ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p.58-79, mai./ago. 2018.
propor hipóteses, promover a argumentação e a interação social, podendo ser
uma boa alternativa para elevarmos a qualidade do processo de ensino-
aprendizagem (CARMO; CARVALHO, 2012).
Há que se ressaltar que o EI abrange diversas etapas. Parte da proposição de
um problema, uma situação especialmente elaborada que possa aguçar a
curiosidade dos alunos, estimulando o raciocínio, para levantar hipóteses, no
sentido de solucionar a questão. Após a devida problematização, deve ser
realizada a inserção de conceitos científicos que auxiliarão na mudança dos
conhecimentos prévios e na produção de novos conhecimentos. Em seguida, é
realizada a sistematização mediada pelo professor, etapa na qual os educandos
reforçarão a construção do conhecimento científico e, para finalizar, a avaliação é
desenvolvida de maneira formativa.
Esclarecemos que uma situação-problema se trata de uma situação bem
elaborada que possa instigar os alunos, fazendo-os pensar e propor soluções para
a mesma. A problematização do conteúdo científico, desde que devidamente
contextualizada, pode contribuir para a reflexão da vida cotidiana, para o
pensamento crítico, é capaz de auxiliar na resolução de problemas sociais e na
construção de conhecimentos universais de forma muito mais consistente do que
a aprendizagem por transmissão ou recepção (AULER; DELIZOICOV, 2001).
De acordo com Azevedo (2004), o problema deve ser apresentado para o
aluno, preferencialmente em forma de pergunta que estimule a curiosidade dele
e o levantamento de hipóteses, manifestadas por meio de discussões, coleta ou
análise de dados. Existem outras possibilidades para problematizarmos
conhecimentos científicos com os alunos, tais como a narração ou leitura de uma
história, uma observação a ser realizada, uma atividade experimental, entre
outras. Dessa forma, entendemos que o EI, como estratégia de ensino-
aprendizagem, pode promover a motivação dos estudantes em um processo de
construção de conhecimento, seja ele cotidiano ou científico.
Ressaltamos, portanto, as potencialidades do EI, buscando um diálogo com os
autores que discorrem sobre essa questão. Segundo Azevedo (2008, p.31), “a
investigação consiste, exatamente, na busca incessante pela solução de um
problema proposto”. Zômpero e Laburú (2012, p.676), por sua vez, argumentam
que “essa abordagem propõe-se um ensino em que o aluno tenha um papel
intelectual bastante ativo na construção de seu conhecimento. O foco dessa
abordagem não fica restrito apenas à aprendizagem dos conteúdos disciplinares”.
Integrando essas características, Lima e Maués (2006) explicitam que o EI
possibilita que os estudantes interajam com o mundo natural, explorando-o e
experimentando-o. Os estudantes não ficam restritos à manipulação mecânica de
objetos, atividades puramente lúdicas ou apenas de comprovação de leis e teorias.
Assim, compreendemos que o EI comporta um enredo construtivista, concordando
com Carvalho et al (1998), ao enfatizarem a importância da autonomia do aluno,
considerando que a atitude tanto do professor quanto a do aluno, no ambiente de
aprendizagem, é que fará com que sejam aumentadas as habilidades da criança
em compreender os temas ensinados e os processos de raciocínio envolvidos.
Ainda, de acordo com os mesmos autores, a mediação realizada pelo professor,
por meio de estímulos que desenvolvam nos alunos a autonomia e a interação
social, ajudará a aprimorar o desenvolvimento das habilidades de raciocínio da