ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 26-45, jan./abr. 2019.
ideias sobre o mundo (FREIRE, 2016). É importante ainda que o professor
reconheça que seus alunos, ao chegarem à escola já são possuidores de visões de
mundo socialmente construídas e explicações próprias para os mais diversos
fenômenos cotidianos.
A partir do reconhecimento dessa leitura de mundo que o aluno possui, é
possível ao professor promover a dinamização do processo de ensino e
aprendizagem, de forma a tentar atribuir significado aos conhecimentos
adquiridos, em um processo que articule a identificação e decodificação dos
conhecimentos de senso comum aos conhecimentos científicos, de modo a utilizá-
los como instrumentos para a realização de uma nova leitura de mundo que
objetiva uma transformação social (FREIRE, 2016).
Este processo de mudança se solidifica a partir de uma constante indagação
sobre sua própria prática e sobre o ato de planejar. O planejamento escolar é uma
ferramenta que possibilita a organização de estratégias didáticas que, por sua vez,
orientam estudantes e professores no processo de ensino e aprendizagem. De
acordo com Libâneo (1992), o planejamento se torna um meio de garantir a este
processo a reflexão, organização e coordenação, de modo que as atividades
escolares construídas se articulem com as problemáticas do contexto social.
Segundo pressupostos de Carvalho e Gil-Pérez (2003), é com o saber planejar
que o professor consegue identificar as concepções prévias dos alunos,
introduzindo conceitos e utilizando novas ideias em um contexto diversificado.
Partindo da analogia de que os estudantes não devem ser considerados tábula
rasa, traçar estratégias em torno do processo de ensino e aprendizagem é uma
forma de organizar os conhecimentos pré-estabelecidos e mediá-los a partir de um
objetivo.
Nesse sentido, uma ferramenta capaz de projetar propostas de ensino, são as
Sequências Didáticas. As Sequências Didáticas (SD), ou Sequências de Ensino e
Aprendizagem, para Zabala (1998, p. 18) são definidas como “um conjunto de
atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos
objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecido tanto pelos
professores como pelos alunos”. Tais atividades, normalmente, seguem uma
ordem que determinam as características da SD e o alcance dos objetivos
educacionais propostos pelo professor. Segundo o autor,
A maneira de configurar as sequências de atividades é um dos traços mais
claros que determinam as características diferenciais da prática educativa.
Desde o modelo tradicional de “aula magistral” (com sequência: exposição,
estudos sobre apontamentos ou manual, prova, qualificação) até o modelo
de “projetos de trabalho global” (escolha do tema, planejamento, pesquisa e
processamento de informação, índice, dossiê de síntese, avaliação), podemos
ver que todos têm como elementos indicadores as atividades que os
compõem, mas que adquirem personalidade diferencial segundo o modo
como se organizam e articulam em sequências ordenadas (ZABALA, 1998, p.
18).
Frente a isso, concordamos com Silva et al. (2016) que é de suma importância
que o professor, desde a sua formação inicial, exercite o ato de planejar e aprenda
a estabelecer critérios para a seleção dos conteúdos e das atividades que
comporão uma SD. Falconi, Athayde e Mozena (2007) afirmam que é necessário
introduzir nos cursos de formação de professores discussões básicas de natureza