinvenção
guiada ocorre a partir do lidar com uma tarefa. Nessa estratégia, é determinante
o conjunto de orientações e questionamentos do professor durante o processo de
ensino e aprendizagem. Desse modo, o professor guia o processo de
matematização, orientando-os a utilizar seus próprios conhecimentos para,
posteriormente, chegarem aos procedimentos formais, podendo tornar possível