ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 115-130, jan./abr. 2018.
TRAÇANDO UM CAMINHO: O PROJETO HISTORY AND PHILOSOPHY IN SCIENCE
TEACHING (HIPST)
Na tentativa de solucionar alguns dos problemas referentes ao
desenvolvimento e implantação do ensino de Ciências com a abordagem História
e Filosofia da Ciência (HFC), que tem como um dos pontos centrais a NdC, a União
Europeia fundou, em 2008, o projeto de History and Philosophy in Science Teaching
(HIPST), que inclui 10 parceiros de 7 países europeus. O projeto tem como
pressupostos básicos métodos centrados no aluno, como aprendizagem
investigativa, experimentos com réplicas, discussões semiestruturadas e
atividades de dramatização (HÖTTECKE; RIESS, 2009). De acordo com estes
autores, atividades como experimentação, observações e discussões são
estratégias muito promissoras, de acordo com estudos que levaram em
consideração o interesse dos alunos em HFC.
Por outro lado, atividades como ler ou ouvir textos podem facilmente se
tornar experiências passivas, com pouco potencial para atrair a atenção dos alunos
(HÖTTECKE; HENKE; RIESS, 2012). Estes autores defendem atividades centradas no
aluno, de modo a permitir que este se envolva de maneira ativa no processo de
ensino-aprendizagem, discutindo, argumentando e defendendo algum ponto de
vista, propiciando o desenvolvimento de um pensamento criativo, reflexivo e
autônomo. Argumentam que isto pode ser alcançado por meio de atividades que
possibilitem ao estudante um envolvimento maior com a geração e avaliação das
evidências científicas. Também salientam que, ao se usar a HFC, há que se justificar
claramente o uso dessa abordagem para os alunos, sendo que eles devem
entender que
O estudo de conhecimentos do passado compreende aquilo que os cientistas
já tomaram como sendo válido, útil e apropriado, e que, ainda assim, foram
criticados ao longo do tempo. Entretanto, conhecer a Ciência passada e o seu
desenvolvimento histórico pode nos ajudar a compreender o conhecimento
científico atual e as razões para crer que o conhecimento atual é válido, útil e
apropriado. (HÖTTECKE; HENKE; RIESS, 2012, p.1.237, tradução nossa).
O projeto HIPST visa ao desenvolvimento de materiais que auxiliem no ensino
do conteúdo científico, tomando como base a epistemologia, os processos e os
contextos da Ciência. Para tanto, utiliza o desenvolvimento de estudos de caso
históricos para o processo de ensino e aprendizagem. O estudo de caso histórico
se caracteriza por princípios gerais que possibilitem o resgate do contexto em que
se deu algum problema marcante na ciência.
Segundo Höttecke e Riess (2009), o conceito de ensino e aprendizagem com
estudos de caso considera a Ciência de maneira detalhada, a fim de destacar
aspectos gerais da epistemologia, do conteúdo científico e da NdC. Os estudos de
caso podem ser utilizados dentro de uma abordagem narrativa, focando em uma
história juntamente com uma ideia central. Os autores ressaltam que, assim,
possibilitam expandir a visão de alunos e professores para além dos conteúdos e
produtos da Ciência, de modo que possa ser vislumbrado o fazer científico e o
contexto em que são realizados.
Höttecke, Henke e Riess (2012) destacam a importância de se contextualizar
historicamente os experimentos, as teorias, os modelos e as habilidades
específicas do cientista ou de seus ajudantes. Também enfatizam a necessidade de