ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 205-223, jan./abr. 2018.
Química e Ciências Naturais em geral é considerado científico. Gaspar e Monteiro
(2005) também afirmam que para a atividade demonstrativa experimental
podemos frisar que:
“(…) em sala de aula, particularmente quando relacionada a conteúdos de
Física, apesar de fundamentar-se em conceitos científicos, formais e
abstratos, tem por singularidade própria a ênfase no elemento real, no que é
diretamente observável e, sobretudo, na possibilidade simular no micro-
cosmo formal da sala de aula a realidade informal vivida pela criança no seu
mundo exterior. Grande parte das concepções espontâneas, senão todas, que
a criança adquire resultam das experiências por ela vividas no dia-a-dia, mas
essas experiências só adquirem sentido quando ela as compartilha com
adultos ou parceiros mais capazes, pois são eles que transmitem a essa
criança os significados e explicações atribuídos a essas experiências no
universo sócio-cultural em que vivem” (GASPAR; MONTEIRO, 2005, p. 232).
Com essa afirmação podemos entender que o método de experimentação
demonstrativa deve ser testado pelo professor e perante os alunos, para que esses
tenham ciência de que as suas concepções de mundo devem ser remediadas por
um “adulto”, o que no caso para a sala de aula de ciências deve-se ser entendido
como o professor. Além disso, Gaspar e Monteiro (2005) explicam que a
demonstração experimental acrescenta elementos de realidade e de experiências
pessoais, podendo assim preencher uma lacuna cognitiva característica dos
conceitos científicos.
A experimentação ilustrativa/descritiva é geralmente utilizada nas escolas
após o conteúdo dado da disciplina, tendo como objetivo ilustrar e reforçar o
conhecimento daquele assunto lecionado.
“O problema recai novamente na sistematização e problematização dos
resultados, tendo em vista que, a finalização da atividade experimental em si,
não é concluída com a experiência, mas pode servir de estratégia para que se
reforcem os conceitos previamente estabelecidos.” (Taha et al., 2016, p. 142)
Taha et al. (2016) reforçam que a experimentação ilustrativa não deve ser
apenas de modo a ilustrar um conteúdo, mas deve sim servir como uma estratégia
para que o professor atraia a atenção dos alunos e que esse possa servir de reforço
do conteúdo. “A atividade experimental ilustrativa pode ser significativa, desde
que, empregada de maneira a reforçar a construção do conhecimento, desde que
não tenha sido ilustrada apenas pela demonstração em si” (TAHA et al., 2016, p.
142).
Acreditamos que a atividade ilustrativa/descritiva utilizada de maneira
inadequada possa reforçar as características de um ensino baseado no método
empírico, caracterizado por Popper como “um método indutivo, e cujo critério de
demarcação era o da verificabilidade” (apud MASSONI, 2005, p. 9). Nesse sentido,
o método indutivo parte da observação para comprovação da teoria científica.
Massoni (2005) em sua monografia “Epistemologias do século XX”, apoiada
em importantes epistemólogos do século XX (Popper, Kuhn, Lakatos, Bachelard,
entre outros), traz a concepção de que “o empirismo e o indutivismo estão
superados como modelo de construção do conhecimento científico” (p. 92).
Entretanto, não reduz o papel da observação como critério de comparação aos
métodos experimentais, pois esse “diferencial garante a credibilidade da ciência”
(p. 92).