ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 46-62, jan./abr. 2019.
A gente trabalha com análise de discurso francesa, mas, esse eixo temático,
ele não é formado somente pela análise discurso francesa, ele envolve muitas
outras linhas, que vem então Isabel Martins, aí o Mortimer, é... o pessoal do
Foucault, que vai trabalhar com questões de discurso, mais pensando na
questão da linguagem, em diferentes perspectivas teóricas, vários grupos no
Brasil e no exterior, que vão então trazer vários autores que vão nos ajudar a
pensar essas questões, sejam eles da psicologia, da linguística, da filosofia,
que aí você pensa no Foucault, no Pêcheux, no próprio Bakhtin, então, gente
de várias áreas, que vão então, contribuir para a consolidação das áreas,
mas eu vejo que são vários autores, vários grupos pensando em um objeto
de estudo, que é a linguagem, e aí, é isso o que consolida área (T7, grifos
nossos).
No tocante a sua participação no processo de constituição da linha de
pesquisa em Linguagem, Suzani Cassiani compreende que sua contribuição está
relacionada ao pensar o Ensino de Ciências com o atravessamento da linguagem,
tanto na aprendizagem dos alunos, quanto na Formação de Professores e nas
relações entre Ciências, Tecnologia e Sociedade. Além disso, ela discorre sobre o
que podemos considerar uma grande contribuição para a linha temática de
Linguagem, que é sua participação na formação dessa linha dentro de um dos
maiores programas de pós-graduação em Ensino de Ciências no Brasil.
É... A contribuição então nossa, eu acho que é pensar então essa educação,
nesse atravessamento que é a linguagem... Em termos de formação de
professores, em termos de pensar uma leitura escrita para o Ensino de
Ciências, pensar uma Ciência, uma Tecnologia, pensar as desigualdades
sociais, então é... Eu acho que a gente tem trabalhado não somente com a
questão da linguagem, mas ela favoreceu uma perspectiva bastante
importante para pensar a Educação em Ciências, que não se tem, que quase
não tem, até fora do Brasil, não tem [...] a participação aqui do grupo, de
várias pessoas que se formaram aqui e foram trabalhar em outras
Universidades também [...] Quando eu vim trabalhar aqui no PPGECT não
tinha, não tinha a linha na verdade (T8, grifos nossos).
Quanto aos autores que a entrevistada vem utilizando como referenciais
teóricos em suas pesquisas, são mencionados os relacionados à Linguagem e a
Análise de Discurso da linha francesa. Em relação aos autores que a entrevistada
percebe como tendência são citados os que tratam questões sobre Colonialidade,
que é um assunto pelo qual estão permeadas suas pesquisas. Ela também destaca
que a educação é multidisciplinar e que, por isso, suas pesquisas se utilizam de
autores de várias áreas como da Psicologia, Filosofia, Sociologia e Linguística.
Bom, eu tenho trabalhado com autores que a gente está chamando de um
CTS Latino-Americano, porque o que eu acho que o CTS que está nos
parâmetros curriculares, também sofreu um efeito de Colonialidade que é
copiar o CTS espanhol, que não trata dos nossos problemas tá, então nós
temos trabalhado com autores Latino-Americanos de CTS, para pensar os
Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia, a gente tem ido a congressos
também aqui da América Latina [...] por exemplo, vou falar alguns deles né,
que tem ajudado a gente pensar nessa questão da Colonialidade, tá? O
Walter Mignolo, Anibal Quijano, Enrique Dussel, Ramón Grosfogel. São
autores dos estudos da Ciência e da Tecnologia, que vão trabalhar então,
essas questões de Colonialidades da América Latina, tem o Boaventura Sousa
Santos ele não é Latino-Americano, mas ele é importante para a gente
entender algumas dessas questões. A gente trabalha com a Eni Orlandi que
se baseia nos estudos do Pêcheux, na análise de discurso da linha francesa.
Tem alguns autores que são da Austrália, por exemplo, a professora