ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 87-110, jan./abr. 2019.
Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as
escolares) ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos e resolver problemas (BRASIL, 2017, p.9).
Em linhas gerais, entende-se que as TD devem ser utilizadas, em todas as
disciplinas, como coadjuvante na produção do conhecimento. No entanto, quando
se trata das áreas do conhecimento, o uso para esse fim aparece com maior ênfase
somente nas áreas de Linguagem, Matemática e Ciências da Natureza. Em relação
a este último, a ênfase é recai sobre as tecnologias como conteúdo, da mesma
maneira como está colocada nos PCN.
A investigação de materiais para usos tecnológicos, a aplicação de
instrumentos óticos na saúde e na observação do céu, a produção de material
sintético e seus usos, as aplicações das fontes de energia e suas aplicações e,
até mesmo, o uso da radiação eletromagnética para diagnóstico e tratamento
médico, entre outras situações, são exemplos de como ciência e tecnologia,
por um lado, viabilizam a melhoria da qualidade de vida humana, mas, por
outro, ampliam as desigualdades sociais e a degradação do ambiente. Dessa
forma, é importante salientar os múltiplos papéis desempenhados pela
relação ciência-tecnologia-sociedade na vida moderna e na vida do planeta
Terra como elementos centrais no posicionamento e tomada de decisões
frente aos desafios éticos, culturais, políticos e socioambientais (BRASIL,
2017, p.281).
A BNCC recomenda que o ensino de Ciências deva estar sempre relacionado à
tecnologia e à sociedade, no sentido de formar sujeitos que sejam capazes de fazer
uso desses conhecimentos de modo consciente e sustentável; assim como fazer
juízo das vantagens e desvantagens e, a partir de então, terem iniciativa de tomada
de decisão para resolver problemas relacionados ao meio em que se encontram.
Nas competências específicas de Ciências da Natureza para o Ensino
Fundamental, apenas uma se refere à tecnologia, no qual o sujeito, por meio do
ensino de Ciências deve ser capaz de:
Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade,
flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das
Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-
tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva,
com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários
(BRASIL, 2017, p. 276).
Essa competência reforça a ideia de que a tecnologia no ensino de Ciências é
considerada somente no aspecto de conteúdo, pelo qual o sujeito irá adquirir
conhecimento sobre as TD para o seu uso na vida, de maneira sustentável.
De acordo com Bonilla (2002, p. 254), no Brasil, não há articulação entre as
políticas públicas educacionais e tecnologias. Sobre isso, diz a autora:
A falta de articulação entre as políticas públicas para a área de educação e
tecnologias, no Brasil, também é marcante. Um exemplo disso são os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), referentes ao terceiro e quarto
ciclos do ensino fundamental. Dentre os oito documentos específicos das
áreas do saber, apenas os de Matemática, Geografia e Língua Portuguesa
fazem referência ao uso das TIC (BONILLA, 2002, p.254).