ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 148 -172, mai./ago. 2018.
Aprender a fazer significa desenvolver habilidades profissionais bem como ser
competente em enfrentar situações desafiadoras. Aprender a conviver é
desenvolver a compreensão do outro, respeitar o pluralismo de ideias e trabalhar
em equipe. E, por fim, aprender a ser, que consiste no desenvolvimento de uma
personalidade autônoma, crítica e de responsabilidade pessoal. Enfim, as escolas
devem preparar seus alunos para os desafios do século XXI de forma denominada
como integral que valorize na mesma medida tanto os aspectos cognitivos quanto
os comportamentais. Para Zabala (1998) uma formação integral consiste em
potencializar nos alunos, ou seja, adultos do futuro, capacidades que permitam
superar problemas e empecilhos que surgirão nas áreas pessoais, social e
profissional. Logo, segundo o mesmo autor, a escola deve propiciar atividades que
abranjam os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Para Zabala
(1998) conteúdos conceituais se referem a aprendizagem do conjunto de fatos,
objetos ou símbolos. Conteúdos procedimentais consistem das técnicas, métodos
e estratégias, ou seja, ações ordenadas dirigidas a atingir um objetivo. Quanto aos
conteúdos atitudinais, englobam os valores, as atitudes e normas que determinam
o comportamento de um indivíduo frente a coletividade.
Quando um professor propõe atividades em grupo, devidamente
organizadas, ele mobiliza os estudantes a vivenciar valores como respeito,
responsabilidade, cooperação e honestidade, praticando um exercício de
alteridade. Cada vez mais o mercado de trabalho procura profissionais que
saibam trabalhar em equipe e sejam imbuídos desses valores (IEZZI et al.,
2016, p. 305)
Nesse sentido, o crescimento do uso dos termos habilidades e competências
no contexto educacional decorrem da necessidade de tornar o aluno proficiente
na aplicação prática dos conhecimentos adquiridos na escola. Zabala e Arnau
(2010, p. 11) citam que o termo competência “é uma consequência da necessidade
de superação de um ensino que, na maioria dos casos, foi reduzido a uma
aprendizagem memorizadora de conhecimentos” o que acarreta em dificuldade
na aplicação dessa aprendizagem em situações de contexto real e concreto. Ou
seja, um ensino direcionado na repetição de procedimentos e regras do professor
ao aluno e a reprodução desses nas avaliações de aprendizagem e que conduz o
aluno a ter dificuldade na utilização desse conhecimento em situações similares.
Essa forma de ensino baseada na transmissão de conhecimento do professor
ao aluno decorre de uma aprendizagem baseada na teoria comportamentalista
que valoriza a formação de hábitos e respostas condicionadas. Piaget (2013), um
dos expoentes da teoria de aprendizagem construtivista, entende que educar é
adaptar o indivíduo ao meio social ambiente. Na teoria construtivista o aluno não
é um receptor passivo do meio ambiente no qual ele está inserido, sua
aprendizagem decorre de fatores intrínsecos e extrínsecos de sua forma de pensar.
De modo que cada indivíduo tem suas próprias crenças e valores, assim cada
indivíduo tem seu tempo e modo de aprender que se molda a partir da
experimentação e seus conhecimentos prévios.
Esse novo modelo de ensino e aprendizagem denominado como método ativo
é considerado por Piaget (2013) como uma evolução aos métodos verbais
tradicionais devido a três acontecimentos: primeiro, pelo aumento vertiginoso do
número de alunos. Em segundo lugar, a dificuldade de pessoal docente formado o
suficiente para atender a demanda e por fim novas necessidades técnicas,