ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 358-377, set./dez. 2018.
tarefa, esperava-se com a tarefa, saber se os alunos diante de produções escritas
de outros estudantes utilizariam a resolução para responder à tarefa ou se
apontariam possíveis erros e como lidariam com eles. Como um dos resultados,
apresenta-se as respostas e resoluções do participante A47, que além de conseguir
resolver a tarefa, conseguiu apontar erros cometidos pelos alunos.
Quando os professores estão interessados em aplicar uma prova escrita
para seus alunos, com o objetivo de saber o que eles sabem ou não, por meio da
Análise da Produção Escrita, pode-se encontrar indícios muito importantes, tanto
para os alunos como para o professor seguindo as contribuições de Trevisan e
Mendes (2015). No caso do participante A47, fica claro que ainda faltam alguns
esclarecimentos sobre a tabela de transformação de unidade de medida, um item
importante que o professor deve retomar em suas próximas aulas. O participante
A47 mostrou que sabe bem a diferença entre perímetro e área, apontando o erro
do aluno 01.
Pode-se pensar também que, quando o professor corrige uma prova escrita
de matemática, muitas vezes só coloca certo ou errado, não informando ao aluno
se ele estaria em um caminho no qual conseguiria a resposta da tarefa, ou se
apenas cometeu erros de procedimentos de cálculo, por exemplo, indo ao
encontro do que apontou Barlow (2006) acerca dos mitos e ritos dos professores
frente ao ambiente de avaliação, e quando se refere a “comunicação avaliativa”
tratando-se um diálogo entre professor e aluno findando “explorar ou identificar
certas características do aprendiz [...] visando escolher a sequência de formação
mais adequada às suas características” (BARLOW, 2016, p. 111). Nesta experiência,
o participante A47 mostra que os alunos 02, 03, 04 e 05, acertaram ao escolher a
operação de multiplicação, acertando os cálculos, mas erraram, em sua opinião,
na hora de colocar na tabela de conversão de medidas. Aqui o participante está
longe de ser um professor, mas deixa claro o que o aluno acertou e o que ele errou.
Entende-se que, para um professor que se preocupa em aplicar uma prova escrita
cujos resultados contribuam para a aprendizagem dos alunos, sua postura deve ser
próxima à do aluno A47, indo além de apenas classificar as resoluções em corretas
ou incorretas.
Com o referencial teórico apresentado e com o relato e descrição das
respostas de A47, fica claro que, utilizar a Análise da Produção Escrita dá ao
professor um suporte textual e uma gama de informação que possibilitam sua
manipulação de modo que conduza o aluno atingir um objetivo, segundo o que
aponta Santos (2014). Ao dar novos rumos a prova escrita diante de um cenário
onde aluno tem que analisar a escrita do outro, caracterizou-se uma forma
diferente de se investigar a aprendizagem do aluno e os procedimentos de ensino
por parte do professor, indo ao encontro dos estudos apresentado por Santos
(2014) acerca da Análise da Produção Escrita como estratégia de ensino. A ação de
olhar para produções escritas, em outras palavras, resoluções prontas, distintas
das suas, exigi dos alunos e/ou dos professores não apenas a execução de
procedimentos de resolução de questões, mas também a capacidade de reflexão,
julgamento e diálogo acerca de outras resoluções, outras visões para uma mesma
situação. Aproximando a teoria da prática, a tarefa proposta e aqui relatada como
forma de exemplificação, pode também contribuir para a aprendizagem do aluno
avaliado, assim como aconteceu com A47, ao passo que constantemente era
levado a (re)pensar seus conhecimentos procedimentais e conteúdisticos.