ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 237-254, mai./ago. 2018.
INTRODUÇÃO
A evasão escolar no Brasil advém de motivos diversificados e atrelados a
desiguais contextos, tais como: falta de investimento na infraestrutura do espaço
físico da escola, desmotivação do professor pela profissão, superlotação de alunos
em sala de aula, quantidade excessiva de disciplinas curriculares, métodos de
avaliações incoerentes com a realidade do estudante, entre outros.
Além disso, no que diz respeito especificamente ao Ensino Médio, Diniz (2015,
p. 7) salienta que a estrutura “[...] do trabalho pedagógico da escola aliada ao
ensino tradicional vigente, à rigidez dos horários e a conteúdo sem aplicabilidade
ocasiona um Ensino Médio pouco estimulante, sem significado e identidade,
favorecendo a evasão”.
Essa informação pode ser confirmada nos dados do Fundo das Nações Unidas
para a Infância - UNICEF, na qual descreve que “independentemente do lugar, a
relação dos adolescentes com a escola é muito parecida. Os obstáculos também
são semelhantes” (UNICEF, 2014, p. 6). Portanto, as situações não mudam, porque
alguns dos problemas de evasão “[...] estão relacionados com o contexto
socioeconômico, com o trabalho precoce, a gravidez e a violência familiar e no
entorno da escola” (UNICEF, 2014, p. 6).
Moura e Silva (2007, p. 31) também citam que são vários os motivos que
levam os estudantes a se afastarem definitivamente de certa área educacional, por
exemplo: “[...] fatores sociais, econômicos, familiares, institucionais e pessoais, os
quais se reforçam mutuamente e resultam na chamada evasão”. Para os autores,
o termo evasão é uma questão complexa, não podendo então ser generalizado de
maneira linear na esfera educacional.
Essa situação também ocorre nos cursos de ensino superior, principalmente
na licenciatura (MOURA; SILVA, 2007). Para tanto, esse círculo de evasão provoca
um abismo social e inibe a formação de cidadãos aptos a participarem de maneira
mais efetiva na sociedade, ocasionando perdas para todos.
As discussões sobre questões educacionais no país tem sido um dos fatores
preponderantes que visam impactar positivamente em mudanças qualitativas na
educação, centrando-se portanto, em cursos de formação de professores. Sabe-se
por outro lado que, num curso como o de Química, dificilmente os licenciados
conseguem concluir sua formação no prazo previsto pela instituição, acabando
também por evadir antes do período (BEHRENS, 1996; DAITX, 2014).
Diante o exposto, há necessidade de entender quais são os reais motivos que
levam os estudantes a abandonarem os estudos, pois “[...] muitas vezes tem
atribuído ao indivíduo a culpa por interromper sua carreira acadêmica. Deixando
imune a instituição e o respectivo sistema educacional de qualquer
responsabilidade sobre essa ocorrência” (MOURA; SILVA, 2007, p. 31).
Para Adachi (2009, p. 35), deve se incluir além das características individuais
do sujeito, “[...] também suas expectativas e atributos motivacionais (como
expectativas de carreira e nível de motivação para o desempenho acadêmico)”.
A precária formação obtida no ensino básico agrava ainda mais a evasão dos
graduandos no primeiro semestre dos cursos de exatas. Logo, o ingresso em curso