ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 378-398, set./dez. 2018.
abstrato, posição também reconhecida por Pestalozzi (1746-1827) e Froebel
(1782-1852), quando reconhecem a importância dos materiais manipuláveis.
Não obstante, entende-se que a mera presença desses materiais em sala de
aula não garante a aprendizagem, uma vez que a construção do conhecimento
matemático não ocorre apenas pela manipulação dos objetos. É importante que o
professor proponha questões adequadas, que levem o aluno a observar os
aspectos do material relevantes para a construção dos conceitos.
Essa mesma percepção pode ser vislumbrada em Camacho (2012). A autora
salienta que os materiais manipuláveis são objetos didáticos intuitivos e dinâmicos
que visam à compreensão de diversos conceitos. Em qualquer fase do
desenvolvimento escolar, podem conduzir ao processo de descoberta, pois, em
contato direto com esse tipo de material, o aluno tem condições de explorar e
investigar situações, aprendendo a comunicar-se, a raciocinar e a resolver
situações problemas de uma forma mais natural e clara.
No processo de descoberta de que trata Camacho (2012), encontra-se a maior
justificativa para o uso de materiais manipuláveis, na medida em que são objetos
lúdicos, dinâmicos e intuitivos, colaborando como apoio para que os estudantes
possam atingir o grau de abstração necessário para a formação de conceitos
matemáticos e/ou geométricos.
É importante salientar que o uso de materiais concretos/manipuláveis pode
proporcionar muitos benefícios, como, por exemplo, desenvolver capacidades e
atitudes que propiciem um maior envolvimento com a própria aprendizagem.
Espera-se que, a partir da utilização adequada dos materiais manipuláveis, os
estudantes possam buscar novos caminhos para a observação, procura e reflexão
e que promovam um envolvimento ativo ao estruturar seus próprios conceitos.
Também sob a perspectiva de Rêgo e Rêgo (2010, p. 43), por meio da
manipulação de materiais, "[...] os alunos ampliam sua concepção sobre o que é,
como e para quê aprender matemática, vencendo os mitos e preconceitos
negativos, favorecendo a aprendizagem pela formação de ideias e modelos”.
É possível sinalizar, ainda, para uma potencial melhora do raciocínio
matemático, na medida em que os materiais manipuláveis permitem desenvolver
os aspectos cognitivos e psicomotores, transformando o ensino-aprendizagem da
Matemática em uma prática dinâmica, intuitiva e desafiante.
Lorenzato (2010) frisa que os materiais manipuláveis constituem uma variação
dos materiais didáticos e estabelece distinção entre os materiais manipuláveis
estáticos e os dinâmicos. No primeiro grupo, situam-se os materiais que não
possibilitam modificações em suas formas, como os sólidos geométricos
construídos em madeira ou cartolina, o ábaco, o material montessoriano
(cuisenaire ou dourado) e os jogos de tabuleiro. Por sua vez, os materiais dinâmicos
são aqueles que permitem transformações por continuidade e facilitam ao aluno
a realização de redescobertas, a percepção de propriedades e a construção de uma
efetiva aprendizagem.
Estendendo o rol dos materiais manipuláveis, cabe ainda observar o que
afirmam Pereira e Oliveira (2016), que entendem como materiais manipuláveis
“[...] uma folha de papel, uma régua, uma tesoura”, ou seja, todos os materiais que