ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 56-74, jan./abr. 2018.
símbolos que são transmitidos no âmbito escolar. No contexto atual da educação
brasileira, o conjunto dos livros didáticos destinados às escolas públicas é
inicialmente selecionado por um programa do governo federal, denominado de
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que, por meio de bancas de docentes
formadas pelo Ministério da Educação (MEC), faz uma primeira análise,
considerando critérios previamente definidos (SANTOS, 2007).
O material didático escolhido pelo PNLD deve atender a um número
preestabelecido de páginas e a uma seleção adequada de conteúdo, com uma
determinada quantidade de texto e atividades. Ainda, durante o processo de
escolha, os docentes nas escolas devem seguir, além dos critérios já citados,
algumas regras estabelecidas pelo MEC, tais como atender ao cronograma do
período de escolha, analisar o Guia do Livro Didático, organizar-se para analisar e
definir as obras, preencher o formulário de escolha, entre outras opções (SANTOS,
2007).
Por outro lado, as diversas pesquisas que são feitas a respeito do livro didático
no ensino revelam a contribuição significativa desse recurso para o processo de
ensino aprendizagem. O que ocorre, porém, é que, para alguns professores, o livro
não somente contribui significativamente para o ensino, mas este é utilizado como
principal recurso pedagógico para a administração do conteúdo, tornando-se o
livro a única fonte do saber nas aulas. Segundo Vasconcellos e Souto (2003), o livro
de Ciências deve oferecer aos estudantes o entendimento do conhecimento
científico e filosófico da sociedade, com isso, deve tornar-se um instrumento capaz
de criar reflexões mais amplas sobre a realidade, o que implica a utilização de
variados outros recursos didáticos em sala de aula.
Com base nessa premissa, esperamos que um livro didático aborde conteúdos
e experimentos necessários para uma condução completa das aulas de Química
nas escolas. Assim, o livro deve permitir que os estudantes realizem experiências
pedagógicas significativas, promovendo reflexões sobre a realidade, estimulando
a capacidade imaginativa e investigativa. Entretanto, toda essa expectativa pode
ser frustrada quando observamos com mais acuidade os livros didáticos de
Química destinados ao ensino médio, pois eles seguem um mesmo padrão:
primeiramente a apresentação de textos para a apresentação do conteúdo, depois
uma lista de exercícios que também obedece a um padrão e, em alguns deles,
atividades experimentais em geral conduzidas por meio de roteiro ou textos
complementares. Nesse contexto, são raros os livros que trazem alguma atividade
diferenciada e que possa desenvolver um pensamento inovador dos estudantes.
1.2 TEXTOS E IMAGENS NO ENSINO DE QUÍMICA
Textos e imagens fazem parte da constituição dos livros didáticos de Química
e uma investigação dirigida para uma análise desse tipo deve considerar os
sentidos e os significados que podem apresentar aos estudantes que fazem uso
desse material.
Para Perales (2006), é fundamental entender o papel desempenhando pela
representação da imagem e texto para o ensino e aprendizagem de conhecimentos
científicos. Esses autores estabeleceram um campo de análise para avaliar a
maneira como as imagens e os textos são empregados nos livros destinados ao
ensino. No Quadro 1 estão elencadas as categorias e as suas descrições.