ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 154-172, mai./ago. 2018.
CINEMA E ENSINO DE CIÊNCIAS
O cinema teve seu início ainda no século XIX, quando inventores como Thomas
Edison, Charles F. Jenkins e os irmãos Lumiére vislumbram a potencialidade e
fizeram avanços na produção de imagens em movimento (RODRIGUES, 2010).
Enquanto inventores do cinema, aos irmãos Lumiére é dado o crédito de execução
da primeira exibição pública, no ano de 1985, embora não tenham sidos os
pioneiros a projetar imagens em movimento. Para Santos (2013, p. 63) “os
progressos tecnológicos no século XIX geraram transformações na vida da
sociedade. Tecnologias como o telefone, o rádio, o telégrafo, o cinematógrafo, a
eletricidade, os carros, entre outros, aproximaram pessoas e encurtaram
distâncias entre países [...]”. Com isso, propiciaram o acesso e, em pouco tempo,
o uso se tornou generalizado.
Em território nacional, a primeira sessão de cinema aconteceu em 1896. No
ano de 1897 foi inaugurada a primeira sala regular para a exibição de filmes,
deixando de ser entretenimento das ruas e passando para as salas de teatro. Tendo
grande aceitação no Brasil, o cinema, logo foi apropriado para a educação, devido
a sua grande potencialidade para o ensino. No âmbito escolar, essa relação ganhou
intensidade a partir do século XX, quando setores sociais ligados à escola nova e à
Igreja Católica apoiaram esses projetos por entenderem que havia uma
necessidade de rompimento com as práticas pedagógicas usais até então (SANTOS,
2013).
Com isso, nos primórdios no século XX, já haviam discussões amplamente
difundidas sobre o cinema e a educação brasileira, vendo-se nesta ligação uma
grande abertura para o ensino nacional (REIS JUNIOR, 2008). Seguindo esse ideal,
Santos (2013, p. 66), aponta que “a forma como o espectador vê e lê as
representações do mundo produzidas pelo cinema, as quais se articulam em
imagens, sons, palavras e movimento (ilusão), o leva a construir interpretações por
meio de contextos socioculturais”. Para Carvalho (2007) os elementos que compõe
uma produção fílmica permitem ao telespectador interpretar o mundo a partir do
conjunto de sons e imagens que observa, estimulando reflexões críticas por parte
dos aprendizes.
Como Chaves (1999) aponta, nem todas as tecnologias são significativas para
a educação, entretanto, aquelas que estimulam o aluno certamente devem ser
utilizadas no processo de ensino-aprendizagem. É neste viés que a utilização de
filmes comerciais como recurso pedagógico pode ser viável no âmbito educacional.
Isto se alicerça na Lei 13.006/14 que normatiza políticas públicas que defendem a
utilização do uso de filmes na escola “seja de leitura e análise de produções fílmicas
nacionais, seja da produção expandida, alternativa, independente da comunidade
escolar e do seu entorno” (FRESQUET, 2015, p. 30).
Mas vale ressaltar que, “os filmes não são uma produção da pedagogia ou da
didática, pois, diferentemente, são produzidos dentro de um projeto artístico,
cultural e de mercado. Se chega à escola é porque esta os didatiza” (BORBA, 2015,
p. 30), quando os utiliza como recurso didático.
Entendendo que o uso de filmes comerciais como novas tecnologias na
educação trata-se de um processo de sensibilização educacional, é preciso, por
parte do professor, mediar sua utilização, tendo em vista que seu uso deve estar
atrelado ao conteúdo proposto e não sirva apenas como tapa buracos (CYSNEIROS,