ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 195-213, mai./ago. 2018.
INTRODUÇÃO
Não se pode falar em melhoria na educação sem nos preocuparmos com a
formação dos professores, que consideramos uma das peças mais importantes
deste processo. Assim, entendemos que o Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação a Docência (PIBID) tem sido relevante na educação, pois busca contribuir
de forma prática para a formação de professores. Esta pesquisa foi realizada no
contexto do PIBID de Química da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
No PIBID de Química da UFMG, os licenciandos têm a oportunidade de discutir
diversos temas relacionados à sua formação como professor. Um dos temas
abordados durante os encontros são as práticas discursivas e suas implicações. É
um assunto de grande relevância para o Ensino de Ciências, visto que as interações
produzidas em sala de aula podem proporcionar e conduzir os estudantes para
uma apropriação do discurso científico. Neste sentido, optamos por observar
como os licenciandos participantes do PIBID têm utilizado seus conhecimentos
sobre as práticas discursivas em suas intervenções na sala de aula.
O PIBID de Química ocorre na UFMG desde 2009 e conta atualmente com a
participação de três escolas estaduais de Belo Horizonte, sendo que cada uma
possui um professor supervisor que recebe cinco licenciandos. Os licenciandos
acompanham as aulas nas escolas duas vezes por semana e participam de uma
reunião semanal na UFMG, juntamente com os professores supervisores e o
professor coordenador, que é um professor da licenciatura da universidade.
A ida à escola é o momento em que os licenciandos vivenciam as práticas do
cotidiano escolar, participando efetivamente das atividades do professor, tanto no
âmbito da sala de aula, como no seu contexto. Os encontros semanais na
universidade constituem um espaço de orientação e discussão, onde os alunos
expõem e discutem as atividades que são realizadas na escola, planejam novas
atividades como, por exemplo, o desenvolvimento de projetos, produção de
materiais para serem utilizados com os alunos e compartilhamento das
dificuldades encontradas pelos colegas. É também nestes encontros que os
licenciandos têm a oportunidade de conhecer o que há de mais atual no ensino de
ciências, por meio de apresentações, palestras de convidados, leituras e discussões
de textos selecionados pelo coordenador.
Participando do PIBID, o licenciando intensifica o diálogo entre a universidade
e a escola pública, entre o aprendizado acadêmico e seu campo de trabalho,
desenvolvendo a consciência crítica de professores que aprendem com a própria
experiência. Além disso, nas discussões de temas atuais e inovadores no ensino de
química, os licenciandos adquirem preparação para a sala de aula.
As práticas discursivas representam um tema que está cada vez mais em
evidência no campo da educação em ciências (DRIVER, ASOKO, LEACH, MORTIMER
e SCOTT, 1999; MONTEIRO e TEIXEIRA, 2004; SILVA, 2008; SILVA, 2009;
MONTEIRO, MONTEIRO, GASPAR e VILLANI, 2012, SILVA, 2015). Para Jiménez-
Aleixandre (2006) aprender ciências é ser aprendiz das práticas discursivas da
comunidade científica escolar, uma vez que a essa aprendizagem inclui uma
linguagem própria e critérios para avaliar conhecimentos e métodos. Portanto, na
medida em que práticas discursivas são incentivadas nas aulas de ciências, os
estudantes vão se apropriando de novas formas de se expressar, adquirindo mais
independência e confiança em suas ideias, além de irem assumindo atitudes mais