ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 91-114, jan./abr. 2018.
Como exemplo está a descrição da atividade realizada pelo entrevistado L1,
onde o mesmo relata a experiência desenvolvida em uma escola parceira ao
subprojeto utilizando as histórias em quadrinhos como recuso didático para
trabalhar os conceitos científicos de Química referentes a Soluções. “O primeiro
momento baseou-se na apresentação da proposta didática aos estudantes. Em
seguida se dividiram em grupos de acordo com suas afinidades. Também
distribuímos algumas HQs, como por exemplo, Turma da Mônica, Tio Patinhas, Zé
Carioca, com intuito de apresentar as estruturas (linguagens) dos quadrinhos. Após
a explicação para execução das atividades, iniciaram a pesquisa sobre os conceitos
relacionados ao conteúdo de soluções. A segunda aula ocorreu dentro de sala de
aula, onde os restantes dos alunos iniciaram a fase de elaboração do roteiro para
a criação das Histórias em quadrinhos (HQs) referentes às compressões dos
conteúdos abordados. Para isso foram indicados alguns referenciais, bem como
disposição de livros didáticos para a consulta em sala de aula” (L1).
A descrição da atividade pelo entrevistado corrobora com as ideias de
Carvalho e Gil-Pérez (2011) ao mostra que saber dirigir as atividades, envolve
desde a apresentação adequada das atividades para compreensão global da
atividade, até mesmo a divisão de pequenos grupos para acompanhamento e
observação do processo de desenvolvimento da proposta didática. Ainda na visão
dos autores, tal saber propicia a escolha de um ambiente agradável, organizado e
tranquilo, capaz de favorecer interação em entre aluno e professor para
desenvolvimento do trabalho. Além disso, a indicação de outros referencias
teóricos possibilita momentos para inserir a pesquisa no ensino e transmitir os
interesses dos sujeitos na atividade (CARVALHO; GIL-PÉREZ, 2011).
A elaboração e planejamento de atividades teórico-práticas contribuíram para
os bolsistas perceberem a possibilidade de articular os materiais didáticos, ou seja,
unir os recursos em uma mesma atividade de acordo com os objetivos de ensino.
Na fala dos entrevistados, há várias formas de articulação, como “[...] selecionar
um trecho de um filme e trazer um texto de um jornal para trabalhar sobre CTSA
(...), ou utilizar os poemas e a música para tratar as questões de gênero, da
discriminação racial” (L3).
A articulação proporciona dentre outras questões, o trabalho dentro de uma
perspectiva CTSA, ao levar para as salas de aulas discussões de temáticas sociais
relevantes para Ensino de Ciências. Neste caso, o professor precisa ter o domínio
da matéria a ser ensinada, não se restringindo a simples definição dos conceitos
científicos, mas inter-relações dos conhecimentos científicos com o cotidiano do
aluno, as implicações de questões ambientais e sociais, o desenvolvimento de
novas tecnologias frente os interesses embutidos, o reconhecimento da Ciência
como uma construção humana, dentre outros (CARVALHO; GIL-PÉREZ, 2011).
Outra forma de articulação é citada pelos entrevistados como: “levar um livro
de literatura com divulgação científica e pedir aos alunos de cada grupo uma
leitura da obra, e a partir da interpretação sobre aquela temática pode-se elaborar
uma história em quadrinho relatando as compreensões retiradas do livro” (L1). Ou
até mesmo elaborar uma oficina articulando a poesia, o vídeo, o experimento, a
culinária, a música, etc., sobre uma determinada temática (L1). Um exemplo desta
proposta pode ser vista na fala de L2 ao relatar que: durante a Semana da
Consciência Negra trabalharam com o poema “Lágrima de Preta”, a música “Canto
das Três Raças de Clara Nunes”, o vídeo da série “Women in Chemistry” seguida