ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 19-36, jan./abr. 2018.
INTRODUÇÃO
Na área do Ensino de Ciências é comum encontrarmos inúmeras metodologias
auxiliares no processo de ensino e aprendizagem, nas quais muitas vezes são
utilizadas no planejamento de atividades desenvolvidas pelos professores que não
se sentem satisfeitos com a pedagogia tradicional que, segundo Paulo Freire se
caracteriza como educação bancária, ou seja, o professor se torna mero
transmissor das informações, havendo repetição e aplicação de respostas prontas,
assim o aluno apenas recebe e contabiliza as informações.
O modelo tradicional de ensino pode gerar nos alunos um grande desinteresse
em aprender. Também é importante destacar a complexidade de abstração para
compreender os conceitos químicos, de modo que, negar essa dificuldade pode
ser considerado ingenuidade.
Nunes e Adorni (2010) confirmam essa concepção de que no Ensino de
Química é frequente que os alunos não consigam aprender associando o conteúdo
com o dia a dia, dessa forma, eles se desinteressam pelo tema, indicando que o
ensino está sendo realizado de maneira errônea.
Pela facilidade do acesso ao conhecimento de forma rápida, podem ser
encontrados diferentes recursos didáticos e instrumentos que auxiliam o professor
de Química com alternativas para melhorar suas aulas ditas como tradicionais, tais
como: recursos tecnológicos, jogos didáticos, a experimentação, entre outros.
Algumas formas de tentar minimizar tais dificuldades encontradas pelos
docentes podem ser: trabalhar o conteúdo químico ou utilizar materiais que
estejam próximos ao dia a dia do aluno, incentivar a reflexão durante as aulas,
considerar os conhecimentos que cada aluno traz consigo sobre determinados
conceitos, trabalhar em suas aulas de forma sistematizada e clara, apresentando
os objetivos de cada aula e instigando a curiosidade e atenção dos alunos (SANTOS;
SCHNETZLER, 1996).
Uma das alternativas encontradas para trabalhar a Química de forma
contextualizada são as atividades investigativas por meio de abordagens
experimentais, despertando nos alunos interesses que os levem a compreender de
forma adequada os temas trabalhados em sala de aula (GIORDAN, 1999).
Oliveira e Soares (2010) reforçam que a experimentação apresenta várias
contribuições, tais como: motiva e desperta a atenção dos alunos, desenvolve
trabalhos em grupos e incentiva a tomada de decisões, estimula a criatividade,
aprimora as capacidades de observação, registro, análise de dados e proposições
de hipóteses para os fenômenos, aprendem conceitos científicos, detectam e
corrigem erros conceituais dos alunos, compreendem a natureza das Ciências, as
relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade e aprimora habilidades
manipulativas.
Apesar da importância da experimentação como ferramenta facilitadora no
Ensino de Química, ainda assim, a maioria dos professores não a utiliza como
ferramenta pedagógica (MALDANER, 2003). A justificativa para isso recai muitas
vezes na estrutura inadequada dos colégios, ou seja, a falta de reagentes, espaços
que não fornecem a segurança necessária e inviabilizam as atividades práticas,
carência de profissionais responsáveis pelo laboratório, entre outros.