ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 63-86, jan./abr. 2019.
Os teoremas-em-ação são tomados, dessa forma, como proposições sobre o
real, que são defendidas como verdadeiras pelos indivíduos (VERGNAUD, 1996b,
2009, 2012, 2013a, 2013b), dessa forma, são espontaneamente usados e podem
estar certos ou equivocados do ponto de vista dos conhecimentos aceitos
culturalmente (VERGNAUD, 2012). Nesse caso, pode-se ter os conceitos-em-ação,
como exemplo, pressão, volume e temperatura, que são julgados pertinentes ou
não, no entanto, ponderar sobre o aumento da pressão, quando se diminui o
volume de um recipiente, com temperatura constante, depende de um teorema,
ou ainda, considerando uma situação, um teorema-em-ação.
Por outro lado, os teoremas-em-ação são desenvolvidos durante um longo
período de tempo, requerendo teoremas de níveis diferentes (VERGNAUD, 2009),
assim, relacionamentos como, a pressão depende da temperatura, podem ser
considerados de complexidade menor, no sentido de envolver dois conceitos,
quando comparados ao caso anterior (pressão, volume e temperatura). Também
alguns teoremas-em-ação podem ser específicos, enquanto outros podem ter
características mais universais e serem usados em várias situações pelos sujeitos
(VERGNAUD, 2007, 2013b).
Por certo, Vergnaud (1982, 1991, 2012) concebe que os teoremas-em-ação
são a forma pela qual se possa fazer inferências sobre a realidade. Para o autor
(2012), não há ação sem teoremas-em-ação, ou seja, sem assegurar problemas
reais com a realidade, o que possibilita o caráter adaptativo e operacional nos
esquemas (VERGNAUD, 1991).
Em decorrência da proposta de que não há ação sem teoremas-em-ação,
Vergnaud (1982, 1998, 1991, 2007b) considera que os teoremas-em-ação, são na
maioria das vezes implícitos, ou seja, nem sempre são conscientes. Pondera, por
consequência, que, em cada ação, selecionamos uma parte muito pequena das
informações disponíveis (VERGNAUD, 1998). Com isso, a título de exemplo,
sabemos, naturalmente, que um recipiente fechado pode estourar, com o
aumento da temperatura, no entanto, este teorema-em-ação, pode manter-se
sem a necessidade de maiores explicações, mas caso o sujeito procure justificativas
da ocorrência, pode então, fazer-se explícito o teorema-em-ação. Quando se
tornam conscientes ou explícitos, os teoremas-em-ação podem tornar-se
verdadeiros teoremas científicos (VERGNAUD, 1979, 1991), pois são apresentados
e dialogados com outros indivíduos.
O autor pondera ainda que, o que de fato é conceitualizado se torna explícito
(VERGNAUD, 1991), logo, os teoremas-em-ação podem se converter em teoremas
científicos se forem conceitualizados, isto é, necessitam inicialmente serem
percebidos, e por consequência, refletidos, expressados, ponderados e
significados em diversas circunstâncias. Também em virtude da característica
tácita dos teoremas-em-ação, muitos dos erros e dificuldades apresentados pelos
sujeitos são demarcados pelos processos de conceitualizações internas, que, por
hora, são insuficientes do ponto de vista científico (VERGNAUD, 1991).
Considerando que não existe ação sem teoremas-em-ação, e que não há ação
sem objetos e predicados, Vergnaud (1996a, 2007a, 2007b, 2009) reitera que a
relação entre teoremas-em-ação e conceitos-em-ação é dialética e indissociada.
Para ele,