ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 108-129, set./dez. 2018.
cotidianas. Nessa perspectiva, a educação passa a transpor os muros da escola,
para os espaços da casa, do trabalho, do lazer, dos centros e museus de ciências,
entre outros contextos. Configuram-se assim processos educativos em sistemas
organizativos da sociedade civil, abrangendo organizações sociais e não
governamentais, movimentos sociais estratégicos, ou processos educacionais
articulados com a escola e comunidade.
Krappas e Rebello (2001) ressaltam que a escola não abrange todo contexto
de formação cientifica com vistas à emancipação e desenvolvimento da autonomia
do cidadão, para que possa compreender as mudanças do mundo e participar nas
decisões que ocorrem na ciência. Como já apontado na introdução desse texto, os
centros e museus de ciências também assumem esse papel. Com esse discurso não
estamos desconsiderando a potência formativa da escola para a formação
científica da população, pois consideramos que:
Toda educação é, de certa forma, educação formal, no sentido de ser
intencional, mas o cenário pode ser diferente: o espaço da escola é marcado
pela formalidade, pela regularidade, pela sequencialidade. O espaço da
cidade (apenas para definir um cenário da educação não-formal) é marcado
pela descontinuidade, pela eventualidade, pela informalidade. A educação
não-formal é também uma atividade educacional organizada e sistemática,
mas levada a efeito fora do sistema formal (GADOTTI, 2005, p.3).
Podemos articular as considerações apresentadas por Gadotti (2005) aos
pressupostos assumidos por Jacobucci (2008) sobre a educação não formal. A
autora descreve a educação formal como as práticas educativas que ocorrem nos
espaços formais de educação como as instituições de educação básica,
universidades e faculdades. Estabelecendo um paralelo com a educação formal,
Jacobucci (2008) define a educação não formal como aquela que ocorre em
ambientes não formais, sendo qualquer espaço diferente da instituição escolar
onde é possível realizar uma ação educativa.
Neste momento, trazemos as contribuições de Gohn (2006, 2011) para
compor a discussão sobre os pressupostos educativos dos espaços de educação
não formal. Para a autora, a educação formal ocorre nas escolas com conteúdos
previamente demarcados sendo o professor o principal educador e onde há a
organização de acordo com diretrizes nacionais, ou seja, as ações são
desenvolvidas em ambientes normatizados. Os processos de ensino e
aprendizagem de conteúdos são previamente sistematizados, assumindo um
caráter metódico em que com a expectativa de uma aprendizagem em tempos
bem demarcados. Gohn (2006, 2011) então nos diz que, na educação não formal,
a aprendizagem ocorre via processos de compartilhamento de experiências e
interações com o outro em diferentes contextos que não o da escola, nos quais há
processos interativos com intencionalidade educativa. Entretanto, a autora
destaca uma intencionalidade na participação dos indivíduos para que se possa
potencializar a formação desses sujeitos como cidadãos inseridos em uma cultura,
na qual se dá a construção da identidade coletiva de um grupo.
Apesar das diferenças apresentadas anteriormente, não podemos
desconsiderar o papel do “outro” nos processos e ações educativas da educação
formal e da educação não formal. No caso das instituições escolares e
universitárias, podemos associar o “outro” ao professor, que é o agente
responsável por desenvolver um ambiente de aprendizagem favorável para a